terça-feira, 28 de abril de 2015

Cronobiologia comprova o ciclo ciraceptano - ciclo de descanso do corpo humano a cada 7 dias!

Já é conhecido que o corpo humano mantém seu próprio relógio biológico. Ele possui um “ritmo circadiano” interno de 24 horas que impulsiona o aumento e a diminuição de muitas moléculas. Esse relógio também afeta a forma como reagimos à medicina. Por exemplo, a cisplatina, medicamento contra o câncer, é mais eficaz e menos tóxica se for administrada à noite. Adriamicina, por outro lado, é potencializada se for administrada de manhã. Ademais, também é verdade que o ser humano precisa descansar. Diante disso, cientistas cronobiólogos comprovaram o chamado “ritmo do sétimo dia”, ou “ciclo circaceptano”. Esse ciclo é um descanso que se repete a cada sete dias, sendo considerado um ritmo inteligente devido ao descanso ser uma necessidade biológica. Esse assunto é abordado pela Cronobiologia, uma novidade dentro da Biologia, em que os especialistas se aventuram em percorrer os caminhos dos ritmos biológicos, seus movimentos oscilatórios, sua ligação com o ambiente externo, como essas informações são recebidas e transmitidas através de um mundo pulsante para uma melhor abordagem da verdadeira natureza humana. A cronobiologia tem documentado o quanto os seres humanos são altamente rítmicos. A maioria dos muitos tique-taques de relógios é difícil de detectar; eles operam logo abaixo da consciência humana. Inatos e escondidos na estrutura celular, os mistérios do tempo biológico têm esperado que o poder de resolução dos computadores modernos os revele.

Jeremy Campbell diz em seu livro: “O ritmo circaceptano é uma das grandes surpresas que surgiram pela Cronobiologia moderna. Há [alguns anos], poucos cientistas teriam esperado que ciclos biológicos de sete dias viessem a ser tão difundidos e estabelecidos [...]. Eles são de origem muito antiga, aparecendo em primitivos organismos unicelulares, e são pensados para estar presentes mesmo em bactérias, a forma mais simples de vida agora existente” (p.75).[1]

Uma das descobertas surpreendentes de Franz Halberg é a de um ritmo inato de cerca de sete dias que ocorre em uma alga primitiva de supostos cinco milhões de anos na linha evolutiva de tempo.[2] Devido a suas células microscópicas se assemelharem a uma taça de champanhe graciosa, a alga (planta) é popularmente conhecida como “copo de vinho da sereia” (Acetabularia mediterranea). Quando essa alga “primitiva” está sujeita a horários artificiais alternados de luz e pequenos momentos escuros ao longo de muitos dias, essa única célula intacta é de alguma forma capaz de traduzir toda a influência da luz e do escuro em medidas de uma semana de sete dias.

A existência de tais ritmos circaceptanos endógenos precisos (incluindo a precisa excreção de sete dias de 17-cetosteróides [metabólitos urinários] em homens saudáveis) sugere que todos os ritmos circaceptanos são realmente endógenos − descritos como um “built-in” (geneticamente determinado) sobre o período exato de sete dias.[3] Parece, no entanto, que esses ritmos endogenamente derivados são capazes, ao mesmo tempo, de responder às influências externas (reflexos circadianos do dia e da noite ou indução das marés lunares). [2-5]

À primeira vista, pode parecer que os ritmos semanais (como a semana de sete dias) foram impostos e herdados por uma cultura humana de milhares de anos atrás.[6] No entanto, essa teoria não se sustenta quando se percebe que o ciclo circaceptano ocorre em outros seres vivos, além de humanos. Portanto, a Biologia, não a cultura, é, provavelmente, a fonte do ciclo semanal de sete dias.[7] Aliás, a França (1793-1805) mudou a semana de sete dias para uma semana de dez dias, e a União Soviética (1929-1940) a mudou para uma semana de cinco dias, ambos os países acreditando que os sete dias fossem mera influência religiosa. A experiência da mudança terminou em fracasso completo em ambos os países, e a semana voltou ao seu modelo original.[8]

Para Campbell, esse ritmo inato tem a ver com a lógica interna do corpo, não com a lógica externa do mundo.[1] Mas não para por aí: experimentos envolvendo ratos, moscas, plantas, artrópodes, abelhas, besouros e outras formas de vida revelaram ritmos circaceptanos semelhantes ao do “copo de vinho da sereia”.[2, 4, 5, 9] Segundo Campbell, “a estrutura temporal interna, em algumas de suas manifestações, parece determinar a estrutura do tempo exterior, em lugar do contrário. Ritmos de cerca de sete dias surgiram em milhões de criaturas vivas anos antes de a semana do calendário ser inventada, e pode ser a razão pela qual ela foi inventada” (p. 83).[1]

