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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A dança na Bíblia - um estudo sem sapateado!


Nenhuma Dança no Serviço de Adoração Se fosse verdade que na Bíblia “a dança é um componente da adoração divina”, então por que não há nenhum indício de dança realizada por homens ou mulheres nos serviços de adoração no Templo, na sinagoga, ou na igreja primitiva? Será que o povo de Deus, em tempos bíblicos, negligenciou um importante “componente da adoração divina?” Negligência não parece ser a razão para a exclusão da dança do culto divino, porque observamos que foram dadas instruções claras com respeito ao ministério da música no templo. O coro levítico só era acompanhado por instrumentos de corda (a harpa e o alaúde). Instrumentos de percussão como tambores e adufes, geralmente usados para executar música dançante, foram claramente proibidos. O que foi verdade no Templo também foi verdade para a sinagoga e mais tarde para a igreja primitiva. Nenhuma dança ou entretenimento musical jamais foi permitido na Casa de Deus. Garen Wolf chega a essa conclusão depois de sua extensa análise em Dance in the Bible [A Dança na Bíblia]: “Primeiro, referências à dança, como parte da adoração no Templo, não podem ser encontradas em lugar algum, tanto no primeiro quanto no segundo Templo. Segundo, das 107 vezes que estas palavras são usadas na Bíblia [palavras hebraicas traduzidas como “dança”], em apenas quatro vezes elas podem ser consideradas como se referindo a dança religiosa. Terceiro, nenhuma destas referências a dança religiosa foi em conjunção com a adoração pública regular e tradicional dos hebreus”. [1] É importante notar que Davi, que é considerado por muitos como o exemplo principal para a dança religiosa na Bíblia, nunca deu instruções aos levitas com respeito a quando e como dançariam no Templo. Se Davi cresse que a dança deveria ser um componente na adoração divina, sem dúvida teria dado instruções relativas a ela aos músicos levitas que designou para se apresentarem no templo. Acima de tudo, Davi foi o fundador do ministério de música no Templo. Vimos que ele deu claras instruções aos 4.000 músicos levitas pertinentes a quando cantarem e que instrumentos usarem para acompanharem seu coral. Sua omissão da dança na adoração divina dificilmente pode ser considerada como um lapso. Ao contrário, ela nos fala da distinção que Davi fez entre a música sacra, executada na Casa de Deus e a música secular tocada fora do Templo para o entretenimento. Uma importante distinção deve ser feita entre música religiosa tocada para o entretenimento social e a música sacra executada para adoração no Templo. Não devemos nos esquecer que toda vida dos israelitas era orientada pela religião. O entretenimento era provido, não por concertos ou apresentações em um teatro ou num circo, mas pela celebração de eventos religiosos ou festivais, freqüentemente através de danças folclóricas, com homens ou mulheres em grupos separados. Nenhuma dança de orientação romântica ou sensual, realizada por casais, jamais ocorreu no antigo Israel. A maior dança anual acontecia, como veremos, juntamente com a Festa dos Tabernáculos, quando os sacerdotes entretinham o povo realizando incríveis danças acrobáticas a noite inteira. Isto significa que aqueles que apelam às referências bíblicas para justificar a dança romântica moderna dentro ou fora da igreja ignoram a vasta diferença entre as duas. A maioria das pessoas que recorrem à Bíblia para justificar a dança romântica moderna não está nem um pouco interessada na dança dos povos mencionados na Bíblia, onde não havia nenhum contato físico entre os homens e as mulheres. Cada grupo de homens, mulheres, e crianças realizavam seu próprio “espetáculo”, que na maioria das vezes era um tipo de marcha com cadência rítmica. Eu vi a “Dança ao Redor da Arca” pelos sacerdotes Cópticos na Etiópia, onde várias tradições judaicas permaneceram, inclusive a observância do Sábado. Não pude entender por que eles chamavam aquilo de “dança”, já que era somente uma procissão dos sacerdotes, que marchavam com uma certa cadência rítmica. Aplicar a noção bíblica de dança à dança moderna, é enganoso, para se dizer o mínimo, porque há uma enorme diferença entre as duas. Este ponto ficará mais claro quando examinarmos as referências à dança.

