quarta-feira, 23 de novembro de 2011

“Com uma grande quantidade de tempo, o impossível torna-se possível, o possível, provável, e o provável, praticamente certo"


Os evolucionistas dependem excessivamente de longos períodos de tempo para explicar os eventos extremamente improváveis propostos em seu modelo. Essa confiança é muito bem ilustrada pela famosa citação de George Wald, ganhador do prêmio Nobel, ao referir-se a dois bilhões de anos para a origem da vida. Ele afirma:
“Com uma grande quantidade de tempo, o impossível torna-se possível, o possível, provável, e o provável, praticamente certo. Tudo o que se tem a fazer é esperar: o tempo se encarrega de realizar os milagres”.[1]
Infelizmente, para o modelo evolucionista, eras de tempo que chegam a 15 bilhões de anos, a suposta idade do Universo, simplesmente não são de nenhuma ajuda quando avaliadas a partir do conhecimento que temos a respeito da química da vida e das probabilidades matemáticas. A probabilidade de se formar uma única proteína ou uma pequena célula a partir de um evento acidental único é extremamente baixa.

No entando, se acrescentássemos muito tempo, o que permitiria muitas tentativas, a possibilidade de um processo evolutivo aparentemente aumentaria de modo drástico. Contudo, quando se trata da origem da vida, as probabilidades são tão ínfimas, e o tempo exigido tão extenso, que mal se pode perceber os efeitos dos bilhões de anos do tempo geológico. O tempo, deixado a si mesmo, não realiza os milagres que os evolucionistas esperam. Se avaliarmos com cuidado, constataremos que a evolução dispõe de muito pouco tempo em comparação com o que é realmente necessário. Como ilustração, basta considerar o longo tempo que seria necessário para formar pelo menos duas moléculas.

Quando eu estava na faculdade, uma das minhas preciosidades era o livro Human Destiny [Destino Humano], escrito pelo biofísico francês Lecomte du Noüy. Essa obra apresenta muitos questionamentos relevantes que contestam as concepções tradicionais sobre a origem da vida e apresenta alguns cálculos sobre a quantidade média de tempo que seria necessário para produzir determinada molécula de proteína. Adotando uma abordagem conservadora, ele até foi muito benevolente com os evolucionistas na maneira como trabalhou com os números.

Levando em conta uma quantidade de átomos equivalente à que existe em nosso planeta, sua estimativa é de que teriam sido necessários 10^242 bilhões de anos para produzir uma única molécula de proteína.[2] Atualmente, supõe-se que a Terra tenha menos de cinco bilhões de anos (5x10^9). Vale lembrar que cada dígito do expoente “242” em “10^242” multiplica o tempo dez vezes. Mesmo que tivéssemos à nossa disposição um tempo infinito, conseguiríamos, em média, apenas um único tipo de molécula de proteína para cada 10^242 bilhões de anos. Contudo, considerando a natureza frágil das moléculas de proteínas e a dificuldade que teriam  para se conservar por longos períodos de tempo em condições primitivas, seria praticamente impossível acumular a enorme quantidade necessária de moléculas.

Precisa-se de muita proteína para produzir a vida. Vale relembrar que o minúsculo micróbioEscherichia coli tem 4.288 diferentes tipos de moléculas de proteínas que se replicam muitas vezes, chegando a um total de 2.400.000 moléculas de proteínas em um único micróbio. Além disso, sua existência depende também de uma quantidade muitas vezes maior de outros tipos de moléculas orgânicas. Embora esse micróbio não seja o menor organismo conhecido, é o que mais conhecemos. Se para produzir a menor forma de vida de que se tem conhecimento precisamos de pelo menos centenas de diferentes tipos de moléculas de proteínas, podemos então concluir que um período infinito de tempo com tentativas para acumular frágeis moléculas de proteínas não nos parece uma solução plausível. Além do mais, vale lembrar que essas moléculas precisam estar todas juntas no mesmo lugar. Para ilustrar, se todas as partes de um carro estiverem estiverem espalhadas por toda a Terra, após bilhões de anos elevados à infinita potência, elas não se terão ajuntado no mesmo lugar para fabricar um carro.

