terça-feira, 25 de junho de 2013

Crendices e superstições cristãs. A existência de uma parte folclórica na teologia popular em todas as denominações cristãs (Parte VI)

“Um profeta verdadeiro só está presente numa única denominação e esta é necessariamente cristã e esta é necessariamente a descendência da mulher de Apocalipse 12 (‘os restantes’)” 

Para desmistificarmos esse folclore presente em algumas denominações cristãs, o qual é fruto principalmente do preconceito que a ignorância bíblica traz, é necessário sabermos o que é o dom profético, ou seja, o que é ser um profeta verdadeiro de Deus e para quê Deus levanta um profeta. “Então JAVÉ Deus disse a Moisés: — Vou fazer com que você seja como Deus para o rei; e Arão, o seu irmão, falará por você como profeta. Você dirá a Arão tudo o que eu mandar, e ele falará com o rei, pedindo que deixe os israelitas saírem da terra dele” (Êx 7:1,2, NTLH). Esse conhecido episódio na história dos descendentes de Abraão nos ensina que o profeta é aquele pecador que recebe de Deus uma mensagem e a repassa. Não conheço nenhum caso na Bíblia onde o ser humano escolheu ser profeta e Deus o tornou profeta. Deus é quem escolhe o profeta: “Porém é um só e o mesmo Espírito quem faz tudo isso. Ele dá um dom diferente para cada pessoa, conforme ele quer” (I Co 12:11, NTLH). “Do meio de vocês Deus escolherá para vocês um profeta que será parecido comigo [com Moisés, a quem JAVÉ também escolheu], e vocês vão lhe obedecer” (Dt 18:15, NTLH). Enfatizo o fato de Deus escolher o possuidor do dom de profecia, pois as Escrituras o fazem! Abrão foi profeta (cf. Gn 20:7) eleito por Deus (Ne 9:7), mesmo vindo de “Ur dos caldeus”. Abrão não descendeu dos judeus, só pra lembrar. Ele os gerou. Logo, é possível Deus suscitar um profeta de onde menos os homens religiosos esperam (cf. Lc 19:40)! Outras: embora o dom de profecia esteja sujeito ao profeta (I Co 14:32), ou seja, não tem essa de “possessão divina” sobre os profetas, Deus não está sujeito a eles. Deus já ficou em silêncio para com Seus próprios profetas (cf. I Sm 28:6,15) e Deus já colocou, literalmente, Sua Palavra na boca de um profeta – Balaão (Nm 22:20,38; 23:5), aliás, outro exemplo de profeta não descendente de alguma denominação judaica (cf. Nm 22:5-12,18). Um profeta pode ser verdadeiro, ter o dom dado por JAVÉ, mas escolher mentir (cf. I Rs 13:18 e 22:15,16); um profeta de Deus é um pecador como qualquer outro pecador – salvo pela graça ou perdido pela desobediência, e o dom profético é só um dentre muitos que o Senhor Espírito tem e dá de acordo com os Seus planos para o corpo de Cristo (I Co 12:7-14). Novamente, não quero diminuir a importância do dom profético nem o trabalho precioso de um profeta verdadeiro; mas, eu gostaria de calibrar o olhar eclesiástico sobre esse assunto! Deificar um profeta verdadeiro, não é bíblico. Demonizar o profeta da outra denominação cristã, só porque ele não é membro da sua igreja, não é bíblico. Crer que existe uma denominação cristã que cumpre Apocalipse 12:17 pelo fato de ela possuir um profeta verdadeiro, também não é bíblico!

