O Terceiro e o Nono Mandamentos “Também ouvistes que foi dito
aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor
os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por
ser o trono de Deus; nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por
Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não
podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim;
não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mt 5:33-37).
O
que significava jurar para um judeu nas décadas de Cristo? Paulo explica: “Pois,
quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem
jurar, jurou por si mesmo. Pois os
homens juram pelo que lhes é superior, e o juramento, servindo de garantia,
para eles, é o fim de toda contenda. Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos
herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento” (Hb 6:13,16 e 17). Com essa explicação
paulina ganhamos também o seguinte: Deus jurou no Antigo Testamento (Gn 22:16;
mesmo sem pronunciar as expressões “eu juro” ou “juramento”, se alguém
afirmasse ou prometesse usando o nome de alguém ou algo superior, isso era
juramento do mesmo jeito! Confira o juramento que JAVÈ fez em Nm 14:21-23 e
compare com Sl 95:10,11 e Hb 4:3)! Sendo que JAVÉ Deus trino é imutável,
devemos encontrar Seus juramentos no Novo Testamento também e entender o que
Ele, na Pessoa de Jesus, quis dizer com a ordem “Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis”!
“Vi
outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de
sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo; e tinha
na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a
terra, e bradou em grande voz, como ruge um leão... Então, o anjo que vi em pé
sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu e jurou por aquele que vive pelos séculos
dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles
existe: Já não haverá demora, mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele
estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo
ele anunciou aos seus servos, os profetas” (Ap 10:1-3, 5-7). O Senhor Jesus
Cristo profere esse juramento no Apocalipse! Vou lhe ajudar a reconhecer Jesus
na Pessoa desse “anjo” distinto. O profeta Daniel viu e ouviu Miguel numa
situação idêntica a que o profeta João viu e ouviu esse “anjo”: “Ouvi o homem
vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão
direita e a esquerda ao céu e jurou, por
aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos
e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo,
estas coisas todas se cumprirão” (Dn 12:7).
Para
que não reste alguma dúvida em sua mente, querido(a) leitor(a), observe esta
sequência de textos e perceba que o “homem vestido de linho” é Miguel: “Havendo
eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la, e eis que se me apresentou
diante uma como aparência de homem. E
ouvi uma voz de homem de entre as margens
do Ulai, a qual gritou e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão. No
dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu à borda do grande rio Tigre,
levantei os olhos e olhei, e eis um homem
vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz; o seu
corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, como
tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a
voz das suas palavras era como o estrondo de muita gente. Contudo, ouvi a voz
das suas palavras; e, ouvindo-a, caí sem sentidos, rosto em terra. Mas eu [Gabriel]
te declararei o que está expresso na escritura da verdade; e ninguém há que
esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe.” (Dn 8:15,16
e 10:4-6,9,21). (Compare com a descrição que João fez do Senhor Jesus em Ap 1:13-17).
A Bíblia
informa ainda que o arcanjo Miguel (Jd 9) é o Senhor Jesus Cristo: “Em verdade,
em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a
ouvirem viverão” (Jo 5:25). “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com
alarido, e com voz de arcanjo, e com
a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (I Ts
4:16, VARC). E que Jesus assumiu o papel de Anjo JAVÉ (ou de JAVÉ) há muito
tempo (cf. Zc 12:8, Gn 31:11-13, Êx 23:20,21, Os 12:4,5 e Gn 28:13)! Para um
estudo completo das funções de Jesus como Deus, Anjo e Homem, leia o artigo: “Jesus Cristo: JAVÉ, Anjo, Arcanjo, Miguel e
Príncipe” em http://profhendrickson.blogspot.com.br/2011/07/jesus-cristo-jave-anjo-arcanjo-miguel-e.html
.
Assim
sendo, o mesmo Jesus que proibiu o juramento em Mateus 5, jurou em Apocalipse
10! Mas, será que é isso mesmo? NÃO! Deus não Se contradiz, Deus não muda! O
juramento para o qual o Senhor ordenou “nunca jureis” é este: “Ai de vós, guias
cegos, que dizeis: Quem jurar pelo
santuário, isso é nada; mas, se alguém jurar
pelo ouro do santuário, fica obrigado pelo que jurou! Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro ou o santuário
que santifica o ouro? E dizeis: Quem jurar
pelo altar, isso é nada; quem, porém, jurar
pela oferta que está sobre o altar fica obrigado pelo que jurou. Cegos! Pois qual é maior: a oferta ou o altar que santifica
a oferta? Portanto, quem jurar pelo
altar jura por ele e por tudo o que
sobre ele está. Quem jurar pelo
santuário jura por ele e por aquele
que nele habita; e quem jurar pelo
céu jura pelo trono de Deus e por
aquele que no trono está sentado” (Mt 23:16-22). Era assim que o juramento
ensinado e praticado por Deus no AT estava sendo realizado por “Seu povo” no
NT! O Mestre divino ensinou conforme o AT que “melhor é que não votes do que votes
e não cumpras” (Ec 5:5). Jesus não foi contra o jurar, mas contra o perjurar! Jesus não proibiu a promessa
veraz, mas a mentira descarada!
