Páginas

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Que tal parar o cafezinho? Te dou 7 motivos!

Café e trabalho combinam – para muitos, aliás, os dois são inseparáveis. Afinal, a capacidade estimulante da bebida ajuda a começar o expediente e se manter desperto por horas e horas. O empreendedor serial americano Dave Kerpen tinha uma relação ainda mais intensa com o café. Há 13 anos, Kerpen era um bem-sucedido representante comercial da Disney. Tomava, literalmente, litros de café todos os dias. Mais recentemente, já no comando da Likeable Local, empresa de marketing online, o americano bebia café até durante a noite, a fim de conseguir trabalhar de madrugada. No ano passado, Kerpen percebeu, entretanto, que o consumo da bebida estava lhe trazendo mais prejuízos que benefícios. Também se deu conta de que era um viciado e procurou ajuda médica. Hoje, Kerpen “está limpo”. Em artigo no site da revista Inc., ele listou razões para os empreendedores largarem o café.

1. Café deixa ligado. Até demais. A bebida, segundo ele, estimula o fluxo de hormônios causadores de estresse, ansiedade, irritabilidade, insônia e tensão muscular.

2. Você pode ter problemas psicológicos. A cafeína, substância estimulante responsável pelos efeitos do café, pode causar depressão e transtornos de atenção.

3. O efeito pode ser o inverso. Ao ser ingerido em excesso, o café pode causar insônia e fadiga. Perceba o que isso pode trazer: você acorda com sono e toma café. No decorrer do dia, consome o líquido escuro e fumegante por várias vezes. Chega em casa e não consegue descansar. Tem poucas horas de sono. Você acorda com sono e toma café... pode ser que você tenha entrado em um ciclo vicioso e não tenha se dado conta.

4. Cafeína faz mal para o seu corpo. A substância pode causar desidratação, desconforto estomacal, indigestão e azia.

5. Quase uma diabete. A cafeína tem a capacidade de tornar a insulina menos efetiva, o que dificulta a regulação dos níveis de açúcar no sangue.

6. Cafeína libera adrenalina. Outro efeito da substância é estimular o lançamento de adrenalina na corrente sanguínea. De acordo com Kerpen, o hormônio é importante para fugir de um urso, não para responder a um e-mail mais delicado.

7. Há melhores alternativas. O empreendedor, por exemplo, substituiu o café pelo chá verde. Segundo ele, sua nova bebida favorita tem componentes estimulantes, mas menos nocivos que os do café. [Que tal, em lugar de buscar estimulantes, adotar um estilo de vida saudável? Durma as horas necessárias de sono, beba água, faça exercícios físicos, adote uma dieta o mais natural e saudável possível, exponha-se corretamente ao sol, descanse um dia por semana, confie em Deus e mantenha comunhão com Ele. Esses “remédios” não têm contraindicação e “turbinam” a vida naturalmente. – MB]



O cóccix e a suposta cauda vestigial

Em seu livro The Descent of Man, Charles Darwin citou o cóccix como um suposto traço vestigial o qual revelaria nossa descendência dos “ancestrais” que tinham cauda. Ele escreveu: “Em certos casos raros e anômalos, ele [o cóccix] tem sido conhecido por formar um [...] pequeno rudimento externo de uma cauda.”[1: p. 29] Assim nasceu a visão darwinista clássica da “cauda humana”, agora um ícone do pleno desenvolvimento da evolução. Esse mito sustenta que a “cauda” é a regressão de uma forma anterior, uma expressão de genes adormecidos acumulados de nossos antepassados ​​primatas. No século 19, 180 órgãos presentes no corpo humano eram considerados “vestigiais” e destituídos de função pelo simples fato de que sua função não era conhecida. Durante o julgamento de Scopes em 1925, o biólogo evolucionista Horatio Newman reforçou essa declaração de que existiam mais de 180 órgãos vestigiais e estruturas no corpo humano, “suficientes para fazer de um homem um verdadeiro museu ambulante de antiguidades”.[2: p. 268] Em 1971, a Encyclopaedia Britannica reivindicou mais de cem órgãos que teriam restado como vestígio no ser humano e, ainda hoje, em sua versão online, o cóccix é considerado como um deles.[3] Em 1981, Steve Scadding, autor de livros didáticos de biologia, também fez uma alegação semelhante.[4]

