O
que aconteceu com os dinossauros? Por
muitos anos essa tem sido uma pergunta intrigante e muitas sugestões foram
dadas para respondê-la. A mais popular dessas é a sugestão de que a queda de um
asteróide não somente matou todos os dinossauros e muitas outras formas de
vida, como também encerrou o período geológico denominado Cretáceo e a era
Mesozóica. Mas essa não é a única resposta possível e também não está tão fortemente estabelecida
como alguns de seus defensores gostariam de crer. Outras sugestões propostas na literatura
científica incluem um aquecimento da Terra que matou todos os dinossauros, ou
que os dinossauros morreram devido a um resfriamento da Terra, ou a Terra ficou
muito seca, ou muito úmida e os dinossauros se extinguiram, ou o alimento
disponível escasseou e os dinossauros morreram de fome, ou o alimento ficou
abundante demais e os dinossauros
sufocaram, ou novos alimentos venenosos surgiram e os dinossauros
morreram ao comê-los. Um cientista chegou a propor que os dinossauros morreram
de constipação! A proliferação de teorias garantiu que haveria muitos cartoons
sugerindo outras possibilidades. Vulcões foram considerados como um fator
causativo, assim como outros eventos tectônicos. A explicação que eu mais gosto é essa: os
dinossauros foram destruídos por uma inundação global. Falaremos mais sobre
isso depois.
Nosso
projeto, iniciado em 1996, tem sido um esforço cooperativo envolvendo o Earth
History Research Center (Centro de Pesquisa da História da Terra), o Hanson
Research Center (Centro de Pesquisa Hanson) e a Southwestern Adventist
University (Universidade Adventista do Sudoeste). Todos os anos passamos o mês
de junho em Wyoming escavando fósseis e tentando entender o seu contexto
geológico. Nos outros meses do ano, os fósseis, transportados para a
Southwestern Adventist University, são preparados, limpados e catalogados na
coleção do Hanson Ranch.
Nossa
localização é no canto nordeste do estado de Wyoming, no condado menos
povoado do estado menos povoado dos
Estados Unidos. Nossa estação de campo
é uma construção notável abrigando nosso laboratório de pesquisa, uma cozinha,
sala de jantar e sala de aula, além de banheiros modernos e nossa rede de computadores.
Cada participante leva seu quarto de dormir privativo (barraca). Durante o
verão temos até 116 participantes. Num dado momento temos 30 ou mais pessoas trabalhando
e vivendo no acampamento.
Os
locais de escavação ficam a cerca de 1,5 km do acampamento. É uma caminhada
agradável do acampamento até os pontos de escavação e a maioria dos participantes
prefere andar até seu sítio. A razão da localização dos pontos de escavação
se torna evidente quando analisamos um mapa da localização dos ossos na superfície.
Os locais de escavação estão no meio de uma gigantesca bone-bed, uma das
maiores do mundo.
Os
dinossauros encontrados são na maioria Edmontosaurus, o dinossauro com bico
de pato. Outros dinossauros representados são os carnívoros Nanotyrannus e Dromaeosaurus, os comedores de plantas Nodosaurus
e Pachycephalosaurus, o dinossauro semelhante a avestruz Struthiomimus e
outras espécies como Thescelosaurus,
Triceratops, Troodon e Tyrannosaurus rex.
O
trabalho que estamos fazendo é de tafonomia. A tafonomia é o estudo de tudo o
que acontece desde o momento em que o
organismo está vivo até quando ele é escavado.
A tafonomia inclui estudar a causa da morte, a história post-mortem e todas as
mudanças ocorridas após o soterramento.
O
sítio nos foi disponibilizado no fim da década de 1990, quando o cientista secular
que tinha iniciado o trabalho no local se dirigiu ao proprietário da fazenda
com um
pedido de leasing por 99 anos
da área onde se encontravam os ossos.
