O recente ressurgimento de argumentos em defesa do design, associado a um
explosivo acúmulo de conhecimento acerca da complexidade da vida e estética do
universo, sugere que as inferências sobre o design se deparam com um futuro
promissor.
Comecemos com o
átomo. De acordo com os antigos gregos, tudo é feito de átomos. Segundo eles,
quando um objeto é continuamente dividido, chega o momento em que mais nenhuma
divisão é possível, e essa unidade indivisível é chamada de átomo. Demócrito
(460-370 a.C.) era fascinado por átomos. Entre as mais importantes doutrinas
deixadas por ele, estava a de “que os átomos e o vácuo foram o início do
universo; e que tudo o mais existia apenas em idéia”. [1] Por “idéia”, Demócrito
pode ter imaginado algo mais que meramente a expressão de um sentimento. Mas ele
ainda coloca a maior parte daquilo que é experimentado num nível epistemológico
diferente do nível teórico. Em outras palavras, segundo ele, os átomos e o
vácuo teóricos são mais reais que a realidade experimentada pelos sentidos. Epicuro,
um dos seguidores de Demócrito,
formalizou e expandiu essa linha de raciocínio. Trabalhou tanto com esse
conceito que sua filosofia atomística recebeu seu próprio nome: epicurismo. Esta
filosofia causou agitação na Grécia antiga porque negava o dualismo corpo-alma,
parecendo com isso negar a ordem do universo e mesmo a existência dos deuses.
Epicuro foi acusado de ateísmo, uma acusação que vigorosamente rejeitou. Declarou
que para ser santo e perfeito é preciso haver deuses a fim de manter a perfeita
felicidade, o que é uma impossibilidade para qualquer ser que interage com o
mundo material nitidamente imperfeito. Ao conceber os deuses tão perfeitos a
ponto de nunca interagirem com o mundo material, Epicuro tornou-os irrelevantes
para os seres materiais. Se não existe uma alma imortal, não há juízo divino após
a morte, o que significa que, para todos os efeitos, aquilo que é percebido pelos
sentidos é apenas a realidade conhecível. Por fim, a filosofia dos atomistas acabou
no reducionismo e empiricismo extremos, evidentes nas ciências contemporâneas.O
atomismo não surgiu num vácuo. Consistia numa resposta à filosofia de Parmênides,
o qual dizia ser impossível alguma coisa vir do nada. A partir disso, ele
argumentava que a mudança nada mais é que uma ilusão. Portanto, a realidade seria
um único todo imutável. Os atomistas, por sua vez, argumentavam que a mudança
genuína é possível por meio da reorganização dos átomos imutáveis. Platão,
outro aluno de Parmênides, seguiu uma linha de raciocínio diferente. Em vez de
reduzir toda a realidade a átomos, Platão argumentou a favor da existência dos
deuses com base no evidente design existente na natureza. Por exemplo, em “Leis
X”, Platão disse que os deuses devem existir porque “a terra, o sol, as
estrelas e o universo, e a ordem das estações, com suas divisões em anos e meses,
consistem em provas da existência deles”. [2] Aristóteles expandiu ainda mais o
argumento do design. Em vez de questionar a existência dos átomos, argumentou
que os átomos sozinhos não podem realizar o que os epicureus alegavam. Átomos
não se moveriam por si mesmos e, portanto, acabariam requerendo algo para
movê-los a fim de que eles se reorganizassem de diferentes formas para haver
mudança. Movedores materiais devem reagir à mudança que causam e, assim, deus,
o “Movedor Primordial”, deve ser uma causa imaterial. Essa causa imaterial, Aristóteles
deduziu, é o “logos”. Epicureus não
estavam convencidos da necessidade do logos.