A crença no caráter vestigial e não funcional de órgãos e estruturas esteve na base de muitos erros médicos e atrasou substancialmente a investigação a respeito da função desses órgãos no corpo humano. Atualmente, com o progresso das ciências biomédicas, há reservas em se afirmar que existam órgãos sem função. De fato, em 2008, a revista New Scientist relatou que, desde os dias do biólogo Horatio Newman, a lista de órgãos vestigiais “cresceu e então encolheu novamente”, a tal ponto que hoje “os biólogos são extremamente cautelosos em falar de órgãos vestigiais”.[5] Mas, apesar disso, livros didáticos ainda citam alguns órgãos como sendo vestígios da evolução. E o cóccix é o exemplo de órgão vestigial mais frequentemente usado. Em 2006, por exemplo, um dos mais populares livros de biologia atuais, ainda trazia a afirmação de que “muitas espécies de animais têm órgãos vestigiais”, incluindo também o exemplo do cóccix.[6: p. 384]

Mas, para iniciarmos nossa análise sobre o cóccix, devemos conhecer a definição de órgão vestigial. A definição mais comum durante todo o século passado foi a seguinte: “Os seres vivos, incluindo o homem, são museus virtuais de estruturas que não têm nenhuma função útil, mas que representam os restos de órgãos que já tiveram algum uso.”[7: p. 30] A referência de autoridade The Evolution of Life define órgão vestigial como um “que perdeu sua função no curso da evolução, e é geralmente muito reduzido em tamanho”.[8]

Nas últimas décadas, essa definição ainda é comumente usada. Um dos mais populares escritores de livros didáticos de ciências da atualidade definiu “vestigial” como segue: “A evolução não é um processo perfeito. Como mudanças ambientais selecionam contra certas estruturas, outras são retidas, às vezes persistentes, mesmo se elas não são usadas. Uma estrutura que parece não ter qualquer função em uma espécie, mas é homóloga a um órgão funcional em outras espécies, é denominada vestigial.”[9: p. 395] Em 2009, nos Estados Unidos, o Conselho Estadual de Educação do Texas (CEET) adotou um manual sobre conhecimentos e habilidades essenciais dos princípios da evolução darwiniana.[10] Esse material instrucional proposto contêm erros sobre aorigem da vida ou embriologia, faz alegações imprecisas sobre órgãos vestigiais e evidências de ancestralidade comum, e ressuscita reivindicações já desmascaradas como, por exemplo, o cóccix ser um órgão vestigial, deixando de mencionar que esse órgão é reconhecido por ter funções importantes.

Atualmente, já são conhecidas e descritas várias funções do cóccix. O cóccix humano é um grupo de quatro ou cinco pequenas vértebras fundidas em um osso na extremidade mais baixa da coluna vertebral. Com seu diafragma pélvico, ele mantém fixos muitos órgãos em nossa cavidade abdominal, evitando que eles literalmente caiam por entre as pernas. Alguns dos músculos do diafragma pélvico também são importantes para o controle da eliminação dos resíduos do organismo através do reto. O cóccix também serve como importante ponto de apoio para os músculos que sustentam o ânus no lugar.[11] Além de ser o local de inserção de vários músculos, ligamentos e tendões, ele também serve como uma perna do tripé - juntamente com as tuberosidades isquiáticas − que fornece suporte de sustentação de peso para uma pessoa nas posições ereta e sentada.[12] Embora o conhecimento a respeito desse órgão tenha avançado muito nos últimos anos, ainda assim pouco se sabe sobre sua anatomia e funcionalidade.[13]