Alguns evolucionistas ressaltam que, visto os organismos terem tantos tipos diferentes de proteínas, qualquer uma delas, entre as muitas, poderia servir como a primeira molécula de proteína, tornando, assim, desnecessário que essa primeira molécula tenha sido tão específica. Contudo, há dois problemas com essa proposta. Em primeiro lugar, ela funcionaria apenas por um curto espaço de tempo no início da vida, pois, mal iniciado o processo de organização da vida, uma molécula de proteína específica seria necessária para agir juntamente com a primeira a fim de fornecer um sistema que funcione. Em segundo lugar, as proteínas são elementos muito complexos.

A quantidade[3] total de tipos possíveis de moléculas de proteínas é 10e130, um número tão imenso que a probabilidade de se produzir uma única sequer, dentre as centenas de diferentes tipos de proteínas específicas encontradas nos mais simples micro-organismos, é uma verdadeira impossibilidade. Lembre-se de que existem apenas 10^78 de átomos em todo o Universo conhecido.

Outro estudo recente realizado pelo biólogo molecular Hubert Yockey[4], da Universidade da Califórnia, campus de Berkeley, não nos fornece resultados mais animadores do que os apresentados acima, com base em Noüy. Yockey, de certa forma, retoma a mesma discussão relacionada com a quantidade de tempo exigida para se formar uma molécula de proteína específica. Ele inclui informações e concepções matemáticas mais avançadas, mas, em vez de iniciar com os átomos, como o fez Noüy, aborda apenas o problema relacionado com o tempo exigido para se compor uma proteína a partir de aminoácidos que supostamente já estivessem presentes. Sendo assim, como é de se esperar, ele propõe um tempo mais curto, apesar de ainda ser extremamente longo.

O quadro apresentado por Noüy reflete mais o que se esperaria numa Terra primitiva. Yockey propõe que a sopa[5] original, pressuposta no modelo evolucionista, tinha as dimensões dos oceanos atuais e continham 10^44 moléculas de aminoácidos[6]. Seus cálculos indicam que nessa sopa seriam necessários, em média, 10^23 anos para se formar uma molécula de proteína específica. Considerando que a suposta idade da Terra é menor que cinco bilhões de anos (10e10 anos), essa idade se mostra 10.000 bilhões de vezes menor que o tempo necessário para se formar uma molécula de proteína específica. Supondo-se que essa proteína necessária tenha se formado por mero acaso no início desse extenso período de tempo, mesmo assim, teríamos apenas uma molécula, e, como vimos, um tipo específico de molécula se formaria apenas uma vez a cada 10e23 anos. O tempo geológico é, sem sombra de dúvidas, muito curto!

Naturalmente, fica bem evidente que os 5 bilhões de anos mencionados acima não são suficientes nem mesmo para formar a primeira proteína, muito menos para dar origem à vida na Terra. O panorama científico atual propõe que a Terra tem 4,6 bilhões de anos, e, em seus primórdios, tinha uma temperatura tão elevada que precisaria se esfriar por mais de 600 milhões de anos antes que a vida pudesse se iniciar[7]. De acordo com alguns cientistas, admite-se que a vida tenha se iniciado há 3,85 bilhões de anos[8], embora essa evidência seja controversa. Contudo, muitos cientistas estão de acordo que, com base na evidência que o isótopo de carbono fornece para a origem da vida e nos questionáveis registros fósseis encontrados, a vida originou-se na Terra pelo menos 3,5 bilhões de anos. A evidência do isótopo de carbono baseia-se no fato de que os seres vivos tendem, até certo ponto, a selecionar as formas mais leves de carbono (C-12) em maior quantidade que as formas mais pesadas (C-13 ou C-14), o que é evidente nas rochas.

Contudo, esses resultados poderiam ter sido causados pela contaminação de carbono proveniente de vida de outros locais. Sendo generosos com o modelo evolucionista, podemos afirmar que, segundo suas teorias, a primeira vida deveria ter se iniciado no decorrer de um período inferior a meio bilhão de anos, entre 4 e 3,5 bilhões de anos atrás. Esse tempo corresponde a apenas um décimo dos 5 bilhões de anos mencionados em nossos cálculos acima. No entanto, se levarmos em conta as excessivas improbabilidades consideradas, esses ajustes de somenos importância dificilmente fariam qualquer diferença. O fato é que não há tempo suficiente.

Nesses estudos relacionados com probabilidades, é sempre possível fazer outras conjecturas e sugerir novas condições na tentativa de melhorar as possibilidades; no entanto, quando temos diante de nós probabilidades efetivamente impossíveis, fica difícil não concluir que temos aí um problema concreto e que outras alternativas precisam ser consideradas.

