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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Feliz Natal com Jesus, para Jesus e por Jesus!

Neste clima tão gostoso de natal e fim de ano, gostaria de semear mais uma boa ideia em sua mente, se você permitir.

O teólogo William Barclay (1907-1978) conta a parábola de três aprendizes do diabo selecionados para ser enviados à Terra para completar seu treinamento. Cada um apresentou seu plano a Satanás para a destruição da humanidade.

O primeiro propôs-se a dizer às pessoas que Deus não existe. Satanás respondeu que isso não enganaria muitos, pois a maioria tem a sensação do contrário.

O segundo disse que proclamaria que o inferno não existe. Satanás rejeitou essa tática também, pois a maioria das pessoas tem noção de que o pecador, um dia, receberá o que merece.

“O terceiro disse: ‘Direi aos homens que não há pressa.’ ‘Vá’, respondeu Satanás, ‘e você arruinará milhares de homens.’”

Sabe, eu não vinculo o natal a comida, bebida, compras, igreja, papai noel (não que tudo isso seja inerentemente mau, mas, me parece que trocamos as prioridades). Eu relaciono o natal com a Pessoa maravilhosa de Jesus Cristo – o Jesus histórico, bíblico e o Senhor Jesus Todo-poderoso, Criador, Mantenedor e Redentor do universo, e em especial de nosso planeta cadente e da nossa existência!

Eu tenho pressa de que o Senhor Jesus venha resolver os problemas sociais, políticos, ambientais, de segurança, de saúde, de família, de educação que nós homens criamos e não sabemos resolver. E outros problemas sobrenaturais que assolam (in)visivelmente cada ser humano.

Tenho pressa, pois, enquanto estou no conforto de minha casa existem tantas criancinhas sofrendo absurdos (por aqueles que deveriam protegê-las inclusive), tantos enfermos clamando por saúde, tanta gente desanimada com esta vida, tantas injustiças, tanta falta de misericórdia e de noção!

Como é que eu posso viver feliz, acomodado, satisfeito com essa cultura e com esse estado das coisas se eu sei que a felicidade é artigo de luxo, na maioria das vezes por causa das nossas próprias escolhas e vaidades?!

Portanto, quero convidá-lo(a) a também ter pressa: pressa em BUSCAR A DEUS TODOS OS DIAS DO ANO; pressa em abandonar maus costumes, vícios degradantes e egoístas; pressa em amar de verdade a Deus e ao próximo; pressa em ajudar a quem você enxerga que precisa de ajuda (em vez de culpar o governo por descaso, em vez de fechar os seus olhos); pressa em abandonar o mal, as filosofias más com seus resultados sociais terríveis, e escolher Jesus – a melhor das filosofias, o Autor de todo o bem! Chega da religião politicamente correta, chega do costume de “crer” em Deus! Isso não está melhorando o Brasil (o país mais católico e evangélico, ao mesmo tempo, do mundo). Olha quanta corrupção, quanta imoralidade, quanta mentira, quanta incoerência, quanta falta de educação, quanta demora em melhorar – e eu não estou falando do Congresso Nacional! Estou falando de nossas famílias, de nossos locais de trabalho, de nossas próprias vidas!!

O que você acha?? Pra mim, natal é isso. Jesus veio uma vez e essa é a garantia de que Ele vai voltar como prometeu ao subir ao Céu, e eu quero ter pressa não só em que Ele venha logo, mas quero ter pressa em ajudar o maior número de pessoas antes de Ele vir, e quero me apressar hoje e todos os dias do ano, para que o natal continue me lembrando do que já fiz e do quanto ainda preciso fazer ! E, como a parábola salientou, “a ilusão mais perigosa é pensar que o tempo nunca chegará ao fim. ‘Amanhã’ é uma palavra perigosa e só crer é um engano muito bem propagado”.

Dentro deste (novo) contexto é que eu lhe desejo um ótimo NATAL COM JESUS, PARA JESUS E POR JESUS!

Hendrickson Rogers.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O motivo do Natal - Deus Se fez homem para morrer a nossa morte e nos oferecer a Sua vida eterna!


Cristo, o precioso Filho de Deus, foi levado para fora e entregue ao povo para ser crucificado. Os discípulos e crentes da região próxima uniram-se à multidão que seguia Jesus ao Calvário. A mãe de Jesus também estava ali, amparada por João, o discípulo amado. Seu coração estava partido por indescritível angústia; todavia, ela, como os discípulos, esperava que a dolorosa cena mudasse, Jesus declarasse Seu poder e aparecesse diante de Seus inimigos como o Filho de Deus. Seu coração materno, então confrangeu-se novamente ao relembrar ela as palavras nas quais Ele havia feito ligeira referência às coisas que estavam acontecendo naquele dia.

Jesus mal tinha passado o portão da casa de Pilatos quando a cruz preparada para Barrabás foi deposta sobre Seus feridos e ensanguentados ombros. Cruzes também foram colocadas sobre os companheiros de Barrabás, que deviam sofrer a morte ao mesmo tempo em que Jesus. O Salvador havia conduzido Seu fardo apenas uns poucos passos quando, devido à perda de sangue e excessiva fraqueza e dor, caiu desmaiado ao solo.