Para quem acha que o cóccix é inútil, basta cair da escada sobre ele. O que acontece? O indivíduo não consegue se levantar, não consegue se sentar, não consegue se deitar.  Em certo sentido, o cóccix é um dos ossos mais importantes em todo o corpo. De fato, em um embrião de um mês, o cóccix tem a aparência de uma cauda no fim da coluna vertebral, mas isso se deve ao fato de os músculos e os membros não terem se desenvolvido até a completa formação e atividade da medula espinhal. À medida que as pernas se desenvolvem, elas cercam e envolvem o cóccix, e ele acaba adentrando o corpo. 

Há aproximadamente 40 casos (raros) relatados na literatura médica em que crianças nascem com uma suposta “cauda”.[14] Um artigo no Journal of Neurosurgery explica que esse ponto de vista é em si um resquício do pensamento de recapitulação: “Caudas humanas verdadeiras são raramente encontradas na medicina. No momento em que a teoria da evolução de Darwin era uma questão de debate, foram relatados centenas de casos duvidosos. A presença de uma cauda em um ser humano foi considerada por evolucionistas como um exemplo que ‘ontogenia recapitula[ndo] a filogenia’.”[15] Mas esses casos realmente se referem a uma cauda funcional? A resposta é não!

As caudas são divididas em duas categorias: “caudas verdadeiras”, que se estendem desde o cóccix, onde se poderia esperar uma chamada “cauda vestigial”; e “pseudocaudas”, que são frequentemente encontradas em outros locais na região lombar, e parecem ser aberrações óbvias, uma vez que são frequentemente associadas com anomalias. Mesmo as chamadas “caudas verdadeiras” em seres humanos não merecem esse nome. Isso porque mesmo essas chamadas “caudas” não são nada como as encontradas em mamíferos caudais – pela simples razão de que a cauda vestigial humana carece inteiramente de vértebras, ou qualquer tipo de osso, cartilagem, notocorda, ou medula espinhal; sendo única com essa característica.[15] Diversas pesquisas científicas ao longo das últimas décadas confirmam essa observação.[16-20]

As pseudocaudas, por sua vez, também não podem ser consideradas caudas. Isso porque (e as pesquisas confirmam) são estruturas anômalas ou saliências geralmente relacionadas a um tumor adiposo, tecido adiposo ou cartilagem.[18, 20-23] Por isso, o médico pode apenas cortá-las, sem complicações. Não é nada parecido, por exemplo, com a cauda de um gato que tem músculo, ossos e nervos. Em outras palavras, se os seres humanos têm uma cauda óssea, não é uma “cauda verdadeira”, é uma “pseudocauda” por causa de outras anomalias; mas se é uma “cauda verdadeira”, ​​ela não contém osso, cartilagem, notocorda ou medula espinhal. E nenhuma cauda humana contém vértebras.

Outro aspecto diz respeito ao gene Wnt-3a, responsável pelo desenvolvimento de caudas em camundongos e outros vertebrados.[24, 25] Sabe-se que a inibição do gene Wnt-3a induz à apoptose das células da cauda durante o desenvolvimento do embrião. Portanto, os evolucionistas presumem que a perda da cauda em macacos antropoides ao longo da evolução foi simplesmente o caso de uma mutação reguladora que inibiu o gene Wnt-3a. Nesse sentido, para os evolucionistas, o cóccix é uma cauda vestigial que sofreu apoptose numa fase inicial do desenvolvimento embrionário, e isso sugere que há uma semelhança entre os humanos e outros mamíferos, sendo confirmada pela presença do gene Wnt-3a em ratos e em humanos. Para eles, portanto, a homologia entre essas espécies em nível ontogenético (estudo das origens e desenvolvimento) leva à conclusão de ancestralidade comum, da qual se herdariam esses genes.

