“Ouvistes
que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu,
porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz
nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque,
se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos
também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais?
Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito
é o vosso Pai celeste” (Mt 5:43-48).
Encerro
a série “Eu, porém, vos digo” com esta passagem bíblica que explicita ainda
mais o significado das outra cinco vezes que o Mestre divino pronunciou essa
antítese (em verdade, Mateus, Marcos 9:13 e João 4:35 apresentam um total de 9 dessas
antíteses; a de Marcos coincide com a terceira de Mateus; e a de João reflete
claramente que Jesus usava essas expressões para contradizer e corrigir a
interpretação equivocada que os líderes judeus e demais religiosos tinham do
Antigo Testamento e da realidade em geral! Em nenhum momento Ele contradisse o
AT.).
Se
procurarmos no AT o mandamento “amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” não
iremos achar nada parecido! No entanto, essa frase resumia muito bem a crença
judaica com relação aos relacionamentos com os não judeus: “Nisto, veio uma
mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber... Neste ponto,
chegaram os seus discípulos e se
admiraram de que estivesse falando com uma mulher” (Jo 4:7,27). “Responderam,
pois, os judeus [a Jesus] e lhe disseram: Porventura, não temos razão em dizer
que és samaritano e tens demônio?” (Jo
8:48).
O
Senhor Jesus deixou muito claro como a interpretação errada do AT e o costume
de acrescentar leis às de Deus geram perigosos tradicionalismos, responsáveis
por sofrimentos e mortes, infelicidades e crimes hediondos praticados às custas
do Nome e da Lei de Deus!
No
Antigo Testamento encontramos o mandamento do amar o próximo, bem como o
estrangeiro e até o inimigo. Jesus desenterrou este mandamento dos escombros do
tradicionalismo judaico e chegou a chamá-lo de “novo mandamento” (Jo 13:34)
também por causa dos preceitos humanos que suplantavam os divinos (cf. Mc
7:1-13) na religião de Israel. (Por outro lado, Deus chamou “novo” esse
mandamento quando Ele o contextualizou dizendo “que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos
ameis uns aos outros”!). Relembremos: “Não farás injustiça no juízo, nem
favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu
próximo. Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a
vida do teu próximo. Eu sou JAVÉ. Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas
repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado. Não
te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu
sou JAVÉ” (Lv 19:15-18). “Quando cair o teu
inimigo, não te alegres, e não se regozije o teu coração quando ele
tropeçar; para que JAVÉ não veja isso, e
lhe desagrade, e desvie dele a sua ira” (Pv 24:17,18). “Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede,
dá-lhe água para beber, porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua
cabeça, e JAVÉ te retribuirá” (Pv 25:21,22). “Uma e a mesma lei havereis, tanto
para o estrangeiro como para o
natural; pois eu sou JAVÉ, vosso Deus” (Lv 24:22). “Se um estrangeiro habitar entre vós e também celebrar a Páscoa a JAVÉ,
segundo o estatuto da Páscoa e segundo o seu rito, assim a celebrará; um só
estatuto haverá para vós outros, tanto para o estrangeiro como para o natural
da terra” (Nm 9:14). “Não fale o
estrangeiro que se houver chegado a JAVÉ, dizendo: JAVÉ, com efeito, me
separará do seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore
seca. Porque assim diz JAVÉ: Aos eunucos que guardam os meus sábados,
escolhem aquilo que me agrada e abraçam a minha aliança, darei na minha casa e
dentro dos meus muros, um memorial e um nome melhor do que filhos e filhas; um
nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará. Aos estrangeiros que se chegam a JAVÉ, para
o servirem e para amarem o nome de JAVÉ, sendo deste modo servos seus, sim,
todos os que guardam o sábado, não o profanando, e abraçam a minha aliança, também
os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus
holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha
casa será chamada Casa de Oração para todos os povos” (Is 56:3-7).
“E
orai pelos que vos perseguem”. A história de Davi, também contida no AT, parece nos
dizer algo a esse respeito. Leia um salmo e a probabilidade de você ver Davi (e
outros salmistas) cantando sobre a perseguição de seus inimigos, inclusive
compatriotas (Sl 3:6)! Davi teve a chance de matar Saul, um de seus piores
perseguidores, algumas vezes, mas ele não o fez porque considerava o ainda rei
de Israel como “ungido de JAVÉ” (I Sm 24:6). Alguém com tamanha percepção
espiritual mesmo na angústia, certamente colocava os nomes de seus inimigos em
suas não raras orações, em seus clamores e gemidos (comp. Com Pv 24:10).
Sim,
não havia desculpa para a existência do ditado judeu “amarás o teu próximo e
odiarás o teu inimigo” e o Salvador Jesus, Aquele que nos dá a chance de
abandonarmos ditados tronchos, conceitos equivocados de Deus e tradições
ofensivas a Sua Palavra, oportunizou à cadente religião judaica a libertação de
doutrinas humanas, bem como oferece a você, meu querido leitor, a chance de
identificar seus costumes em desacordo com a Bíblia e abandoná-los pelo poder
que há na Palavra de Jesus! Somente assim seremos reconhecidos como legítimos “filhos
do Pai celeste”, pois estaremos imitando a conduta divina para com Seus
próximos e Seus inimigos!
“Eu, porém, vos digo:
sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”, é o que ensina cada um dos
“Eu, porém, vos digo” de Jesus Cristo, o qual foi a Palavra do Antigo
Testamento, a Palavra do Novo Testamento, e ainda é a Palavra eterna, imutável,
sem contradições nem variações! Amor e obediência sejam oferecidos a Palavra de
Deus. Amém! (Hendrickson Rogers)
Todo este estudo está disponível num pequeno livro em PDF AQUI (clique).
E ainda aqui no Blog na seguinte sequência de capítulos:
Capítulo 1: “Eu, porém, vos digo” e o Sexto Mandamento.
Capítulo 2: "Eu, porém, vos digo" e o 7° Mandamento.
Capítulo 3: "Eu, porém, vos digo" e o Divórcio.
Capítulo 4: "Eu, porém, vos digo", o 3° e o 9° Mandamentos.
Capítulo 7: "Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem"(que é este artigo!).
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