Ter o “testemunho de Jesus” da passagem supracitada claramente é o dom da profecia (no grego: “echonton tem marturian Iesou” = “têm”, “possuem” ou “sustentam o testemunho de Jesus”, Ap 12:17), segundo o profeta escritor do Apocalipse e o profeta Paulo: “Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia” (Ap 19:10). “Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. Então, ele me disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus” (Ap 22:8,9). “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu” (Ap 1:1,2). “Sempre dou graças a [meu] Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus;  porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Co 1:4-8). Para os dois o “testemunho de Jesus” não era qualquer testemunho sobre Jesus, a pregação do evangelho; mas, ter o “dom” profético vindo do Senhor Espírito Santo. E segundo Paulo, todos os dons do Espírito Santo, inclusive o de profecia, devem existir até “a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (2ª vinda de Cristo), para a educação dos filhos de Deus de modo que eles se tornem “irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo”! Ora, no tópico anterior (o mito da denominação cristã remanescente) estudamos que Deus possui Seus fiéis espalhados nas muitas igrejas cristãs, não cristãs e, possivelmente, em igreja nenhuma (qual a igreja do centurião romano cujo servo o Senhor Jesus curou?! Cf. por exemplo textos que apresentam a visão de Deus sobre a verdadeira religião: Mt 7:12; Tg 1:27 e Lc 10:25-37). Assim sendo, se aquele raciocínio estiver correto, o misericordioso Pai concederá o misericordioso Senhor Espírito Santo sobre “cristãos” e “não-cristãos”, membros de igreja e membros sem igreja, enfim, todo o corpo de Cristo (cf. Ef 4:7-16), para que este se ache “irrepreensível”, “sem mácula, ruga, nem cousa semelhante”, porém santo e sem defeito (cf. Ef 5:27). “Eu sou adorado em todos os países do mundo, e em todos os lugares queimam incenso em minha honra e me oferecem sacrifícios puros. Todos me honram” (Ml 1:11, NTLH). “Os vossos olhos o verão, e vós direis: Grande é JAVÉ também fora dos limites de Israel” (Ml 1:5). Ou seja, os dons espirituais não se restringem a membros de igrejas cristãs! Incluindo (e eu penso, principalmente) o dom de profecia, pois, como já dizia Paulo: “Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que profetizásseis; pois quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja receba edificação” (I Co 14:5). Penso que Paulo imitou Moisés ao desejar o dom profético para todos os membros da igreja cristã de Corinto: “Eu gostaria que JAVÉ desse o seu Espírito a todo o seu povo e fizesse com que todos fossem profetas!” (Nm 11:29, NTLH). O dom de profecia é um dom distinto pelo fato de trazer a vontade de Deus para as pessoas sem interferência, perda de sinal, ao vivo e on line! Não que o profeta seja mais importante que o professor, o pastor, o curador, o que fala línguas estrangeiras, etc. No entanto, Moisés e Paulo, colocando na balança de suas próprias experiências de vida com Deus e de trabalho por Seu povo, afirmaram a superioridade em termos de clareza e eficiência do dom profético! Então, como uma igreja cristã pode crer que só ela tem o direito de ter profetas verdadeiros, se o misericordioso Pai tem filhos noutras casas com outras bandeiras e também fora de todas as casas religiosas?! Seguramente, existem profetas tão cheios de Deus e da Verdade (no que diz respeito à sua mensagem) dentro e fora das comunidades cristãs, pois, como reconheceu Pedro “Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável” (At 10:34,35), e olha que ele ainda não havia sido curado por completo de seu exclusivismo judaico-cristão, confira Gálatas 2:11-18.  Uma vez que Jesus morreu por todos os pecadores de Adão até a última criança concebida antes de Seu retorno (cf. I Tm 2:6); se Deus não tem Seus filhos reunidos num só rebanho (Jo 10:16); e se Ele deseja oportunizar a salvação a todos (I Tm 2:4), a conclusão lógica é que o Espírito Santo escolhe pecadores não cristãos também como recipientes de Seus dons divinos, com o propósito de tais ferramentas espirituais serem usadas para a preparação de um povo para o retorno do Rei Jesus!