Porém, a dúvida que permanece é a seguinte: se ambas as espécies foram projetadas a partir de estruturas semelhantes, é mais lógico que permaneçam os órgãos e as estruturas aproveitáveis para outras funções. Afinal, os defensores do design inteligente presumem que o objetivo do Designer seria o de projetar animais capazes de sobreviver. Se o cóccix é parte de uma estrutura que auxilia no desenvolvimento embrionário, e se ele serve, como indicado, para fixar e sustentar o diafragma pélvico, seria sensato presumir que essa estrutura é útil para a nossa sobrevivência. Logo, a mente inteligente teria alterado a cauda e mantido o cóccix, com utilidade própria.

Ademais, os evolucionistas também alegam que alguns indivíduos tiveram seus cóccix removidos cirurgicamente, o que implica que ele é inútil. Não me surpreende que as pessoas possam ter seus cóccix removidos e ainda sobreviver. Só porque você pode viver sem um cóccix não significa que ele não tenha uma função. As pessoas também podem viver com um rim em vez de dois. Podemos perder os cabelos, embora eles tenham uma função. Muitas pessoas ao longo da história humana têm vivido depois de perder muitos, se não a maioria dos dente, mas, certamente, dentes têm uma função. A teoria do designinteligente não exige que o cóccix seja indispensável do ponto de vista médico. Em vez disso, espera-se que o design do cóccix tenha alguma função que contribua para o sistema, de forma integrada. E o cóccix claramente tem múltiplas funções - e, assim, cumpre as previsões do design inteligente.

(Everton Fernandes Alves é enfermeiro e mestre em Ciências da Saúde pela UEM; seu e-book pode ser lido aqui)

Referências:
[1] Darwin CR. The descent of man, and selection in relation to sex. London: John Murray, 1871. Disponível em: http://darwin-online.org.uk/content/frameset?pageseq=42&itemID=F937.1&viewtype=side
[2] Horatio Hackett Newman, citado em: The World’s Most Famous Court Trial: Tennessee Evolution Case, 2 ed. Dayton, TN: Bryan College, 1990.
[3] Encyclopaedia Britannica [online, 2015]. Disponível em:http://global.britannica.com/EBchecked/topic/123507/coccyx
[4] Scadding SR. “Do Vestigial Organs Provide Evidence for Evolution?” Evolutionary Theory 1981; 5:173-176.
[5] Spinney L. “Vestigial organs: Remnants of evolution.” New Scientist, 2656 (May 14, 2008). Disponível em: http://www.newscientist.com/article/mg19826562.100-vestigial-organs-remnants-of-evolution.html
[6] Miller KR, Levine J. Biology: Teachers Edition. Upper Saddle River, NJ: Pearson Prentice Hall, 2006.
[7] Asimov I. Words of Science. NY: Signet Reference Books, 1959.
[8] Gamlin L, Vines G. The Evolution of Life. NY: Oxford University Press, 1987.
[9] Lewis R. Life. 3 ed., NY: WCB/McGraw Hill, 1998.
[10] Texas Essential Knowledge and Skills (TEKS), 2009. Disponível em:http://www.discovery.org/f/7711
[11] Bergman J, Howe G. “Vestigial Organs” are Fully Functional. Terre Haute, IN: Creation Research Society Books, 1990, pp. 32–34.
[12] Lirette LS, Chaiban G, Tolba R, Eissa H. “Coccydynia: An Overview of the Anatomy, Etiology, and Treatment of Coccyx Pain.” Ochsner J. 2014; 14(1):84-87.
[13] Woon JTStringer MD. “Clinical anatomy of the coccyx: A systematic review.” Clin Anat. 2012; 25(2):158-67.
[14] Shad J, Biswas R. “An infant with caudal appendage.” BMJ Case Rep. 2012; 2012: bcr1120115160.
[15] Spiegelmann R, Schinder E, Mintz M, Blakstein A. “The human tail: a benign stigma.” Journal of Neurosurgery 1985; 63:461-462.
[16] Ledley F. “Evolution and Human the Tail.” The New England Journal of Medicine 1982; 306(20):1212-1215.  
[17] Dao AHNetsky MG. “Human Tails and Pseudotails.” Hum Pathol. 1984; 15(5):449-53.
[18] Belzberg AJMyles STTrevenen CL. “The Human Tail and Spinal Dysraphism.” J Pediatr Surg. 1991; 26(10):1243-5.
[19] Chauhan SPGopal NNJain MGupta A. “Human tail with spina bifida.” Br J Neurosurg. 2009; 23(6):634-5.
[20] Puvabanditsin SGarrow EGowda SJoshi-Kale MMehta R. “A Gelatinous Human Tail With Lipomyelocele: Case Report.” J Child Neurol. 2013; 28(1):124-7.
[21] Dubrow TJWackym PALesavoy MA. “Detailing the Human Tail.” Ann Plast Surg. 1988; 20(4):340-4.
[22] Lu FL, Wang PJ, Teng RJ, Tsou Yau KI. “The Human Tail.” Pediatric Neurology 1998; 19(3):230-3.
[23] Park SHHuh JSCho KHShin YSKim SHAhn YHCho KGYoon SH. “Teratoma in Human Tail Lipoma.” Pediatr Neurosurg. 2005; 41(3):158-61.
[24] Greco TLTakada SNewhouse MMMcMahon JAMcMahon APCamper SA. “Analysis of the vestigial tail mutation demonstrates that Wnt-3a gene dosage regulates mouse axial development.” Genes Dev. 1996; 10(3):313-24.
[25] Katoh M. “Molecular cloning and expression of mouse Wnt14, and structural comparison between mouse Wnt14-Wnt3a gene cluster and human WNT14-WNT3A gene cluster.” Int J Mol Med. 2002; 9(3):221-7.