Outra
evidência disso ocorreu anos depois quando o Cordeiro de Deus estava para ser
morto. “Jesus, porém, guardou silêncio. E o sumo sacerdote lhe disse: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos
digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus” (Mt 26:63). Conhecedor do AT como Ele
era, o Senhor Jesus não ficou calado perante esta intimação de Caifás devido o
que Ele mesmo como JAVÉ em Levítico ordenou ao povo: “Quando alguém pecar
nisto: tendo ouvido a voz da imprecação,
sendo testemunha de um fato, por ter visto ou sabido e, contudo, não o revelar,
levará a sua iniqüidade” (Lv 5:1). Jesus não transgrediu o AT, não mais “guardou
silêncio” e respondeu ao juramento do sumo sacerdote: “Eu sou” (Mc 14:62),
evidenciando Sua divindade e Seu respeito ao juramento!
Paulo
assimilou bem essa ideia do correto juramento: “Conjuro-vos, pelo Senhor, que esta epístola seja lida a todos os
irmãos” (I Ts 5:27). “Conjuro-te,
perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos,
sem prevenção, nada fazendo com parcialidade” (I Tm 5:21). “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus,
que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino” (II Tm
4:1). Ao mesmo tempo, o ex-fariseu e apóstolo estudioso do Antigo Testamento
abominava o costume judeu de perjurar: “impuros, sodomitas, raptores de homens,
mentirosos, perjuros e para tudo
quanto se opõe à sã doutrina” (I Tm 1:10). Aliás, esse costume era tão
arraigado a cultura do povo que Pedro o usou como garantia de que sua mentira
fosse aceita, para que seus acusadores o deixassem em paz! “E ele negou outra
vez, com juramento: Não conheço tal homem.
Então, começou ele a praguejar e a jurar:
Não conheço esse homem! E imediatamente cantou o galo” (Mt 26:72,74). E o
próprio Paulo foi vítima desse ato criminoso de jurar contrariamente aos
ensinos do AT. “Estes, indo ter com os principais sacerdotes e os anciãos,
disseram: Juramos, sob pena de
anátema, não comer coisa alguma, enquanto não matarmos Paulo” (At 23:14). Esse
vício era praticado por não judeus também, talvez pelo mal exemplo dos judeus!
Herodes Antipas, descendente de Esaú, não voltou atrás em sua promessa feita a
sua encantadora sobrinha por ter jurado! “Entristeceu-se o rei, mas, por causa
do juramento e dos que estavam com
ele à mesa, determinou que lha dessem” (Mt 14:9). Pelo menos o juramento para
Antipas foi realizado de acordo com o AT, embora para algo contrário ao AT! Terrível,
não?!
Por
isso o “Emanuel” asseverou “Eu, porém,
vos digo: de modo algum jureis”. Por isso que Tiago reiterou o ensinamento
do Antigo Testamento ratificado (não retificado!) por Cristo em sua carta e
apontou para o destino dos que juram falsamente, dos que prometem, mas não
cumprem, dos que usam a mentira como estratégia para usurpar o que é do próximo
ou como escudo para evitar consequências imediatas! “Acima de tudo, porém, meus
irmãos, não jureis nem pelo céu, nem
pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso
não não, para não cairdes em juízo”
(Tg 5:12), isto é, “em condenação” (NVI). Tiago parafraseou as palavras de JAVÉ
em carne: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar
vem do maligno” (Mt 5:37), sem mudar o significado delas. O mesmo fez Cristo
com Suas próprias palavras ditas no Antigo Testamento e comentadas no Novo
Testamento, isto porque, em verdade, a Palavra de Deus não possui dois períodos,
dois testamentos. Ela é uma só, do jeitinho que Ele nos ensinou! (Ao enviar este material para uma ex-aluna, percebi que eu cometi o erro de não disponibilizar este capítulo ao esquecer-me de colocá-lo na sequência deste estudo! O faço agora então! Hendrickson Rogers)
Todo este estudo está disponível num pequeno livro em PDF AQUI (clique).
E ainda aqui no Blog na seguinte sequência de capítulos:
Capítulo 1: “Eu, porém, vos digo” e o Sexto Mandamento.
Capítulo 2: "Eu, porém, vos digo" e o 7° Mandamento.
Capítulo 3: "Eu, porém, vos digo" e o Divórcio.
Capítulo 4: "Eu, porém, vos digo", o 3° e o 9° Mandamentos (que é este artigo!).
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