A capa do jornal Folha de S. Paulo de hoje [domingo 3/1/2016] é um verdadeiro retrato deste mundo sem rumo, sem sentido e que se ilude achando que vai durar muito tempo. É um raio x da realidade que nos cerca, com pessoas se iludindo mergulhadas no puro hedonismo para tentar esquecer a sensação de que o futuro não apresenta esperanças concretas; pessoas que só pensam no aqui e agora porque têm dúvidas sobre o amanhã. Um mundo corrupto, amante dos prazeres, violento, desigual – exatamente como as profecias bíblicas o haviam descrito muito, muito tempo atrás. O nosso mundo que cambaleia para o precipício.
No centro da capa, a manchete sobre os desmandos dos políticos brasileiros anuncia um novo ano com mais do mesmo. Acima e ao lado da manchete, a chamada “Festas badaladas do litoral norte de São Paulo ignoram a crise”, e uma foto grande de uma das tais festas que não apenas ignoram a crise, mas ignoram também a decência e o fato de que há muita gente, neste exato momento, mendigando e sofrendo exatamente por causa da crise que os festeiros ignoram. E essa crise é causada não apenas pela roubalheira dos governantes e pela conjuntura econômica; é causada também pela falta de solidariedade de uma sociedade em que poucos têm muito e muitos têm pouco. Uma sociedade que adora ignorar realidades. Na verdade, o brasileiro – e não apenas os hedonistas norte-paulistanos – ignora muita coisa. Fã de novelas, de festas e dado a levar a vida na brincadeira, ignora o fato de que não adianta xingar políticos enquanto os cidadãos não fazem sua parte para ter uma nação mais honesta, igualitária, de pessoas de bem e íntegras, não de homens e mulheres que só pensam em se dar bem e se gabam quando conseguem “dar um jeitinho”, mesmo que à custa de valores, da ética e da obediência às leis.
Logo abaixo da festa e da manchete, a notícia com foto informa que “Vivência sensorial na floresta e ioga na praia atraem turistas no Rio”. Na verdade, esse tipo de religiosidadelight e pós-moderna atrai muita gente nos tempos de hoje. É uma religião que dispensa compromissos, dispensa a entrega do coração e das vontades, dispensa o arrependimento e o perdão, dispensa a tomada de consciência de que o mundo precisa de cristãos comprometidos – dispensa Deus. Afinal, o ser humano é seu próprio deus. O que ele sente é o mais importante. Se está satisfeito com a sua verdade, ótimo. É melhor fugir para a floresta e abraçar as árvores do que se misturar ao povo e abraçar os pecadores malcheirosos. É melhor tentar esvaziar a mente na meditação transcendental do que encher o coração com as verdades absolutas da Bíblia Sagrada que nos convidam à verdadeira mudança de vida e satisfazem o vazio da alma.
E fechando a capa emblemática, duas pequenas chamadas tristes, no pé da página: “Execução de clérigo xiita pela Arábia Saudita gera tensão” e “Chacina em SP pode estar ligada à morte de policial”. São notícias que insistem em estragar o clima de festa e a ilusão da religiosidade new age chique e perfumada. O mundo verdadeiro fede a sangue e pólvora. O mundo verdadeiro insiste em jogar na nossa cara a realidade nua e crua de que o ser humano não tem jeito sem Deus. Insiste em nos fazer enxergar que este planeta precisa da intervenção do Criador; precisa que Jesus volte logo! E enquanto isso não acontece, não adianta continuar escondendo a sujeira debaixo do tapete. Ela continua lá e em todo lugar, clamando para ser removida, não ignorada.
A foto gigante da festa com moças seminuas no topo da capa bem que tentou esconder as notícias abaixo dela, mas não tem jeito...
Bem-vindo 2016!
Fonte: Michelson Borges.
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