As Referências à Dança Contrariamente às suposições anteriores, apenas quatro das vinte e oito referencias a dança se referem sem discussão à dança religiosa, mas nenhuma destas tem a ver com a adoração pública realizada na Casa de Deus. Para evitar sobrecarregar o leitor com a análise técnica do uso extenso de seis palavras hebraicas traduzidas como “dança”, apresentarei apenas uma breve alusão a cada uma delas. A palavra hebraica “chagag” é traduzida uma vez como “dança” em I Samuel 30:16 no contexto de “comendo, bebendo e dançando”, pelos Amalequitas. É evidente que isto não é dança religiosa. A palavra hebraica “chuwl” é traduzida duas vezes como “dança” em Juízes 21:21,23, com referencia às filhas de Siló, que saíram a dançar nas vinhas e foram tomadas de surpresa como esposas pelos homens de Benjamim. Novamente, não há dúvida que neste contexto esta palavra se refere à dança secular, executada por mulheres acima de qualquer suspeita. A palavra hebraica “karar” é traduzida duas vezes como “dança” em II Samuel 6:14 e 16 onde está declarado “E Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor;... Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo ao rei Davi saltando e dançando diante do Senhor...”. Abaixo é dito mais acerca do significado da dança de Davi. Neste contexto é suficiente notar que “estes versos se referem a um tipo de dança religiosa fora do contexto da adoração no Templo. A palavra “karar” é usada nas escrituras apenas nestes dois versos, e nunca é usada em conjunção com a adoração no Templo”. [2] A palavra hebraica “machowal” é traduzida seis vezes como “dança”. Salmos 30:11 usa o termo poeticamente: “Tornaste o meu pranto em regozijo [danças]”. Jeremias 31:4 fala das “virgens de Israel” as quais “sairão nas danças dos que se alegram”. O mesmo pensamento é expresso no verso 13. Em ambas as ocasiões as referências são a danças folclóricas sociais, executadas pelas mulheres.

“Louvai-O com Danças” Em dois exemplos importantes, machowal é traduzido como “dança” (Salmos 149:3 e 150:4). Eles são os mais importantes porque na visão de muitas pessoas eles provêem o apoio bíblico necessário para se dançar como parte na adoração da igreja. Uma olhada de perto nestes textos demonstra que esta suposição popular está baseada em uma leitura superficial e numa interpretação incorreta dos textos. Lingüisticamente, o termo “dança” nestes dois versos é contestado. Alguns estudiosos acreditam que machowl deriva de chuwl que significa “fazer uma abertura” [3] – uma possível alusão a um instrumento de “tubo”, como um órgão. Na realidade esta é a versão de rodapé dada pela KJV. O Salmo 149:3 declara: “Louvem-lhe o nome com danças” [ou “com órgão”, no rodapé da KJV]. Em Salmos 150:4 lemos: “Louvai-O com adufes e com danças” [ou “órgão”, rodapé da KJV]. Pelo contexto, machowl parece ser uma referência a um instrumento musical; em ambos os textos, Salmos 149:3 e 150:4, o termo ocorre no contexto de uma lista de instrumentos a serem usados no louvor ao Senhor. No Salmo 150 a lista possui oito instrumentos: trompete, saltério, harpa, adufes, instrumentos de corda, órgãos, címbalos sonoros, címbalos retumbantes (KJV). Como o salmista está listando todos os instrumentos a serem usados no louvor do Senhor, é plausível assumir que machowal é também um instrumento musical, seja qual for a sua natureza. Outra consideração importante é a linguagem figurativa desses dois salmos, a qual, dificilmente dá margem a uma interpretação literal de dança na Casa de Deus. O Salmo 149:5 encoraja o povo a louvarem o Senhor nos “leitos”. No verso 6, o louvor é feito com “espadas de dois gumes” nas mãos. Nos versos 7 e 8, o Senhor é louvado por castigar os povos, pôr os reis em cadeias, e os seus nobres em grilhões de ferro. É evidente que a linguagem é figurativa porque é difícil acreditar que Deus esperaria que as pessoas O louvassem estando em pé ou saltando sobre as camas ou enquanto brandem uma espada de dois gumes. O mesmo se aplica ao Salmo 150, que fala em louvar a Deus, de modo altamente figurativo. O salmista chama o povo de Deus para louvar o Senhor “pelos seus poderosos feitos” (verso 2) em todo lugar possível e com todo instrumento musical disponível. Noutras palavras, o salmo menciona o lugar onde louvar o Senhor, particularmente, “no Seu santuário” e “no firmamento do Seu poder”; a razão citada para louvar o Senhor, é por “Seus atos poderosos... conforme a excelência da sua grandeza”. (verso 2); e os instrumentos a serem usados citados para louvar ao Senhor são os oito listados acima. Este salmo só faz sentido se considerarmos a linguagem como sendo altamente figurativa. Por exemplo, não há nenhuma possibilidade do povo de Deus poder louvar o Senhor “no firmamento do Seu poder”, porque eles vivem na terra e não no céu. O propósito do salmo não é especificar o local e os instrumentos a serem usados na música de louvor na igreja. Nem se pretende dar permissão para dançar para o Senhor na igreja. Antes, seu propósito é convidar todo aquele que respira ou emite sons para louvar ao Senhor em todos os lugares. Interpretar o salmo como sendo uma permissão para dançar, ou tocar tambores na igreja, é interpretar de forma incorreta a intenção do Salmo e contradizer as regras que o próprio Davi deu com respeito ao uso de instrumentos na Casa de Deus.