Por volta do ano 55 a.C., o poeta romano e adepto da filosofia epicurista Tito
Lucrécio Carus esboçou de forma eloqüente uma história da evolução que excluía
a ação dos deuses: “Os átomos não pretendiam colocar-se a si mesmos de forma
inteligente num arranjo ordenado, nem negociaram os movimentos que haveriam de
fazer, mas muitos átomos colidiram uns com os outros de várias formas, sendo
levados por seu próprio ímpeto desde um passado infinito até o presente.
Movendo-se e encontrando-se de várias formas, tentando todas as combinações que
poderiam ser tentadas. E foi desse processo, num espaço enorme e num vasto
período de tempo, que as combinações e recombinações de átomos finalmente
produziram grandes coisas, incluindo-se a terra, o mar, o céu, e a geração dos
seres viventes.” [3] Para ter certeza de que seus leitores compreenderiam que
tudo, incluindo as criaturas viventes, resultaram de causas naturais em vez de
sobrenaturais, Lucrécio declarou isso explicitamente diversas vezes em seu De
Rerum Natura: “A natureza pode ser vista como isenta de senhores. Tudo o
que ela faz é completamente por si mesma, sem a ajuda dos deuses.” [4] Os
argumentos de Lucrécio contra os deuses seguiram fórmulas comumente usadas
hoje. Por exemplo, ele argumentou que a realidade é imperfeita e, portanto, não
pode ter sido planejada: “O mundo certamente não foi feito para nós por um poder
divino; muitas são as imperfeições que apresenta.” [5] Mais recentemente, Stephen
J. Gould enunciou o argumento da seguinte forma: “A imperfeição vence a batalha
em favor da evolução.”
O Novo
Testamento e o design Imerso numa sociedade permeada de argumentos pagãos
em favor do design, o apóstolo João iniciou seu evangelho assim: “No princípio
era o Verbo (Logos).” Ao invocar o Logos, João apresentou sua tese
perfeitamente dentro do domínio público dos argumentos em favor do design e
suas implicações teológicas. Sua abordagem, contudo, é muito diferente da dos
filósofos. Em vez de tentar argumentar a partir dos princípios primordiais ou
de alguma idéia preconcebida quanto aos deuses, João apresenta um argumento
extremamente empírico. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de
graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito [único,
singular] do Pai” (João 1:14). Insiste que seus leitores revejam a evidência
empírica e decidam por si mesmos se sua tese, de que o Criador Se tornou parte da
criação, era verdadeira ou não – uma posição surpreendente para a época. O
apóstolo Paulo seguiu uma linha diferente. Para ele, a presença do design na
natureza é auto-evidente. Assim, em Romanos 1:20, ele parece fazer um apelo direto
em favor do design: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o Seu eterno
poder, como também a Sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o
princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.
Tais homens são, por isso, indesculpáveis.” Ao se dirigir aos filósofos epicureus
e estóicos em Atenas, Paulo inicia seu argumento com um apelo em favor da
criação ao abordar a questão das causas e propor o “deus desconhecido” como a
causa última. Este era um tipo de argumento familiar para sua audiência, mas ao
sugerir que Deus Se tornara carne, ele imediatamente os perdeu, visto que essa
idéia ía muito além da concepção que tinham do divino (veja Atos 17:18-34). O
poder maior do argumento dos apóstolos estava não na filosofia, mas nas
declarações deles como testemunhas da divindade, morte e ressurreição do próprio
Designer. O evangelho repousa numa ampla base de experiência direta com Jesus.