Mamilos masculinos humanos: órgãos vestigiais ou sexuais?

Frequentemente é levantada a questão da suposta inutilidade dos mamilos masculinos como objeção ao conceito de um designer. Nas mulheres, os mamilos funcionam como um dispositivo de entrega do leite para amamentar os bebês. Então, qual é o propósito dos mamilos nos homens? A perspectiva evolutiva diz que eles são “restos” do nosso passado evolutivo; portanto, eles são considerados “órgãos vestigiais” ou “rudimentares”.[1] Isso sugere que eles teriam sido funcionais no passado, mas, à medida que a evolução progrediu, a função deles teria se perdido. Essa questão intrigou o avô de Charles Darwin, Erasmus Darwin, e muitos outros antes e depois. Erasmus especulou que os mamilos masculinos teriam sido uma relíquia de uma época em que os mamíferos eram hermafroditas - sexo masculino e feminino em um indivíduo.[2] O biólogo evolucionista Stephen Gould também afirmou que, em sua experiência com o público, “nenhum item provocou mais confusão do que a própria questão que Erasmus Darwin escolheu como um desafio primário para seu conceito de utilidade invasiva - os mamilos masculinos”.[3: p. 43]

Um exemplo moderno de pressupostos evolucionistas que levaram os mamilos masculinos a ser rotulados como inúteis foi apresentado pelo médico cirurgião Robert Rothenberg: “Quando inspecionamos o Homo sapiens, acusado de ser a mais ilustre realização da natureza, é óbvio que o trabalho poderia ter sido feito muito melhor! Como exemplo, vamos considerar o peito [mamilo] masculino, uma estrutura encontrada em todos os mamíferos. O que a natureza tem em mente para esse apêndice decorativo? Era suposto servir a um propósito real, ou foi um ato lunático cometido durante um momento em que a natureza estava com um humor para brincadeira?” [4: p. 224]

