Criacionistas da Terra jovem tratam Gênesis 1 como um franco relato histórico que mostra como Deus fez o mundo em seis dias literais, consecutivos e contíguos. A teoria científica atual apresenta dificuldades para essa visão. Como resultado, alguns cristãos tentam resolver essa dissonância.
Uma alternativa nega a inspiração das Escrituras, relegando histórias, tais como Gênesis 1, ao status de relíquias do passado pré-científico da humanidade. Embora admitam que o autor de Gênesis pretendesse ensinar uma semana da criação literal, em sete dias, eles afirmam que o autor estava cientificamente equivocado. Outros tentam afirmar tanto a inspiração das Escrituras quanto a autoridade da teoria científica atual. Uma tática frequente é afirmar que Gênesis 1 é um tipo de gênero literário diferente da narrativa histórica, permitindo a compreensão dos dias da criação como não literais e em harmonia com cronologias longas. No entanto, ao olhar para o próprio texto, encontramos desafios a tais afirmações.
Primeiro, quando a palavra hebraica para dia (yom) aparece no Antigo Testamento com um número ordinal (primeiro, segundo, etc.), a combinação sempre representa um dia literal. Além disso, a presença das palavras tarde e manhã em Gênesis 1, torna difícil fugir do óbvio: o autor claramente pretendia que entendêssemos o relato basicamente como uma história cronológica com dias reais.
Segundo, há uma construção hebraica chamada de “vav consecutivo”, que é uma característica da narrativa histórica hebraica (vav é uma conjunção que geralmente equivale a “e” ou “mas” em inglês. O “vav consecutivo” é usado em uma história que relata uma sequência de eventos consecutivos em narrativas históricas).
Todas as histórias clássicas em Gênesis, incluindo o dilúvio e o sacrifício de Isaque, estão generosamente pontilhadas com “vav consecutivos”. Por outro lado, “vav consecutivos” são raramente usados em gêneros poéticos, como Salmos e literatura sapiencial. Visto que Gênesis 1 emprega mais de quarenta “vav consecutivos”, temos forte evidência de que o autor sentia que estava escrevendo uma narrativa histórica. Mas por que isso poderia ser importante?
Reinterpretações de Gênesis 1 tentam tornar a história da criação mais agradável para a mente moderna, em detrimento da leitura óbvia do texto, levantando questões sobre a autoridade bíblica. Sendo assim, há alguma semelhança com as tentativas de reinterpretar o claro significado do sábado, especialmente o aspecto do sétimo dia, a fim de tornar um dos mandamentos de Deus mais aceitável a uma sociedade orientada para o domingo. Os defensores da ideia de que o relato bíblico é “literal-mas-errado” imitam o método do catolicismo medieval, que admitiu que a Bíblia ensina o sábado do sétimo dia, mas alegou que havia uma autoridade maior do que a Escritura, permitindo a mudança de interpretação. E outros cristãos, tentando afirmar a autoridade bíblica e ao mesmo tempo a dimensão do sétimo dia do sábado, introduzem diversas reinterpretações textuais semelhantes às atuais tentativas de reinterpretar Gênesis 1. Os que tentam afirmar a autoridade do texto enquanto tentam prover uma reinterpretação mais agradável podem ter mais dificuldade em reconhecer o sentido claro do texto do que os que abertamente negam a inspiração e autoridade da Bíblia.
O conhecimento científico está sempre sujeito à correção e, portanto, nunca é fixo e absoluto. Por outro lado, cremos que Deus e, consequentemente, Sua Palavra, são eternamente verdadeiros e imutáveis. Considere a ironia nesta questão: por que alguns cristãos invertem os conceitos, tratando o conhecimento científico flexível como verdade fixa e absoluta, enquanto tratam as Escrituras como relativa e passível de revisão? Embora esse tipo de tratamento pareça um ataque à autoridade das Escrituras, o que a resposta a essa questão revela sobre o que está realmente sob ataque?
Fonte: Biologia Teísta.
Fonte: Biologia Teísta.
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