Esta abordagem empírica parece ter tido amplo apelo em comparação com os
argumentos complexos e sutis tanto a favor quanto contra a presença de design
na natureza. Mas o cristianismo não poderia indefinidamente depender do
testemunho de primeira-mão daqueles que estiveram com Cristo. Tais testemunhas
finalmente morreram, mas algumas deixaram relatos de suas experiências. Mais
relatos escritos foram feitos por aqueles que não tiveram uma experiência
direta, diluindo e algumas vezes corrompendo a evidência das testemunhas. A
proliferação dos evangelhos gnósticos acabou levando confusão ao assunto,
enfraquecendo o impacto dos argumentos baseados na observação direta. Algum
progresso foi feito quando Ireneu encorajou o uso dos quatro evangelhos canônicos
por volta de 185 d.C. À medida que a igreja ocidental medieval se distanciou da
dependência direta do cânon bíblico e os cristãos procuraram interagir com
pagãos, eles se depararam com um problema. Não se esperava que a Bíblia tivesse
autoridade sobre as mentes pagãs. Além disso, os missionários careciam de
conhecimento de primeira-mão da vida de Cristo. Assim, argumentos filosóficos
usados pelos pagãos substituíram o testemunho direto e se tornaram a linguagem
comum por meio da qual cristãos esperavam alcançar mentes pagãs.
O argumento de
Tomás de Aquino a favor do design O platonismo com seus inerentes
argumentos em defesa do design se tornou a filosofia da igreja. Não foi senão a
partir do século 13 que Aristóteles [suas ideias] se popularizou na igreja
ocidental. Por causa do distanciamento das Escrituras durante o período
medieval e a popularidade dos filósofos pagãos, não surpreende que Aquino
abraçasse os argumentos filosóficos de Aristóteles em favor dos deuses e os
tornasse em argumentos em favor de Deus. Em sua Suma Teológica, Aquino propôs
cinco argumentos para a existência de Deus.
O primeiro é o
do Movedor Primordial, de Aristóteles.
O segundo envolve
causas eficientes. Ele afirma que nada pode ser a causa de si mesmo, logo a
natureza não pode ser a causa de si mesma e requer um Deus-Designer para
criá-la.
O terceiro é o
argumento da causa. Porque há um número finito de coisas e coisas têm uma
existência finita, argumentou Aquino. No tempo infinito deve haver um ponto no
qual nada existe. Mas, porque as coisas requerem uma causa, a existência das
coisas torna a causa necessária, e essa causa necessária é Deus.
O quarto
argumento assume a grande cadeia do ser na qual seres diferentes estão
distribuídos desde o mais inferior até o mais elevado ao longo de várias
escalas de bondade, verdade etc. Aquino argumentou que, pelo fato de que todas
as gradações finalmente emanam do último estado do ser, como fogo sendo o
último estado do aquecimento que causa todas as gradações de calor, um Ser Último
– Deus – deve existir para explicar as várias gradações do ser que vemos.
O quinto
argumento a favor da existência de Deus é claramente teleológico e o mais sujeito
à investigação empírica. Pode ser visto tanto como um retorno à alegação de
Platão de que a ordem nos céus prova a existência divina quanto uma antecipação
dos argumentos modernos em defesa do design. Em essência, o argumento sugere que
mesmo coisas inanimadas existem por um propósito. E todo o propósito é produto
de inteligência. Assim, o propósito se encaixa com o design de um ser inteligente,
sendo que esse designer inteligente é Deus.
Os argumentos de
Hume contra o design Os
argumentos de Aquino foram largamente aceitos até o Iluminismo, quando
filósofos céticos como David Hume (1711-1776) desferiram um ataque direto às
provas tomistas inspiradas em Aristóteles, da existência de Deus. O pensamento de
Hume estava baseado numa visão diferente de causa. “Não temos outra noção de
causa e efeito, exceto aquela de certos objetos, os quais sempre têm estado
unidos, e os quais em todas as instâncias passadas têm sido inseparáveis. Não
podemos penetrar na razão dessa união.” Ao reelaborar o pensamento acerca das
causas, Hume mudou o campo da batalha intelectual daquele construído por
Aristóteles a partir de suas quatro causas. Trabalhando sob condições mais favoráveis
à sua própria posição, Hume dirigiu seu ceticismo contra o argumento do design.
Os cinco argumentos clássicos de Hume contra o design, listados a seguir, ainda
estão entre as objeções mais citadas contra o design.