O filósofo e crítico das ciências Jim Holt escreveu em um artigo publicado no jornal New York Times que “algumas esquisitices não funcionais, como a cauda do pavão ou o mamilo masculino humano, podem ser atribuídas a um sentido de capricho por parte do designer”.[5]

Porém, o Dr. Rothenberg e o Sr. Holt se esqueceram de analisar que diferenças sexuais físicas entre homens e mulheres são resultado do desenvolvimento que se deve a influencias cromossômicas e hormonais. Os machos e as fêmeas são fisiologicamente idênticos nas fases iniciais do desenvolvimento embrionário.[6] Os homens têm mamilos porque eles começam a se desenvolver no momento em que é ativado o sinal hormonal masculino para se diferenciar.[7] 

Assim, ambos os projetos têm basicamente a mesma informação genética, e essa informação é expressa de forma tão eficiente quanto possível, ao longo do desenvolvimento do embrião. Essa é a economia de design. O desenvolvimento do mamilo masculino é, portanto, resultado da diferenciação sexual concebida para produzir o dimorfismo sexual (ou seja, contém características de ambos os sexos). Os mamilos são, obviamente, parte funcional do projeto do corpo masculino.

Na verdade, o argumento de que o mamilo masculino é inútil não faz sentido e representa um argumento muito pobre para a evolução. Se a evolução fosse verdadeira, os mamilos masculinos seriam redundantes. Tempo e acaso certamente já os teriam eliminado, uma vez que a evolução sugere a sobrevivência do mais apto para fins de reprodutibilidade. Assim, eles deveriam ter sido selecionados naturalmente contra.

Porém, Pau Carazo, um zoólogo evolucionista da Universidade de Oxford, argumenta que “os homens têm mamilos porque, mesmo que eles não sejam úteis, a evolução não funciona eliminando todas as partes dispensáveis ​​no nosso corpo, mas eliminando apenas as partes dispendiosas do ponto de vista evolutivo. A evolução não tem dado atenção a mamilos masculinos porque eles não apresentaram qualquer perigo para a nossa sobrevivência ou em desvantagem nosso sucesso reprodutivo”.[8]

Michael Le Page, jornalista da revista New Scientist, também oferece sua explicação: “Mamíferos machos claramente não precisam deles [mamilos]: eles os têm porque as fêmeas têm e porque não custa muito para crescer um mamilo. Então, não houve nenhuma pressão para os sexos evoluírem vias de desenvolvimento separadas e ‘desligar’ o crescimento de mamilos no sexo masculino.”[9]
           
Então, se na visão evolucionista os mamilos persistem por falta de seleção contra eles, ao invés de seleção para eles, é curioso e até poderíamos argumentar que a ocorrência de problemas associados com o mamilo masculino, tais como carcinoma, constitui seleção contemporânea contra eles.[10, 11] Mas essa não é a nossa proposta.

Outro ponto de discussão está na presença de glândulas mamárias tanto em homens quanto em mulheres. Ernest Haeckel observou há mais de um século que o desenvolvimento anormal do peito masculino podia levar os homens a produzirem lactato.[12] Mas será que, conforme proposto por Darwin, isso realmente indica um vestígio evolutivo do tempo em que homens podiam amamentar seus filhos?[13] Em relação à lactação, as evidências sugerem que é possível surgir níveis de prolactina em mamíferos do sexo masculino.[14, 15] No entanto, o fato de alguns tecidos mamários masculinos em humanos (não saudáveis) apresentarem essa capacidade simplesmente indica a presença de algum fator interferindo na função do projeto.