Muitos cientistas já se deram a esse trabalho e sugeriram outros modelos que visam explicar a origem da vida na Terra[9]. Todas essas propostas se mostraram insatisfatórias pelo fato de não proverem nenhuma solução para o mesmo problema relacionado com as moléculas de proteínas, a saber, os complexos requisitos integrados e específicos. Além disso, não são simplesmente as proteínas que precisam ser consideradas; há que se levar em conta as gorduras (lipídios) e os carboidratos, os quais, diga-se de passagem, são elementos relativamente simples, se comparados com o DNA e sua complexa função de fornecer as informações essenciais para a vida.

Em relação ao problema da origem da vida, há algumas discussões recentes sobre a identificação da vida primitiva. Grandes ícones das formas mais primitivas de vida na Terra perderam seu impacto devido a discussões polêmicas sobre o assunto em muitas revistas científicas[10] e em outras fontes. O que a ciência, em dado momento, considerava como fato mostrou ser algo bem diferente. Um influente pesquisador nessa área comenta com propriedade que “para cada interpretação corresponde  uma interpretação contrária” [11]. O que ficou demonstrado é que algumas das rochas mais relevantes em que a vida teria ocorrido não representam os tipos de rochas originalmente classificados.

Os fósseis, por sua vez, muitas vezes parecem fósseis, sendo, no entanto, coisas totalmente diferentes. Esse último problema tem infestado boa parte dos estudos sobre fósseis pré-cambrianos. Alguns achados apenas são definidamente irrefutáveis; quanto aos demais, um pesquisador chega a mencionar quase 300 variedades de fósseis catalogados de natureza dúbia ou simplesmente falsos[12]. Na verdade, trata-se de um campo de estudo que não oferece muita credibilidade, não podendo ser investigado superficialmente ou aceito só pelo fato de se encontrar na literatura científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
  1. WALD, G. The origin of life. Scientific American, v. 191, n. 2, p.45-53, 1954.
  2. du Noüy, L. Human destiny. Nova York, Longmans, Green, p. 33-35, 1947.
  3. MEYER, SC. The explanatory power of design: DNA and the origin of information. In: DEMBSKI, WA, editor. Mere creation: science, faith & intelligent design. Downers Grove: InterVarsity, p. 113-147, 1998.
  4. YOCKEY, HP. Information theory and molecular biology. Cambridge University Press, p. 248-255, 1992.
  5. Vide capítulo 3 do livro onde esta parte foi extraída.
  6. Trata-se de um número bem aceito. Por exemplo: EIGEN, M. Self-organization of matter and the evolution of biological macromolecules. Die Naturwissenschften, v. 58, p. 465-523, 1971.
  7. MOROWITZ, HJ. Beginnings of cellular life: metabolism recapitulates biogenesis. New Haven: Yale University Press, p. 31, 1992.
  8. (a) HAYES, JM. The earliest memories of life on earth. Nature, v. 384, p. 21-22, 1996. (b) MOJZSIS, SJ; HARRISON, TM. Vestiges of a beginning: clues to the emergent biosphere recorded in the oldest sedimentary rocks. GSA Today, v. 10, n. 4, p. 1-6, 2000.
  9. Vide capítulo 3 do livro onde esta parte foi extraída.
  10. Para alguns comentários críticos gerais e referências, ver: (a) COPLEY, J. Proof of life. New scientist, v. 177, p. 28-31, 2003. (b) KERR, RA. Reversals reveal pitfalls in spotting ancient and E.T. life. Science, v. 296, p. 1384-1385, 2002. (c) SIMPSON, S. Questioning the oldest signs of life. Scientific American, v. 288, n. 4, p. 70-77, 2003.
  11. COPLEY, p. 28-31.
  12. HOFFMANN, HJ. Proterozoic and selected Cambrian megascopic dubiofossils and pseudofossils. In: SCHOPF, WJ; KLEIN, C, editors. The Proterozoic biosphere: a multidisciplinary study. Cambridge University Press, p. 1035-1053, 1992.
________________________________________________________________________________
Extraído na íntegra de Ariel A. Roth em “A Ciência Descobre Deus: Evidências convincentes de que o Criador existe” (Casa Publicadora Brasileira, p. 150-154, 2010).

Fonte: Ciência da Criação. Edição e alterações na simbologia matemática por Hendrickson Rogers. 

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