Dança de Celebração A palavra hebraica mechowlah é traduzida como “dança” sete vezes. Em cinco das sete ocorrências a dança é feita por mulheres na celebração de uma vitória militar (I Samuel 18:6; 21:11; 29:5; Juízes 11:34; Êxodo 15:20). Miriam e as mulheres dançaram para celebrar a vitória sobre o exército egípcio (Êxodo 15:20). A filha de Jefté dançou para celebrar a vitória de seu pai sobre os amonitas (Juízes 11:34). Mulheres dançaram para celebrar a matança dos Filisteus por Davi (I Samuel 18:6; 21:11; 29:5). Nas duas ocorrências restantes, mechowlah é usada para descrever a dança dos Israelitas, nus, ao redor do bezerro de ouro (Êxodo 32:19) e a dança das filhas de Siló nas vinhas (Juízes 21:21). Em nenhum destes exemplos a dança é parte de um serviço de adoração. A dança de Miriam pode ser vista como religiosa, mas da mesma forma que as danças executadas em relação às festividades anuais. Porém, estas danças não eram vistas como um componente de um serviço divino. Elas eram celebrações sociais de eventos religiosos. A mesma coisa acontece hoje em países católicos onde as pessoas celebram anualmente dias santos organizando carnavais. A palavra hebraica raquad é traduzida quatro vezes como “dança” (I Crônicas 15:29; Jó 21:11; Isaías 13:21; Eclesiastes 3:4 [NVI]). Uma vez se refere a “seus filhos põe-se a dançar” (Jó 21:11). Outro é o “sátiro que dança” (Isaías 13:21) que pode ser uma cabra ou uma figura de linguagem. Um terceiro exemplo é uma referência poética ao “tempo de dançar” (Eclesiastes 3:4), mencionada como contraste ao “tempo para chorar”. Uma quarta referência é o exemplo clássico do “rei Davi dançando e folgando” (I Crônicas 15:29). Em vista do significado religioso relacionado à dança de Davi, uma consideração especial será feita em breve.

Dança no Novo Testamento Duas palavras gregas são traduzidas como “dança” no Novo Testamento. A primeira é orcheomai, traduzida quatro vezes como “dançar”, referindo-se a dança da filha de Herodias (Mateus 14:6; Marcos 6:22) e a dança dos meninos (Mateus 11:17; Lucas 7:32). A palavra orcheomai significa dançar em movimentos graduais ou regulares e nunca é usada para se referir à dança religiosa na Bíblia. A segunda palavra grega traduzida como “dança” é choros. Ela é usada apenas uma vez em Lucas 15:25, referindo-se ao retorno do filho pródigo. Nos é dito que quando o filho mais velho chegou perto da casa “ouviu a música e as danças”. A tradução “danças” é contestada porque a palavra grega choros ocorre apenas uma vez nesta passagem e é usada na literatura extra-bíblica significando “coral” ou “grupo de cantores”. [4] De qualquer forma, esta era uma reunião familiar de natureza secular e não se referia à dança religiosa. A conclusão a que chegamos pela pesquisa anterior das vinte e oito referências à dança é que a dança na Bíblia era essencialmente uma celebração social de eventos especiais, como uma vitória militar, um festival religioso, ou uma reunião familiar. Dança era realizada principalmente por mulheres e crianças. As danças mencionadas na Bíblia eram ou processionais, em circulo, ou que levavam ao êxtase. Nenhuma referência bíblica indica que os homens e as mulheres dançavam juntos de modo romântico e em pares. Como observa H. Wolf, “Embora o modo de dançar não seja conhecido em detalhes, está claro que os homens e mulheres geralmente não dançavam juntos, e não existe nenhuma real evidência de que eles alguma vez o tivessem feito”. [5] Além disso, ao contrário de suposições populares, a dança na Bíblia nunca foi executada como parte da adoração divina no Templo, na sinagoga, ou na igreja primitiva.