A conclusão errônea de que os mamilos masculinos não são utilizados para amamentar e, portanto, são inúteis vai contra as evidências apontadas pela literatura científica. Os mamilos masculinos têm várias funções importantes, mas estão principalmente envolvidos na estimulação sexual.[16, 17] Ambos os mamilos, masculinos e femininos, contêm uma abundância de tecido nervoso e, portanto, são muito sensíveis ao toque.[18-23] Na maioria das vezes, o mamilo masculino é tão sensível quanto o mamilo feminino.[24] Em relação à estrutura nerval, o médico cirurgião Peter Sykes observou que “o mamilo é inervado principalmente pelos ramos cutâneos anterior e lateral do quarto nervo intercostal. Também recebe contribuições dos ramos correspondentes dos terceiro e quinto nervos intercostais”.[18: p. 201] E a presença de grande quantidade de tecido nervoso é um grande indício de que um órgão tem função. Embora existam várias diferenças no complexo mamilo-areolar entre os gêneros, ambos os mamilos, masculinos e femininos, podem ser estimulados pelo toque.[16, 24, 25] 

Uma diferença importante é que as mulheres têm mais e maiores zonas erógenas mamárias, e elas são como um todo mais importantes para a resposta sexual delas.[24] Nos homens, os nervos da área do mamilo masculino estão mais perto em conjunto em comparação com os das mulheres, o que resulta no fato de os estímulos sexuais nos homens serem mais concentrados e discretos. O mamilo masculino também é importante para reconstruir o complexo mamilo-areolar masculino depois de um acidente ou doença.[26-30] De acordo com Stoppard, é apenas nos seres humanos que os seios e os mamilos estão envolvidos na atividade sexual, e não há nenhuma evidência para a evolução dessa resposta importante a partir de primatas inferiores.[24]

Assim, vemos que caracterizá-los como “vestigiais” é problemático, uma vez que eles são totalmente vascularizados e possuem muitas terminações nervosas sensoriais para o seu papel na prestação de estimulação em contato sexual. Então, por que é difícil de aceitar ou entender que os mamilos também são órgãos sexuais de sensibilidade que aumentam a experiência do sexo?

Lembrando que homens e mulheres foram projetados por um mesmo Designer, isso deve nos dar algumas dicas sobre por que algumas características são comuns em ambos os projetos. E uma vez que os mamilos masculinos têm uma função, eles são consistentes com uma explicação de design. De certa forma, é compreensível o fato de os evolucionistas terem aversão ao tecido mamário em homens, visto que eles não conseguem fornecer qualquer tipo de razão para a existência e persistência de mamilos masculinos após supostos milhões de anos no cenário evolutivo. Minha sugestão aos evolucionistas é a seguinte: se conformem com a presença deles, pois eles fazem parte do projeto ideal.

(Texto traduzido e adaptado do original Bergman [2001] por Everton Fernandes Alves, enfermeiro e mestre em Ciências da Saúde pela UEM; seu e-book pode ser lido aqui)