1. Porque a
natureza é vista produzindo coisas ordenadas, como cristais, sem que um agente
inteligente óbvio as tenha originado, é ilógico dizer que todas as coisas ou
objetos ordenados sem um propósito evidente implicam num agente inteligente como
Deus.
2. Visto que
temos apenas um universo para estudar, não podemos comparar um universo
planejado com um não-planejado. É falsa analogia dizer que porque podemos
reconhecer fenômenos planejados versus fenômenos não-planejados no universo
também podemos reconhecer que o próprio universo é planejado.
3. Mesmo que o
universo pareça planejado, isso não conduz necessariamente ao teísmo. Hume
declara: “Se fosse apresentado um efeito totalmente único e que não pudesse ser
compreendido sob quaisquer espécies conhecidas, não penso que seríamos
capazes de apresentar qualquer conjectura ou inferência quanto à sua causa.”
4. Se o universo
requer design, então a mente que o planejou deve requerer pelo menos o mesmo
tanto de design e, portanto, também requer um designer que deve ter sido
planejado e assim por diante ad infinitum. Por outro lado, se o
designer, Deus, pode se auto-ordenar, por que não o universo?
5.
Freqüentemente, o aparente design para um propósito pode ser mais bem explicado
apenas mediante um processo gradual que mediante um processo teleológico. O
quinto argumento de Hume pode ser interpretado como uma antecipação da seleção
natural de Charles Darwin, agindo como um filtro sobre a variação natural para
produzir organismos aparentemente planejados. Durante o período entre Hume e
Darwin, filósofos como Immanuel Kant reagiram vigorosamente aos argumentos de
Hume. Ironicamente, o ceticismo de Hume é comumente conhecido como empiricismo,
mas seus argumentos contra o design são filosóficos em vez de empíricos,
provavelmente mais bem categorizados como racionalismo.
Kant: a
harmonização entre empirismo e racionalismo Isso conduz ao esforço de Kant,
no sentido de harmonizar empirismo e racionalismo. Se há alguma tendência no desenvolvimento
dos argumentos a favor e contra o design, é que os argumentos a favor do design
tendem a ser mais empíricos enquanto que os argumentos contrários, como os
apresentados por Hume, se inclinam na direção do racionalismo. É claro que há
muitas exceções, com Lucrécio argumentando por um mau design a partir da
observação da natureza e Aquino usando argumentos claramente racionais, mas a
tendência é evidente. Por exemplo, Platão apela para a ordem nos céus, enquanto
Epicuro define os deuses como irrelevantes. Kant argumentou que as ciências
empíricas têm mais força epistemológica que argumentos racionais. Enquanto os
argumentos filosóficos de Hume contra o design foram contrapostos a outros
argumentos filosóficos, eles também tiveram que enfrentar apelos mais diretos à
evidência. Talvez o mais famoso dos apelos foi o encontrado em Natural Theology,
de William Paley (1743-1805). Paley argumentou a partir da analogia de que um
“relógio deve ter tido um fabricante”, para dizer que os “mecanismos” encontrados
na natureza também requerem um Fabricante. Testou sua analogia usando
diferentes instrumentos feitos pelo homem, como por exemplo o telescópio, com
fenômenos relacionados na natureza, nesse caso, o olho.
