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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os 144.000 do Apocalipse

“Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes... porque chegou o Grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?” (RA).

“... porque é vindo o grande Dia da sua ira; e quem poderá subsistir?” (RC).

João, em Ap 6:15-17, relata-nos as cenas acima. A pergunta feita no v.17 é respondida nos primeiros 4 versos do capítulo seguinte, onde aparecem os 144.000!

“Depois disto”, diz o profeta, “vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra... Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar, dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos de nosso Deus. Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel”(Ap 7:1-4, sublinhado nosso). Dentro do contexto do cap. 6 aparecem os 144.000 “servos de nosso Deus”, “que foram selados”, no cap. 7! João, na seqüência, viu: “eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos”, 7:9. Destacando esses dois grupos – os 144.000 “servos de nosso Deus” que “foram selados” e a “grande multidão que ninguém podia enumerar” –, vamos buscar explicações que nos farão compreender quem são os 144.000. A Bíblia comenta muito pouco sobre esse primeiro grupo, pois assim foi o querer do Senhor! Em Ap 14:4,5 lemos a seguinte explicação: “São estes os que não se macularam com mulheres, porque são castos. São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro; e não se achou mentira na sua boca; não têm mácula”! É notória a singularidade desse grupo! O próprio fato de não existir um comentário esclarecedor sobre os 144.000 mostra a qualidade de especial que eles possuem perante Deus... Eles aparentemente são o remanescente vivo (da última época) no “Grande Dia”, ou seja, os únicos filhos da Verdade que estarão de pé quando Jesus retornar!! (Veja Ap 6:12-17 e 7:1-4). Continua aí a especialidade deles! Contudo, é indispensável colocar aqui um relato da mensageira do Senhor, a amiga Ellen: 

“Houve um grande terremoto. As sepulturas se abriram e os que haviam morrido na fé da mensagem do terceiro anjo, guardando o sábado, saíram de seus leitos de pó, glorificados, para ouvir o concerto de paz que Deus deveria fazer com os que tinham guardado a Sua lei.

“O céu abria-se e fechava-se, e estava em comoção. As montanhas tremiam como uma vara ao vento, e lançavam por todos os lados pedras irregulares. O mar fervia como uma panela e lançava pedras sobre a terra. E, falando Deus o dia e a hora da vinda de Jesus, e declarando o concerto eterno com o Seu povo, proferia uma sentença e então silenciava, enquanto as palavras estavam a repercutir pela Terra. O Israel de Deus permanecia com os olhos fixos para cima, ouvindo as palavras enquanto elas vinham da boca de Jeová e ressoavam pela Terra como estrondos do mais forte trovão. Era terrivelmente solene. No fim de cada sentença, os santos aclamavam: "Glória! Aleluia!" Seus rostos iluminavam-se com a glória de Deus, e resplandeciam de glória como fazia o de Moisés quando desceu do Sinai. Os ímpios não podiam olhar para eles por causa da glória. E, quando a interminável bênção foi pronunciada sobre os que haviam honrado a Deus santificando o Seu sábado, houve uma grande aclamação de vitória sobre a besta e sua imagem”. (Primeiros Escritos, pp.285,286, sublinhado nosso)

Ellen viu o cumprimento da profecia de Daniel (veja Dn 12:1,2), onde ele predisse a ressurreição (prévia) de alguns dos que teriam “a vida eterna”, antes mesmo da volta de Cristo! Será o grupo dos 144.000 formado também por filhos de Jesus que haverão de ser ressuscitados nessa ressurreição prévia? Ou apenas o comporão aqueles remanescentes, os quais nunca conheceram a morte? Em 1850, Ellen escreveu uma carta de conforto a uma família que acabara de perder a mãe do lar. Suas palavras nessa mensagem de carinho, maravilhosamente trazem luz para refletirmos em como responder as duas indagações acima! Veja:

“Quase não sei que lhe dizer. A notícia do falecimento de sua esposa foi para mim avassalante. Quase não o pude acreditar, e ainda agora dificilmente acredito. Deus, na noite do sábado passado, deu-me uma visão que escreverei. ...Vi que ela estava selada, e à voz de Deus ressurgiria e se ergueria sobre a terra, e estaria com os 144.000. Vi que não precisamos chorar sobre ela; ela repousaria durante o tempo da angústia, e tudo que pudéssemos lamentar seria nossa perda de ficar privados de sua companhia. Vi que seu falecimento redundaria em bem”!(Mensagens Escolhidas – vol. II, p.263; sublinhado nosso)