O proprietário
da fazenda estava disposto a conceder o leasing, mas por ser um
criacionista
ele não estava à vontade com a idéia de o cientista usar os fósseis encontrados
em sua fazenda para promover a evolução. Assim, ele disse que aprovaria a
proposta se o cientista estivesse disposto a apresentar a criação como uma alternativa
à evolução. O cientista secular disse
que ele não faria isso e deixou a fazenda
desgostoso, gritando “Esse é o último dia em que foi feita pesquisa científica no
Hanson Ranch!”
Com esse
desafio soando em nossos ouvidos, abordamos o projeto com a intenção
de fazer uma pesquisa excepcional sob a liderança de Deus. Descobrimos a existência
de uma nova tecnologia que incorporamos em nossas técnicas de campo e que
revolucionou o método de mapeamento de campo em paleontologia. Ela envolve o uso
de GPS
(Global Positioning Satellites) de alta resolução para mapear nossos ossos.
O sistema consiste em uma base GPS que fica permanentemente fixa em um local
conhecido, com precisão de poucos
milímetros. Esse instrumento recebe sinais de
uma constelação de satélites e determina sua localização. Até aqui isso não é
muito diferente
do GPS
no seu telefone celular ou do seu
carro. O que acontece a seguir justifica
o custo de 50 mil dólares do sistema. O
computador do GPS compara a posição
dos satélites com sua própria localização conhecida e calcula um fator de correção. Assim, se os satélites indicam uma posição
dois metros ao norte, a base corrige isso
para a posição verdadeira e então transmite a correção pelo rádio. Na outra
ponta está a unidade portátil. A unidade
móvel recebe sinais da mesma constelação de satélites no mesmo momento que a
base e calcula sua posição. A unidade
móvel então recebe a correção da base
pelo rádio e corrige seu valor pelos dados
da base. Usando esse método podemos rotineiramente obter precisão média de alguns
milímetros, que é o suficiente para mapear ossos.
Quando
encontramos um osso, trazemos a unidade
móvel e registramos um conjunto
de pontos sobre o osso. Tiramos também uma foto digital do osso in situ. Mais tarde,
usando o computador, podemos mostrar os
pontos registrados e uma foto modificada
do osso com o entorno removido. A foto do osso pode ser superposta sobre os
dados do GPS e ancorada ali, de forma
que o osso aparece na imagem do computador
exatamente onde estava quando foi localizado em espaço real. Usando essa
tecnologia pudemos criar uma reconstrução fotográfica de nossas escavações com
precisão de milímetros. Esses dados podem ser postados na internet e podem ser buscados
para responder importantes questões tafonômicas.
Estamos
fazendo essa análise por mais de 10 anos e acumulamos dados suficientes
para ter uma boa visão do que parece ser nosso depósito de ossos. O Sítio Norte,
nossa área de escavação principal, tem fornecido excelentes dados por 12 anos. Os
ossos estão bem preservados e são muito representativos do sítio com um todo. O Sítio
Sul, onde temos trabalhado por onze anos, produziu uma quantidade e qualidade
similar
de ossos. O Sítio Sudeste e o Teague
têm uma densidade e qualidade excepcional
de ossos. Todos os
sítios em que trabalhamos deram resultados semelhantes.
O
que aprendemos? Antes de responder a questão, deixe-me apresentar o modelo
do cientista secular que trabalhou em Hanson Ranch antes de nós. Essa é a explicação
mais usada para explicar a maioria dos depósitos de ossos: dinossauros atravessando
o rio numa época de cheia. Alguns se afogaram e foram arrastados até uma
curva do rio onde suas carcaças encalharam. Durante vários anos isso aconteceu, talvez
durante a migração anual, resultando no acúmulo de um grande depósito de ossos
com milhares de animais. Agora vamos avaliar esse modelo com os dados que obtivemos
no campo.
Os
ossos não apresentam orientação devido à
corrente. Se os ossos se acumularam
em um rio, eles deveriam refletir a direção da corrente desse rio. Entretanto,
eles não apresentam nenhuma direção de corrente consistente. Isso não é o
que seria esperado se os ossos tivessem sido depositados em um ambiente
fluvial.
