Quando o adventista do sétimo dia, corredor de longa distância, Abel Kirui cruzou a linha de chegada, caiu de joelhos e inclinou a cabeça, oferecendo uma oração em celebração. O mundo todo testemunhou seu gesto de gratidão quando o queniano de 30 anos ganhou a medalha de prata, na maratona, dos Jogos Olímpicos de Londres, Inglaterra.
Kirui é também assíduo ganhador da Maratona do Campeonato Mundial; ganhador do evento, em 2011, pelo maior tempo já alcançado, dois minutos e 28 segundo. Seu recorde pessoal de duas horas e cinco minutos de maratona o coloca em sexto lugar entre a elite de corredores de longa distância. Nessa modalidade, onde os atletas competem, com frequência, para benefício próprio ou pelo reconhecimento nacional, Kirui diz que encontra motivação para a glória de Deus. “Cada corrida é uma oportunidade. O que digo a Deus é: ‘Onde quer que o Senhor me ponha, vou falar de Ti.’ Assim, toda vez que concluo a corrida, digo: ‘Agradeço a Ti, Deus’”, ele afirma. Criado no Quênia, na zona rural, que ele carinhosamente chama de lar “humilde”, com a presença apenas materna, Kirui diz que aprendeu a depender de Deus na infância. Sua mãe, a quem cita como sua maior influência espiritual, o animou a frequentar a igreja, nos sábados pela manhã. Hoje, ele diz que seu hábito de oração, cedo de manhã, é herança dela. “Lembro-me que nos despertávamos na madrugada para orar a fim de encontrarmos alguém a quem servir”, diz. “Agora, cada manhã me levanto bem cedo para orar e pedir a Deus que me dê forças para correr.”
Quando criança, Kirui diz que sonhava com uma vida além da aldeia local. “Gostava de ver os aviões e lembro-me de ter pensado: um dia vou voar, e logo após pensar que isso seria impossível para mim. Porém, um dia me dei conta que meu passaporte para alcançar o mundo estava começando a se tornar realidade”, ele prossegue. Sua primeira competição não foi longe de casa. Como aluno da escola do ensino fundamental, Kirui ocupou o segundo lugar no pódio, na corrida do campeonato do distrito, cerca de dez quilômetros de sua escola. Posteriormente, já adolescente, lembra-se de admirar os corredores quenianos de longa distância, como Paul Tergat, um maratonista recordista mundial. Atualmente, ele treina para o máximo de mil quilômetros, que conduz à maratona. Não obstante, com frequência ele é acossado pela dor, em especial, diz que ocorre nos últimos cinco quilômetros da maratona.
“Lidar com a dor depende de seu estado mental. A dor não é algo que o possa matar, sempre e quando o corpo estiver saudável. O mesmo ocorre com as questões espirituais”, diz. “Peço a Deus que me dê o poder para vencer.” Até o presente, Kirui diz que sua carreira não entrou em conflito com a observância do sábado, o sétimo dia. Ele participou, em grande medida, das maratonas ocorridas nos domingos. “Frequento a igreja com minha esposa e dois filhos, no dia de repouso, e, na manhã do domingo, saio para treinar”, afirma. “Em todo lugar onde compito, levo minha Bíblia, a lição da Escola Sabatina e dedico tempo para orar em meu alojamento.” Kirui também tem grandes planos para contribuir com a infraestrutura da Igreja Adventista, no Quênia. “Já ajudei no estabelecimento da estrutura da igreja nova. Agora os planos são para a escola da igreja e para um hospital de gestão”, ele diz. Entrementes, Kirui se está ajustando à fama decorrente de participar em eventos de alto perfil, tais como o Campeonato Mundial, a Maratona e os Jogos Olímpicos. “O povo em Nairobi gritará: ‘Este é Abel Kirui, o homem que corre!’” Na primeira vez que alguém o reconheceu, Kirui diz que se surpreendeu. “Eu pensava que ninguém me iria reconhecer.” Agora, Kirui diz que se sente feliz porque o mundo o está observando. “Quero que saibam que o poder de Deus é que me mantém em marcha. O tempo todo, é o poder de Deus.”
Fonte: ASN
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