Darwin e o
argumento do design Charles
Darwin (1809–1882) foi um leitor bastante interessado do livro de Paley – usado
como livro-texto na Universidade de Cambridge. Dizia ter sido “entretido” e
estar “encantado” com suas palavras.Porém, a obra mais conhecida de Darwin, A
Origem das Espécies, foi uma resposta direta aos argumentos de Paley. Ao
invocar a seleção natural como um filtro de variações que ocorrem naturalmente
nos organismos, Darwin procurou mostrar que enquanto organismos são criados
como se houvessem sido propositadamente planejados, “o propósito é apenas
aparente”. Neste ponto no desenvolvimento da argumentação sobre o design, a
fragmentação entre os argumentos relativos ao design surgido da própria
natureza e do design realizado por Deus se tornou evidente. A abordagem de
Darwin, partindo do estudo da natureza, era nitidamente voltada contra a idéia
de uma causa inteligente para a vida. A ironia é que sua posição acaba se
baseando em algumas premissas teológicas e não nas muitas informações que ele
introduz ao discutir a questão. O argumento de Darwin busca discutir o problema
teológico do mal, em particular o mal na natureza. Como Cornelius Hunter
explica, “o ponto central da teoria de Darwin era separar Deus do mundo a fim
de explicar seus problemas e dilemas. Diante de tanta complexidade, ele não
podia simplesmente explicar Deus de forma teórica. Em vez de dizer que a
evolução é anti-religiosa, seria mais correto dizer que a evolução é religiosa.
Ela na verdade se debate com um tipo particular de Deus – um que apenas criasse
um mundo que satisfizesse aos nossos gostos”. [16] A teoria da evolução de
Darwin teve profundas implicações teológicas e logo atraiu reações teológicas,
mas também suscitou oposição no âmbito científico. Por exemplo, a propriedade
da seleção natural para explicar o que vemos nos organismos foi questionada
quase que imediatamente por Thomas Henry Huxley, um dos maiores apoiadores de Darwin.
Ele argumentava que “o alicerce lógico da teoria da seleção natural é incompleto”.
[17] O próprio Darwin percebeu que havia importantes objeções científicas à sua
teoria, especificamente com relação ao registro fóssil. “A geologia seguramente
não revela nenhuma corrente de gradação orgânica tão detalhada [das variedades
intermediárias]; e essa, talvez, seja a mais óbvia e séria objeção que possa ser
levantada contra minha teoria.” [18]
O surgimento do
Design Inteligente No
contexto dos argumentos teológicos, filosóficos e científicos levantados contra
o darwinismo, os argumentos em defesa do design não parecem ser diferentes dos
que foram usados por Paley; os mesmos argumentos que Darwin alegou haver
refutado. Recentemente, porém, um ressurgimento dos argumentos a favor do design
tem ocorrido com o movimento do Design Inteligente (DI). Três protagonistas do
DI – Phillip Johnson, William Dembski e Michael Behe – exemplificam os três
componentes principais dos argumentos favoráveis ao design. Phillip Johnson,
professor emérito de Direito na Universidade da Califórnia, em Berkley, e uma
autoridade em lógica, é algumas vezes chamado de pai do DI. Seus devastadores
ataques filosóficos aos fundamentos lógicos do darwinismo e à exposição de suas
pressuposições materialistas subjacentes, publicados primeiramente em Darwin no
Banco dos Réus, [19] expuseram a vulnerabilidade das teses de Darwin. O filósofo
e matemático William Dembski tem abordado diretamente a alegação de Hume de que
a ordem produzida pelo design inteligente não pode ser diferenciada da ordem
produzida pela ação da natureza apenas. Dembski tem proposto que objetos que
exibem ao mesmo tempo complexidades improváveis de serem produzidas pela ação
apenas da natureza e ordem, os quais se enquadram dentro das estreitas
tolerâncias requeridas por sua função, podem ser razoavelmente interpretados
como produtos do design inteligente em vez de qualquer produto natural. Dembski
argumenta que, ao mesmo tempo em que se permite alguma variação espontânea, a
complexa informação da ordem codificada no DNA é mais razoavelmente encarada
como o produto de um design inteligente em vez de uma causa natural. Michael
Behe, um bioquímico, escolheu desafiar Darwin diretamente, analisando sua
alegação de que “se pudesse ser demonstrado que um órgão complexo existiu, sem
que tivesse sido formado por meio de muitas, sucessivas e pequenas modificações,
minha teoria cairia completamente por terra”. [20] Behe argumenta que o
mecanismo molecular existente nas células é de “complexos irredutíveis”, o que
significa que eles requerem um grupo de partes indispensáveis para funcionar e,
portanto, não poderiam ter surgido por meio de “pequenas modificações”. Uma
enorme quantidade de mudanças tem ocorrido nos mais de dois mil anos desde o
tempo de Demócrito. Os argumentos em defesa do design que ele e seus descendentes
evitaram têm sido muitas vezes repetidos, experimentando períodos de grande
sucesso e de declínio, mas jamais receberam um golpe de morte. Na verdade,
continuam se desenvolvendo. O recente ressurgimento de argumentos a favor do
design, junto com um explosivo acúmulo de conhecimento acerca da complexidade da
vida molecular e estética no universo, sugere que as inferências sobre o design
se deparam com um futuro promissor.