Logo, Apocalipse 12:17 não se refere a uma única denominação cristã; o testemunho de Jesus ou o dom profético não é dado pelo Senhor Espírito somente aos professos cristãos e a obediência exterior (e a aparente desobediência) não é requisito bíblico para a recepção do dom de profecia (tanto quanto de qualquer outro dom espiritual!). Pois, “JAVÉ não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém JAVÉ, o coração” (I Sm 16:7); “Existem tipos diferentes de dons espirituais, mas é um só e o mesmo Espírito quem dá esses dons. Existem maneiras diferentes de servir, mas o Senhor que servimos é o mesmo. Há diferentes habilidades para realizar o trabalho, mas é o mesmo Deus quem dá a cada um a habilidade para fazê-lo. Para o bem de todos, Deus dá a cada um alguma prova da presença do Espírito Santo. Porém é um só e o mesmo Espírito quem faz tudo isso. Ele dá um dom diferente para cada pessoa, conforme ele quer” (I Co 12:4-7,11, NTLH). O único pré-requisito bíblico para se receber o dom de profecia é a vontade de Deus! Não são as obras, não é a igreja e nem as filosofias pessoais. Assim como a graça da salvação, o dom profético é graça de Deus, dado a quem Sua inerrante onisciência deseja.

Chamo sua atenção, prezado(a) leitor(a), para o fato de que, a institucionalização do cristianismo genuíno, feita por pecadores, acarretou sobre o mesmo uma enorme quantidade de doutrinas e dogmas extra bíblicos que são ensinados e seguidos pelos membros das muitas denominações “cristãs”, onde a maioria não conhece nem o cristianismo genuíno, de modo que são incapazes de comparar o que creem, vivem e ensinam com o que Deus crê, vive ensina! Por favor, eu rogo a você: não faça parte dessa maioria... Conheça a Deus por você mesmo! Converse com Deus você mesmo! Ame a Deus você mesmo! Infelizmente, a igreja assumiu um papel que Deus não lhe deu e, talvez nem ela mesma tenha realmente querido tal função – o papel de Jesus Cristo, o Mediador –, pois, a vida espiritual de seus membros é dependente, não de Jesus, mas das programações do templo; o conhecimento dos membros é o que a igreja revela, e não o que Cristo revela; a oração fervorosa e sincera dos membros é a que é feita dentro do recinto da igreja, pois no dia a dia dos membros ela não aparece e o amor a Deus se resume hoje a ser membro de uma denominação, em vez de ser membro do corpo invisível de Cristo e ter o caráter de Cristo e o estilo de vida de Cristo! Não permita mais essa trágica realidade espiritual. A igreja viva de Deus anda com Seus próprios pés guiada pelo Espírito Santo! Ela não tem nada a ver com um pequeno grupo conduzindo um grande grupo por onde o pequeno grupo quer. Ore a Deus e peça-Lhe para ser um membro do corpo de Cristo e assim ser um instrumento dEle em sua igreja, reformando-a de acordo com a Bíblia, reavivando-a de acordo com a Bíblia! Torne sua igreja uma instituição organizada pelo Espírito Santo, em vez de (des)organizada por pecadores. Pergunte-se: o que eu conheço sobre Deus é genuíno, é bíblico ou o que eu sei, ouvi outros falarem? Como posso garantir que minha vida está sendo santificada para o encontro com Jesus? Sou o mesmo e minhas práticas são semelhantes às de anos atrás? Os profetas que eu creio me bajulam ou me repreendem? Educo as pessoas ao meu redor, ou sou indiferente ao que elas creem e praticam? Luto pela placa de minha igreja ou pelas almas por quem Cristo morreu? Amo meu próximo ou só meu “semelhante”? Deus nos torne parte de Seu verdadeiro povo! (Hendrickson Rogers)

Mais crendices serão expostas daqui a alguns dias. Aguardem!

Esta é mais uma pesquisa bíblica que posto aqui no blog para análise e reflexão! Estude as partes já construídas: 1ª Parte2ª Parte3ª Parte4ª Parte e 5ª Parte (é só clicar).

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