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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Cronologia da historicidade da doutrina bíblica da Trindade - 3ª parte


 Século 4
Atanásio, jovem secretário do bispo Alexandre e presbítero da igreja de Alexandria, participou do Concílio de Nicéia e, apesar de ter desempenhado papel menor nos debates, o concílio modelou sua vida de tal maneira que ele gastou o resto de sua vida tentando manter o ponto de vista niceano a respeito de Cristo. Atanásio refutou as leituras arianas de Atos 2:36 e Hebreus 3:2, por exemplo, apresentando a ambiguidade do verbo poieo (fazer ou tornar), ignorada por Ário. Provérbio 8:22 representou um interessante desafio para Atanásio – Ário e Orígenes interpretavam esse texto como se referindo literalmente a Cristo! Como Atanásio possuía razões políticas para não aparecer em completo desacordo com Orígenes, ele provavelmente preferiu entender o texto como significando que Cristo submeteu-Se a uma mudança de status quando veio à Terra.   

Uma corrente filosófica popular sustentava que Deus não podia ser afetado por qualquer tipo de paixão ou sentimento, por mudanças e variações, e por experiências como sofrimento e a morte! Pelo fato de ainda não existir uma clara definição da dupla natureza de Jesus Cristo capaz de compreender Sua natureza divina como mantendo os atributos de Deus e ao mesmo tempo Sua natureza humana exibindo os atributos da humanidade, a insistência em que Deus preenchesse as descrições filosóficas da divindade representou um sério desafio à descrição niceana do Pai e do Filho como sendo ambos plenamente Deus! Mesmo Atanásio parecia estar falando de dois Deuses e até mesmo três, quando se adiciona o Espírito Santo, ao passo que a definição filosófica de Deus assevera que Ele é “Um” e indivisível. Jesus simplesmente não correspondia às noções dos filósofos sobre como um Deus real devia ser!

Para os cristãos estudiosos do quarto século que criam na eternidade do Filho, esse conjunto de expectativas não correspondidas levou-os a assumir que o Filho era essencialmente diferente do Pai! “Trindade”, “Três em Um” simplesmente desafiava todas as categorias matemáticas em uso desde Aristóteles. O mesmo era verdade em relação ao termo homoousios (“de uma mesma substância”), escolhido em Nicéia para representar o Pai e o Filho como sendo da mesma natureza. O termo apresentava dois possíveis significados em seu uso filosófico: os crentes poderiam entendê-lo como retratando Pai e Filho tanto como dois indivíduos de um tipo – dois Deuses, ou então como um indivíduo dividido em duas partes – Deus dividido em dois modos (o modalismo de Sabélio). O único raciocínio correto desses pensamentos é que o termo enfatiza o contraste entre Deus e a criatura! Atanásio argumentava em favor da nomenclatura Trindade e homoousios afirmando que todos os seres criados compartilhavam um conjunto de características, ao passo que a Divindade compartilha um conjunto diferente de características. Pai e Filho possuem a mesma natureza porque ambos Se encontram do mesmo lado do abismo (o lado do Criador) existente entre Criador e criatura. Trata-se de uma separação “bíblica”! Eles são dignos de adoração. Anjos e homens, não. Por volta do tempo de sua morte em 373, Atanásio convencera a maioria dos teólogos cristãos de que era necessário utilizar a nova terminologia, em vez de restringirem-se aos termos que apareciam na “Bíblia”. Em virtude das barreiras existentes entre os que falavam e escreviam grego e os que usavam latim, e dos desafios adicionais para os que utilizavam o grego como segundo ou terceiro idioma, passaram-se décadas para que todos entendessem os novos significados desses termos. Alinhamentos ou realinhamentos políticos também desempenharam papel maior na discussão dos termos e seus significados!

Esta pesquisa está em construção. Aguardem por seu desfecho! A primeira parte da Cronologia aqui e a segunda, aqui! A quarta parte já está disponível aqui(Hendrickson Rogers)

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