A Dança na Adoração Pagã A maioria das indicações de dança religiosa na Bíblia tem a ver com a apostasia do povo de Deus. Há a dança dos Israelitas no pé do Monte Sinai ao redor do bezerro de ouro (Êxodo 32:19). Existe uma alusão à dança dos israelitas em Sitim quando “começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas”. (Números 25:1). A estratégia usada pelas mulheres moabitas foi convidar os homens israelitas “para o os sacrifícios dos seus deuses” (Números 25:2), o qual, normalmente, requeria dança. Aparentemente a estratégia foi sugerida pelo profeta apóstata, Balaão, para Balaque, rei de Moabe. Ellen White nos oferece este comentário: “Por sugestão de Balaão, foi pelo rei de Moabe designada uma grande festa em honra a seus deuses, e arranjou-se secretamente que Balaão induzisse os israelitas a assistirem à mesma.... Iludidos pela música e dança, e seduzidos pela beleza das vestais gentílicas, romperam sua fidelidade para com Jeová. Unindo-se-lhes nos folguedos e festins, a condescendência com o vinho enuviou-lhes os sentidos e derribou as barreiras do domínio próprio”. [6] Houve os gritos e danças dos profetas de Baal no Monte Carmelo (I Reis 18:26). A adoração a Baal e outros ídolos acontecia geralmente nos montes, com danças. Assim, o Senhor apela a Israel através do profeta Jeremias: “Voltai, ó filhos infiéis, eu curarei a vossa infidelidade . . . Certamente em vão se confia nos outeiros e nas orgias nas montanhas” (Jeremias 3:22-23).

Davi Dançou Diante do Senhor A história de Davi dançando “com todas as suas forças diante do Senhor” (II Samuel 6:14), enquanto conduzia o séqüito que trazia a arca de volta para Jerusalém, é vista por muitos como a sanção bíblica mais convincente para a dança religiosa no contexto do culto divino. No capítulo “Dançando ao Senhor”, do livro Shall We Dance?, Timothy Gillespie, líder de jovens adventistas do sétimo dia, escreve: “Podemos dançar perante o Senhor como Davi, refletindo uma erupção de excitamento para a glória de Deus; ou podemos voltar esse excitamento ao nosso interior, refletindo sobre nós e nossos desejos egoístas”. [6] A implicação desta declaração parece ser que se nós não dançarmos ao Senhor como Davi, reprimiremos nossa excitação e revelaremos nosso egocentrismo. Isto é o que a história da dança de Davi nos ensina? Olhemos este assunto mais de perto. A dança de Davi diante da arca possui sérios problemas, para se dizer o mínimo. Em primeiro lugar, Davi estava “cingido dum éfode de linho” (II Samuel 6:14) como um sacerdote e “trouxe holocaustos e ofertas pacíficas perante o Senhor”. (II Samuel 6:17). Note que o éfode era uma estola de linho, sem mangas, para ser usado exclusivamente pelos sacerdotes como um símbolo do seu ofício sagrado (I Samuel 2:28). Por que Davi escolheu trocar seu manto real pelos trajes de um sacerdote? Ellen White sugere que Davi mostrou um espírito de humildade por colocar seu manto real de lado e “se vestindo com um éfode de linho”. [7] Esta é uma explicação plausível. O problema é que em lugar algum a Bíblia sugere que o éfode pudesse ser usado, legitimamente, por alguém que não fosse sacerdote. O mesmo é verdade quanto aos sacrifícios. Só os sacerdotes levitas tinham sido consagrados para oferecerem sacrifícios (Números 1:50). O rei Saul foi reprovado severamente por Samuel por oferecer sacrifícios: “Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor, teu Deus, te ordenou” (I Samuel 13:13). Oferecendo sacrifícios vestido como um sacerdote, Davi estava assumindo um papel sacerdotal além do seu status real. Tal atitude não pode ser defendida facilmente na Bíblia.