Fonte: Timothy
G. Standish (Ph.D., Universidade George Mason) é um cientista no Geoscience
Research Institute, Loma Linda, Califórnia, EUA (e-mail: tstandish@llu.edu), para a Revista Diálogo
v. 20.2. Edição por Hendrickson Rogers.
Notas e
referências
1. Veja Diógenes Laertius. Lives and Opinions of
Eminent Philosophers. Livro IX: “Life of Democritus.” Traduzido por C. D.
Yonge (Londres: Henry G. Bohn, 1853).
2. Platão. Laws. Livro X 360 a.C. Traduzido por Benjamin
Jowett.
3. Tito Lucrécio
Carus. De Rerum Natura. Livro
5, linhas
416-431. Cerca 55 a.C. Minha tradução.
4. Ibid., Livro
2, linhas 1090-1092. Minha tradução. Stephen
J. Gould. The Panda’s Thumb: More Reflections on Natural History. Nova York, W. W.
Norton, 1980. p. 37.
5. “Nequaquam
nobis divinitus esse paratam Naturam rerum: tanta stat praedita culpa”
Tito Lucrécio
Carus. Cerca 55 a.C. De Rerum Natura. Livro 5, linhas 198-199. Traduzido por W. H. D. Rouse, revisado por Martin F.
Smith em Lucretius: On the Nature of Things. Cambridge, Massachusetts:
Harvard University Press, 1992. Veja também Livro 2, linhas 180-181.
6. Gould, p. 37.
7. The Summa Theologica of St. Thomas Aquinas. 2a. ed. rev.,
1920. Traduzido literalmente por padres da Província Dominicana Inglesa.
8. David Hume. A Treatise of Human Nature. Seção VI.
9. Veja Hume. Dialogues Concerning Natural Religion e An Enquiry Concerning Human Understanding.
10. Hume. An Enquiry Concerning Human Understanding.
Seção
XI. De uma providência particular e de um futuro estado, p. 115.
11. Veja
Immanuel Kant. Crítica da Razão Pura. Introdução.
12. W. Paley. Natural Theology; or, Evidences of
the Existence and Attributes of the Deity. 12ª ed. Londres: J. Faulder,
1809. p. 3. 13. Veja Ibid., cápitulo III, Aplicação do argumento.
14. Charles R. Darwin. The Autobiography of Charles
Darwin. Nova York: W. W. Norton, 1958. p. 59.
15. Veja J. S.
Huxley. Evolution in Action. Middlesex, UK: Penguin, 1953, 1963. p. 16.
16. C. G. Hunter. Darwin’s God: Evolution and the
Problem of Evil. Grand Rapids, Michigan: Brazos Press, 2002. p. 165.
17. T. H. Huxley. Collected Essays. Vol. II,
1893. Prefácio.
18. Darwin. “On the Imperfection of the Geological
Record”, capítulo X em On the
Origin of Species by Means of Natural Selection, or
the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life. Nova York: Penguin Books, 1958. p.
287-312.
19. Johnson, P.
E. Darwin no Banco dos Réus. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2008.
20. Darwin, C. The Origin of Species by Means of
Natural Selection or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for
Life. Nova York: Penguin Books, 1958. p. 171.
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