Além disso, um ciclo de sete dias foi encontrado em flutuações da pressão sanguínea, no conteúdo ácido no sangue, em hemácias, no batimento cardíaco, na temperatura oral, na temperatura da mama feminina, na química e no volume da urina, na taxa entre dois importantes neurotransmissores – noradrenalina e adrenalina –, e no aumento e diminuição de várias substâncias químicas do corpo, como o hormônio de enfrentamento do estresse, o cortisol.[3, 7, 10] Para Perry e Dawson, “os ritmos semanais parecem mais fácil de ser detectados quando o corpo está sob estresse, como quando ele está se defendendo contra um vírus, bactéria ou outro intruso prejudicial. Por exemplo, os sintomas do resfriado (que são realmente sinais de que o corpo está se defendendo contra um vírus) passam em cerca de uma semana” (p. 22).[6]

Outra curiosidade diz respeito à associação entre o descanso no sétimo dia da semana e a longevidade humana. Pesquisas afirmam que indivíduos que descansam no sétimo dia da semana possuem uma expectativa de vida maior que outros que não o fazem.[11, 12, 13] Os números apontam para um acréscimo de vida de 4 a 10 anos a mais, devido ao descanso nesse dia representar uma forma cultural de gestão do estresse e diminuição da pressão sobre o organismo humano.

Atualmente, muitos hospitais estão evitando cirurgias eletivas no sétimo dia da semana, isso porque o transplante de órgãos, por exemplo, também é afetado devido ao repouso do sistema imunológico nesse dia.[3] Campbell explica: “Quando um paciente humano recebe um transplante de rim, há um ritmo de cerca de sete dias, um aumento previsível e queda na probabilidade de que o sistema imunológico do corpo rejeitará o novo rim. Um pico principal de rejeição ocorre sete dias após a operação, e quando um soro é dado para suprimir a reação imune, uma série de picos ocorre, com o aumento do risco de rejeição, em uma semana, duas semanas, três semanas e quatro semanas” (p. 76).[1]

Quanto mais fundo se investiga o funcionamento interno da vida, uma ainda mais complexa, intrincada e maravilhosa exibição de projeto começa a aparecer. O Designer não apenas deixou Suas impressões digitais em tudo o que projetou, como também deixou Seu “cartão de visitas” contido nas células vivas, dizendo aos seres humanos o momento em que Ele projetou a vida: em uma semana de sete dias. Foi quando Ele encerrou o relógio da vida e o definiu, assinalando em cada uma de suas formas um ritmo de sete dias. É o ritmo do projeto ideal; uma sincronia para viver e funcionar como planejado.

(Everton F. Alves é mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Maringá)

Referências:

1. Campbell J. Winston Churchill’s Afternoon, Nap. New York: Simon and Schuster, 1986.
2. Halberg F. Quo Vadis Basic and clinical Chronobiology: promise for health maintenance. Am J Anat. 1983; 168(4):543-594.
3. Levi FHalberg F. Circaseptan (about-7-day) bioperiodicity - spontaneous and reactive -and the search for pacemakers. Ric Clin Lab. 1982 Apr-Jun;12(2):323-70. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7111982
4. Meyer-Rochow VBBrown PJ. Possible natural circaseptan rhythm in the beach beetle Chaerodes trachyscelides white. Acta Neurobiol Exp (Wars). 1998; 58(4):287-90. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9949556
5. Mikulecky MBounias M. Worker honeybee hemolymph lipid composition and synodic lunar cycle periodicities. Braz J Med Biol Res. 1997; 30(2):275-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9239316
6. Perry S, Dawson J. The Secrets Our Body Clocks Reveal. New York: Rawson Associates, 1988.
7. Haus E .Chronobiology in the endocrine system. Adv Drug Deliv Rev. 2007; 59(9-10):985-1014.http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17804113
8. Zerubavel E. The Seven Day Circle. Chicago: Univ. of Chicago Press, 1985.
9. Schweiger HGBerger SKretschmer HMörler HHalberg ESothern RBHalberg F. Evidence for a circaseptan and a circasemiseptan growth response to light/dark cycle shifts in nucleated and enucleated Acetabularia cells, respectively. Proc Natl Acad Sci U S A. 1986; 83(22):8619-23. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3464973
10. Lee MSLee JSLee JYCornélissen GOtsuka KHalberg F. About 7-day (circaseptan) and circadian changes in cold pressor test (CPT). Biomed Pharmacother. 2003; 57(Suppl 1):39s-44s.
11. Buettner D. The secrets of long life. (Cover story). Nat Geogr 2005; 208:2-27.
12. Buettner D. The Blue Zones: Lessons for Living Longer from the People Who’ve Lived the Longest. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009.
13. Lee JW, Morton kr Walters J, Bellinger DL, Butler TL, Wilson C, Walsh E, Ellison CG, McKenzie MM, Fraser GE. Cohort Profile: The biopsychosocial religion and health study (BRHS). Int J Epidemiol. 2009; 38(6): 1470–1478.

Fonte: Criacionismo.

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