Percebendo que os 144.000 são salientados como os “servos de nosso Deus” que “foram selados” (Ap 7:3, 4), e que os santos ressuscitados antes da “primeira ressurreição” (veja Ap 20:6) obrigatoriamente devem “ser” selados, já que são “servos de nosso Deus” vivos no período descrito em Apocalipse 6:12-17 e 7:1-4, sou até tentado a crer que esse grupo pode conter pessoas que já provaram a morte! Todavia, as informações são insuficientes para uma conclusão precisa. Um outro ponto precioso dos 144.000 é que eles são considerados “primícias para Deus e para o Cordeiro”! (Ap 14:4). Entendendo as primícias não como a parte mais importante do todo, mas sim como uma parte escolhida para representar uma verdade, um significado especial, é como se Deus e o Cordeiro desejassem mostrar algo através desse grupo!  Em Deuteronômio 26:1-11 Moisés relata o dever dos israelitas em tomarem as primícias da terra prometida, e levarem-nas perante Deus como reconhecimento por tudo o que Ele fez ao libertar o povo da escravidão egípcia, guiá-lo e mantê-lo durante a peregrinação e, por fim, dar a Seus filhos pecadores a “terra que mana leite e mel”, a terra dos seus sonhos! Os 144.000, escolhidos pelo próprio Deus, podem representar os frutos do imenso plano da salvação. Esses perfeitos filhos do Salvador por si só apresentam um testemunho eterno do amor e da sabedoria divinos, posto que são o resultado final do esforço abnegado de Deus pelo ser humano caído e também anunciam a extensão dos resultados do poder e da graça de Deus e do Cordeiro – eles precedem a “grande multidão que ninguém pode enumerar” dos resgatados, no sentido de que olhando para eles o Universo pode imaginar as imensuráveis conquistas de seu Governador! Assim sendo e pelo próprio contexto figurado em que aparece esse grupo singular, é improvável que o número 144.000 informe a quantidade exata das “primícias”. Também é improvável que os “144.000” pertença a “grande multidão” de Ap 7:9; veja que somente os membros do primeiro grupo puderam “aprender o cântico” e “ninguém” mais o pôde, mais uma de suas peculiaridades e regalias! (Ap 14:3, negrito acrescentado). Portanto devem ser grupos distintos que somam o total dos salvos por Deus em toda a História da humanidade! Ellen observou outras regalias, que o Senhor, em seu desejo de nos apresentar uma verdade, um significado especial, reservou às “primícias”:

“E quando estávamos para entrar no santo templo, Jesus levantou Sua bela voz e disse: ‘Somente os 144.000 entram neste lugar’, e nós exclamamos: ‘Aleluia’! Esse templo era apoiado por sete colunas, todas de ouro transparente, engastadas de pérolas belíssimas. As maravilhosas coisas que ali vi, não as posso descrever. Oh! se me fosse dado falar a língua de Canaã, poderia então contar um pouco das glórias do mundo melhor. Vi lá mesas de pedra, em que estavam gravados com letras de ouro os nomes dos 144.000”! (Primeiros Escritos, p.19, sublinhado acrescentado)

O ano de 2003 nos é cadente e a profecia sobre os “144.000” ainda não se cumpriu. Observando a sua aparição no capítulo 7 de Apocalipse, precedida pela profecia do sexto selo cumprida apenas parcialmente, Ap 6:12,13 e 14-17, podemos concluir como Uriah Smith:

“A cronologia dos acontecimentos apresentados aqui [veja Ap 7:1-3] é estabelecida de um modo inequívoco. O capítulo sexto terminou com os acontecimentos do sexto selo, e o sétimo selo não é mencionado senão no começo do capítulo oitavo. Todo o capítulo sétimo é, pois, introduzido aqui como que entre parênteses. Por que será introduzido aqui neste ponto? – Evidentemente com o propósito de apresentar mais alguns pormenores do sexto selo. A expressão ‘depois disto’[v.1] não significa depois do cumprimento de todos os acontecimentos atrás descritos; mas depois de o profeta ter sido levado em visão até ao fim do sexto selo, para não interromper a ordem consecutiva dos acontecimentos apresentados no capítulo seis, sua mente é levada para o que é mencionado no capítulo sete, constituído por mais pormenores a realizarem-se em relação com esse selo. Mas perguntar-se-á: Entre que acontecimentos naquele selo se realizará esta obra? Deve ocorrer antes de o céu se retirar como um livro que se enrola; porque depois desse acontecimento já não há lugar para semelhante obra. E deve ocorrer logo a seguir aos sinais no sol, na lua e nas estrelas; porque estes sinais já se cumpriram e esta obra ainda não se realizou. Ocorre, portanto, entre os versículos 13 e 14 de Apocalipse 6; ou seja, como já demonstramos, justamente no tempo em que nos encontramos agora. Por isso, a primeira parte de Apocalipse 7 refere-se a uma obra cujo cumprimento pode considerar-se para o tempo presente” (As Profecias do Apocalipse pp. 107 e 108; traduzido da versão inglesa de 1913). [Perguntas & Respostas, v.2, pp.24-26]

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