quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O Último Império - A Nova Ordem Mundial e a Contrafação do Reino de Deus

Introdução Bem antes do século 19, antes da criação da república norte-americana, quando os revolucionários julgavam estar fundando a “nova Jerusalém”, os Estados Unidos da América já tinha uma vocação imperial. Mesmo antes da colonização britânica, quando os puritanos criam estar lançando as bases do “novo Israel” de Deus, ou seja, a América livre e protestante, já na época do Descobrimento, no fim do século 15, uma identidade messiânica estava ligada ao continente incógnito.

Discursos de líderes norte-americanos e filmes de Hollywood projetam os EUA como uma nação messiânica com uma missão divina! O ex-presidente George W. Bush, por exemplo, na cerimônia de posse de seu primeiro mandato presidencial, em 20 de janeiro de 2001, declarou: “Nós temos um lugar cativo em uma longa história [...], a história de um novo mundo que se tornou servidor da liberdade”. Antes de atacar o Iraque, em discurso no congresso no dia 25 de janeiro de 2003, ele proclamou que a América é uma nação forte e digna no uso de sua força” e que “os americanos são um povo livre, que sabe que a liberdade é um direito de cada pessoa e o futuro de toda nação”. Então disse: “A liberdade que temos não é um presente da América para o mundo, é um presente de Deus para a humanidade”. No discurso de posse para o segundo mandato, em 20 de janeiro de 2005, Bush reiterou: “Com nossos esforços, nós acenderemos uma chama na mente dos homens. Ela aquece aqueles que sentem seu poder, queima aqueles que combatem seu progresso, e um dia esse fogo indomável da liberdade vai atingir os recantos mais obscuros de nosso mundo”. As falas do ex-presidente dão eco a uma crença enraizada na identidade norte-americana: a de que os Estados Unidos são a “nação eleita”, com prerrogativas acima dos limites do bem e do mal; comissionada por Deus para um papel messiânico no mundo. Robert Kagan: “A ambição de desempenhar um poder grandioso  no palco mundial tem raízes profundas  a personalidade americana. Desde a independência, e mesmo antes, os americanos sempre tiveram a convicção de que sua nação tinha um destino grandioso”. Para ele os EUA atingiram “um pináculo na história das civilizações” (Kagan, 2003, 88). Reinhold Niebuhr: “A história conferiu aos Estados Unidos a grande responsabilidade de defender os preciosos valores da civilização ocidental” (Niebuhr, 1964, 3).

A vocação norte-americana para o cumprimento de um papel messiânico no mundo está presente em discursos presidenciais, nos filmes de Hollywood, em livros de importantes pensadores e pregadores norte-americanos, em documentos e símbolos oficiais, e se estende até os sermões dos chamados pais peregrinos. Essa vocação atribui um sentido sobre-humano às ações militares e políticas dos Estados Unidos. Assim, o poder temporal e histórico desse país como império, seja fazendo o bem ou o mal, pretende apresentar-se como cumprimento de um projeto divino, numa extensa obra de contrafação das ações divinas previstas na profecia bíblica. Os filmes que promovem os valores e o papel histórico dos norte-americanos também se mostram permeados de personagens, temas e narrativas de natureza religiosa e mitológica, os quais retomam certos arquétipos da memória coletiva. Ao retratar períodos históricos, reproduzindo personagens e eventos, e ao representar o papel norte-americano conectado à defesa da liberdade no mundo, os filmes de Hollywood ajudam a solidificar a imagem dos EUA como nação eleita para a realização de uma nova ordem mundial.

No processo de construção da ideologia norte-americana, as narrativas bíblicas de “um paraíso perdido” e de “uma nação eleita”, juntamente com a promessa de restauração de um “novo céu” e de uma “nova Terra”, foram usados de maneira não teológica, mas mitológica e ideológica. Através desse longo e fascinante processo histórico cultural, uma identidade messiânica foi construída para os Estados Unidos como nação divinamente comissionada para o estabelecimento de uma era de liberdade e de glória no mundo. Vistas, porém, à luz da interpretação profética, a cultura e as realizações dessa nação apresentam-se como a própria contrafação do reino de Deus!

O reconhecimento do poder norte-americano como um império, no entanto, não implica uma continuidade indefinida da história, com um quinto império sucedendo Roma, que em Daniel 2 foi representada nas pernas de ferro da estátua e em  Daniel 7,  o quarto e último animal. Esse império contemporâneo não emergiu da luta e da sobreposição ao império romano ou o papado. Ele deve ser visto, na verdade, como uma reminiscência desses poderes. Em Apocalipse 13:12, é afirmado que a segunda besta exerce a “autoridade da primeira besta” na “sua presença”, o que torna o império norte-americano uma continuidade desses poderes finais representados na profecia.


O lugar dos Estados Unidos na profecia bíblica Deus é soberano e tem o controle da história. Essa é a essência das profecias apocalípticas. Por meio dos profetas, Ele revela os grandes acontecimentos antes que estes tomem lugar. Estabelece períodos de tempo, indica o perfil de poderes político-militares e revela entidades que ao longo da história se relacionaram com o povo escolhido. Assim, os grandes impérios foram previstos ou referidos nas profecias bíblicas, e com o poder norte-americano não é diferente. Desde o seu surgimento, a nação norte-americana esteve diretamente relacionada com o povo de Deus. No período da colonização do novo mundo, muitos protestantes perseguidos pela coroa britânica (no século 17) buscaram no recém-descoberto continente um lugar em que pudessem livremente viver sua fé e obedecer a Deus, segundo sua consciência. Nesse país, a Reforma protestante encontrou o terreno mais fértil para seu florescimento por meio de diversos reavivamentos impulsionados pela liberdade para pregar e publicar os ensinos bíblicos. Também foi nesse país que Deus suscitou (no século 19) um movimento profético para a terminação de Sua obra no mundo. E, nos últimos dias, essa nação vai se relacionar diretamente com o povo de Deus como um poder político-militar perseguidor. Segundo a interpretação adventista do sétimo dia, o único texto bíblico a fazer referência a esse poder contemporâneo é Apocalipse 13:11-18. Particular dos adventistas, até onde se sabe, a interpretação dessa profecia começou a ser esboçada desde o início do movimento, na década de 1850. Esse texto de Apocalipse, em que o poder norte-americano é representado pela figura da “besta de dois chifres” que “fala como dragão”, é parte de um contexto mais amplo que envolve os capítulos 12 a 14 desse livro. Um estudo dessa seção ajudará a ter uma visão mais ampla do contexto profético da atuação desse poder.

Fonte: DORNELES, Vanderlei. O último império: a nova ordem mundial e a contrafação do Reino de Deus. 1 ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2012. Resumo dos primeiros capítulos, construído por Hendrickson Rogers.

Este resumo está em construção. Aguardem seu desfecho!

Estude a segunda parte deste resumo aqui!

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