Referências:
[1] Mitchell T. “Why Do Men Have Nipples?” Answers in Genesis, 2011. Disponível em:https://answersingenesis.org/human-body/vestigial-organs/why-do-men-have-nipples/
[2] Lawrence E. “Why do men have nipples?” Nature News, 1999. Disponível em:http://www.nature.com/news/1999/990805/full/news990805-1.html
[3] Capítulo 4: “Male nipples and clitoral ripples.” In: Gould SJ. Adam’s Navel and Other Essays. NewYork: Penguin Books, 2000.
[4] Rothenberg R. The Complete Book of Breast Care. New York: Crown Pub. Inc., 1975.
[5] Holt J. “Unintelligent Design.” [Ago. 2005]. The New York Times magazine, 2005. Disponível em: http://www.nytimes.com/2005/02/20/magazine/unintelligent-design.html
[6] Yulsman T. “Why do men have nipples?” Science Digest 1982; 90(1):104.
[7] Endersby J. Pointless. [Nov. 1995]. “Last Word.” New Scientist 1995; Supplement, p. 49.
[8] Carazo P. “Why do men have nipples?” Mètode News, 2012. Disponível em:http://metode.cat/en/Metode-s-Whys-and-Wherefores/Per-que-els-homes-tenen-mugrons
[9] Le Page M. “Evolution myths: Everything is an adaptation.” [Abr. 2008]. Seção: “Life”,New Scientist, 2008. Disponível em: http://www.newscientist.com/article/dn13615-evolution-myths-everything-is-an-adaptation.html#.VXgBuvlVj2M
[10] Reis LODias FGCastro MAFerreira U“Male breast cancer.” Aging Male. 2011; 14(2):99-109.
[11] Oger ASBoukerrou MCutuli BCampion LRousseau EBussières ERaro PClasse JM. “Male breast cancer: prognostic factors, diagnosis and treatment: a multi-institutional survey of 95 cases.” Gynecol Obstet Fertil. 2015; 43(4):290-6.
[12] Haeckel E. The Evolution of Man. 5 ed., vol. 1, New York: Putnam, 1905, p.269. Disponível em: http://catalog.hathitrust.org/Record/002001069
[13] Darwin CR. The descent of man, and selection in relation to sexVol. 1, 1 ed. London: John Murray, 1871.
[14] Kunz TH, Hosken DJ. “Male lactation: why, why not and is it care?” Trends in Ecology & Evolution 2009; 24(2):80-85.
[15] Anoop TM, Jabbar PK, Pappachan JM. “Lactation associated with a pituitary tumour in a man.” CMAJ. 2010; 182(6): 591.
[16] Masters W, Johnson V. Human Sexual Response. Boston: Little, Brown e Co., 1966.
[17] Sloand E. “Pediatric and adolescent breast health.” Lippincotts Primary Care Practice 1998; 2(2):170–175.
[18] Sykes PA. “The nerve supply of the human nipple.” J. Anat. 1969; 105(Pt 1):201.
[19] Robinson JE, Short RV. “Changes in breast sensitivity at puberty, during the menstrual cycle, and at parturition.” British Medical Journal 1977; 1(6070):1188–1191.
[20] Kapdi CC, Parekh NJ. “The male breast.” Radiology Clinical North America 1983; 21(1):137–148. 
[21] Sarhadi NS, Lee FD. “An anatomical study of the nerve supply of the breast, including the nipple and areola.” British J. Plastic Surgery 1996; 49(3):156–164.
[22] Sarhadi NS, Shaw-Dunn J, Soutar DS. “Nerve supply of the breast with special reference to the nipple and areola: Sir Astley Cooper revisited.” Clinical Anatomy 1997; 10(4):283–288.
[23] Wuringer E, Mader N, Porsch E, Holle J. “Nerve and vessel supplying ligamentous suspension of the mammary gland.” Plastic and Reconstructive Surgery 1998; 101(6):1486–1493.
[24] Stoppard M. The Breast Book: The Essential Guide to Breast Care & Breast Health for Women of All Ages. New York: Dorling Kindersley, 1996.
[25] Zubin J, Money J. Contemporary Sexual Behavior. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1973.
[26] Kincaid SB. “Breast reconstruction: a review.” Annuals of Plastic Surgery 1984; 12(5):431–448.
[27] Aiache AE. “Male chest correction. Pectoral implants and gynecomastia.” Clinical Plastic Surgery 1991; 18(4):823–828.
[28] Vasconez HC, Holley DT. “Use of the tram and latissimus dorsi flaps in autogenous breast reconstruction.” Clinical Plastic Surgery 1995; 22(1):153–166.
[29] DeBono R, Rao GS. “A simple technique for correction of male nipple hypertrophy: the ‘sinusoidal’ nipple reduction.” Plastic Reconstruction Surgery 1997; 100(7):1890–1892.
[30] Liebau J, Machens HG, Berger A. “Gynecomastia of the male nipple.” Annuals of Plastic Surgery 1998; 40(6):678–681.
[31] Bergman J. “Is the human male nipple vestigial?” Journal of Creation 2001; 15(2):38-41.

Fonte: Criacionismo.