O Comportamento de Davi Mais problemática foi a maneira como Davi dançou. Ellen White diz que Davi dançou “com júbilo perante Deus”. [8] Sem dúvida isto deve ter sido verdade durante parte do tempo. Mas parece que durante a dança, Davi deve ter se exaltado tanto que perdeu o manto que o encobria, pois Mical, sua esposa, reprovou-o, dizendo: “Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos olhos das servas de seus servos, como, sem pejo, se descobre um vadio qualquer!” (II Samuel 6:20). Davi não contestou tal acusação nem se desculpou pelo que fez. Ao invés disso, argumentou dizendo que fez isso “perante o Senhor” (II Samuel 6:21), e que ele estava preparado para agir de forma “ainda mais desprezível” (II Samuel 6:22). Tal resposta dificilmente revela um aspecto positivo do caráter de Davi. Talvez a razão dele não estar preocupado por ter se despido durante a dança, é que este tipo de exibicionismo não era incomum. Nos é dito que Saul também atuou em uma dança extática: “E, despindo as suas vestes, ele também profetizou diante de Samuel; e esteve nu por terra todo aquele dia e toda aquela noite”. (I Samuel 19:24; cf. 10:5-7, 10-11). É fato conhecido que no período das festas anuais, danças especiais eram organizadas por sacerdotes e nobres que executavam acrobacias para divertirem ao povo. Porém, não há nenhuma menção de que os sacerdotes se despissem. A dança mais famosa era executada no último dia da Festa dos Tabernáculos, e era conhecida como a “Dança das Águas”. No Talmude há uma descrição colorida desta Dança das Águas que era apresentada no ambiente do Templo conhecido como átrio das mulheres: “Homens piedosos e homens de negócios dançavam com tochas em suas mãos, enquanto cantavam canções de alegria e de louvor, e os levitas tocavam música com lira, harpa, címbalos, trompetes e outros incontáveis instrumentos. Durante esta celebração, diz-se que o rabino Simeão ben Gamaliel fazia malabarismos com oito tochas, e depois dava uma cambalhota”. [9] Danças feitas por homens ou por mulheres nos tempos bíblicos, dentro do contexto de um evento religioso, era uma forma de entretenimento social, em vez de ser parte do serviço de adoração. Elas poderiam ser comparadas às celebrações anuais de carnavais que acontecem hoje em muitos países católicos. Por exemplo, nos três dias que antecedem a Quaresma, em países como o Brasil, o povo organiza festas carnavalescas extravagantes, com inúmeros tipos de danças coloridas e, às vezes selvagem, semelhante ao Mardi Gras em New Orleans. Nenhum católico consideraria tal dança como parte dos cultos de adoração. O mesmo é verdade para os vários tipos de danças mencionados na Bíblia. Elas eram eventos sociais com conotações religiosas. Homens e mulheres dançavam, não de modo romântico, em pares, mas danças processionais ou em círculos. Por causa da orientação religiosa da sociedade judaica tais danças folclóricas eram, freqüentemente, caracterizadas como danças religiosas. Mas não há indicação na Bíblia de que qualquer forma de dança jamais estivesse associada ao serviço de adoração na Casa de Deus.

[1] Garen L. Wolf, Music of the Bible in Christian Perspective (Salem, Oh, 1996), p. 153.

[2] Ibid., p. 148.

[3] Veja, por exemplo, Adam Clarke, Clarke’s Commentary (Nashville, n. d.). vol.3, p. 688.

[4] “Choros,” A Greek-English Lexicon of the New Testament, ed. William F. Arndt and Wilbur Gingrich (Chicago,IL, 1979), p. 883.

[5] H. M. Wolf, “Dancing,” The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, ed. Merrill C. Tenney (Grand Rapids, 1976), vol. 2, p. 12.

[6] Ellen G. White, The Story of Patriarchs and Prophets (Mountain View, Ca, 1958). p. 454. 

[7] Timothy Gillespie, “Dancing to the Lord,” em Shall We Dance? Rediscovering Christ-Centered Standards, Ed. Steve Case (Riverside, Ca, 1992), p. 94.

[8] Ellen G. White (nota 10), p. 707.

[9] Ibid.

Fonte: Parte do contra-argumento do Dr. Samuele Bacchiocchi ao livro Shall We Dance? Rediscovering Christ-Centered Standards [Dançaremos? Redescobrindo Normas centralizadas em Cristo] escrito por um líder JA norte-americano; mas um livro não-oficial da IASD. Edição do artigo por Hendrickson Rogers.

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