A
maioria dos ossos está desarticulada e a distribuição horizontal de ossos
é aleatória. Se os animais tivessem se acumulado numa curva de um rio, seria esperado
que as carcaças fossem preservadas mais ou menos intactas. Seria também esperado
que os ossos formassem agrupamentos, por exemplo, de vértebras ou de costelas
em vez de se encontrarem dispersos aleatoriamente por toda a
superfície. Mais uma vez descobrimos que nossos dados não se encaixam no
modelo usual para camadas
de ossos.
Os
ossos apresentam gradação normal na camada. Somente essa observação
é suficiente para desacreditar o modelo padrão. Para gerar uma camada com
gradação o conjunto de ossos deve estar todo disponível ao mesmo tempo e então os ossos e
os sedimentos devem ser
transportados catastroficamente para águas
mais profundas. À medida que o fluxo atinge sua velocidade crítica, as
partículas maiores
(nesse caso, ossos) são depositadas primeiro, seguidas das partículas menores.
Isso só pode acontecer em águas mais profundas tais como um lago ou um oceano.
Não se espera que aconteça num rio.
Os
ossos estão bem preservados e mostram pouca evidência de ação do clima
ou abrasão. O período entre a morte e soterramento não foi longo o suficiente para
exposição a intempéries e o processo de transporte não mostra sinais de rolamento.
Estes aspectos são consistentes com um processo deposicional em água profunda.
Estimativa
conservadora de milhares de animais soterrados na camada. A presença
de tantas carcaças é inconsistente com um ambiente deposicional fluvial, mas
não há um limite específico para o número de ossos que pode ser encontrado em um
fluxo de detritos subaquático.
Considerando
um modelo com deposição rápida em um evento único, somando às
informações que temos sobre a sedimentologia do depósito e a estrutura de tempo tafonômica,
temos o seguinte cenário: uma grande quantidade de dinossauros morreu aproximadamente
ao mesmo tempo, talvez num evento único. O evento pode ter sido uma
explosão vulcânica ou afogamento ou talvez algo que ainda não tenhamos pensado.
As carcaças ficaram reunidas no ambiente em que morreram ou podem ter flutuado
na água por um período de tempo. As carcaças eventualmente foram lançadas numa
área de costa onde apodreceram por semanas ou meses. À medida que se desarticulavam,
foram soterradas na lama em um ambiente deltaico de crescimento rápido. Finalmente a massa de sedimentos finos, carne
em putrefação e ossos foi ressuspendida
por um evento tectônico (terremoto) e o fluido denso moveu-se por quilômetros
para um ambiente mais profundo onde finalmente foi soterrado. Posteriormente
ele foi recoberto por centenas de metros de sedimentos antes de ser soerguido
formando a Bacia do Rio Powder onde agora se encontra.
Estamos
estudando uma grande e incomum bone-bed
no leste de Wyoming e começando a
desvendar sua história tafonômica.
Essa história certamente envolve catástrofe, mas isso é
comum em estudos de dinossauros, que frequentemente invocam
explicações catastróficas. O mais importante é que nesse estágio de nossa pesquisa
encontramos evidências abundantes de morte catastrófica e soterramento de dinossauros,
que cremos que pode ser acomodada num dilúvio global. A lição de casa é que, em
ciência, é sempre bom ter os olhos abertos para explicações alternativas, de modo
que, quando aparecerem dados anômalos, se possa reagir apropriadamente a eles.
Ah,
e o que dizer sobre a pergunta original que foi feita: “O que aconteceu com os
dinossauros?” Veja
as referências:
•
Spiritual Gifts, Vol. 3, pag. 92, escrito por Ellen White.
• Spiritual
Gifts, Vol. 4, pag. 121.
Websites:
Questões
sobre Criação/Evolução: http://origins.swau.edu
Museu
de Fósseis Online: http://fossil.swau.edu/fossil
Museu
Educacional Online: http://dinosaur.swau.edu
Projeto
de Pesquisa dos Dinossauros:
http://dinosaurproject.swau.edu
Fonte: Arthur V. Chadwick
Tradução: Urias Echterhoff Takatohi
Revisão: Marcia Oliveira de Paula
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