Quando Jesus Se reanimou, a cruz foi novamente colocada sobre Seus ombros e Ele foi forçado a avançar. Vacilou mais uns poucos passos, sentindo Sua pesada carga, e caiu ao solo, exânime. De início fora considerado morto, porém finalmente reviveu. Os sacerdotes e príncipes não sentiam compaixão por sua sofredora vítima; mas viam que Lhe era impossível carregar o instrumento de tortura mais adiante. Enquanto estavam considerando o que fazer, Simão, o cireneu, vindo de direção oposta, encontrou a multidão, foi agarrado por instigação dos sacerdotes, e compelido a carregar a cruz de Cristo. Os filhos de Simão eram discípulos de Jesus, mas ele mesmo nunca tinha sido associado com Ele.

Uma grande multidão seguiu o Salvador ao Calvário, muitos zombando e injuriando, porém alguns estavam chorando e expressando Seu louvor. Aqueles a quem Ele havia curado de várias enfermidades, e aqueles a quem havia ressuscitado dos mortos, declaravam Suas maravilhosas obras com fervorosa voz, e procuravam saber o que Jesus tinha feito para ser tratado como um malfeitor. Apenas uns poucos dias antes, eles O aclamaram com alegres hosanas, e agitaram suas palmas, quando Ele entrou triunfalmente em Jerusalém. Mas, muitos que haviam gritado em Seu louvor, porque era popular fazer assim, agora avolumavam o clamor: "Crucifica-O! Crucifica-O!" Luc. 23:21.

Pregado na Cruz Em chegando ao lugar da execução, os condenados foram ligados ao instrumento da tortura. Enquanto os dois ladrões lutaram às mãos dos que os puseram na cruz, Jesus não opôs resistência alguma. A mãe de Jesus olhava em agônica ansiedade, esperando que Ele operasse um milagre para salvar-Se. Viu Suas mãos estendidas sobre a cruz - aquelas bondosas mãos que sempre tinham dispensado bênçãos, se estendido muitas vezes para curar os sofredores. Agora foram trazidos o martelo e os pregos, e ao serem estes cravados através da carne tenra e fixados na cruz, os quebrantados discípulos levaram da cena cruel o corpo desfalecido da mãe de Jesus.

Jesus não murmurou uma queixa; Seu rosto permaneceu calmo e sereno, mas grandes gotas de suor estavam em Sua fronte. Mão piedosa alguma houve para enxugar o suor da morte de Sua face, e nem palavras de simpatia e inabalável fidelidade para confortar Seu coração humano. Ele estava pisando sozinho o lagar; de todas as pessoas, ali não havia uma com Ele. Enquanto os soldados executavam a terrível obra, e Ele sofria a mais aguda agonia, Jesus orava pelos Seus inimigos: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Luc. 23:34. Aquela oração de Cristo pelos Seus inimigos abrangia o mundo inteiro, envolvendo cada pecador que deveria viver até o fim dos tempos.

Depois de ser Jesus pregado à cruz, ela foi erguida por alguns vigorosos homens e lançada com grande violência no lugar preparado para ela, causando cruciante agonia ao Filho de Deus. Então uma terrível cena ocorreu. Sacerdotes, príncipes e escribas esqueceram a dignidade de seu sagrado ofício, e uniram-se com a turba em zombar e injuriar o agonizante Filho de Deus, dizendo: "Se Tu és o Rei dos Judeus, salva-Te a Ti mesmo." Luc. 23:37. Alguns escarnecedoramente repetiam entre si: "Salvou os outros, e não pode salvar-Se a Si mesmo." Mar. 15:31. Os dignitários do templo, os empedernidos soldados, o vil ladrão sobre a cruz e os cruéis dentre a multidão - todos se uniram nos insultos a Cristo.

Os ladrões que foram crucificados com Jesus sofriam a mesma tortura física que Ele: mas um deles pelo sofrimento tornou-se mais endurecido e desesperado. Ecoou a zombaria dos sacerdotes, e lançou-a sobre Jesus, dizendo: "Se Tu és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo,e a nós." Luc. 23:39. O outro malfeitor não era um criminoso endurecido. Quando ouviu as palavras de zombaria de seu companheiro de crime, ele "repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas Este nenhum mal fez". Luc. 23:40 e 41. Então, quando seu coração se voltou para Cristo, celestial iluminação inundou-lhe a mente. Em Jesus, ferido, zombado, e pendente da cruz, ele viu seu Redentor, sua única esperança, e a Ele apelou em humilde fé: "Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no Teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." Luc. 23:42 e 43.

Com espanto contemplavam os anjos o infinito amor de Jesus, que, sofrendo a mais intensa agonia física e mental, pensava apenas nos outros e animava a arrependida alma a crer. Enquanto derramava a própria vida na morte, Ele exerceu pelo homem um amor mais forte do que a morte. Muitos dos que testemunharam estas cenas no Calvário, foram por elas posteriormente firmados na fé em Cristo.

Os inimigos de Jesus agora aguardavam sua morte com impaciente esperança. Esse acontecimento, imaginavam, apagaria para sempre os rumores de Seu divino poder e as maravilhas de Seus milagres. Lisonjeavam-se de que não mais teriam de tremer por causa de Sua influência. Os insensíveis soldados que haviam pregado o corpo de Jesus na cruz, dividiram entre si Suas vestes, contendendo sobre uma peça, que era uma túnica sem costura. Finalmente, decidiram o assunto lançando sortes. A pena da inspiração descreveu esta cena com pormenores centenas de anos antes da mesma ocorrer: "Pois Me rodearam cães: o ajuntamento de malfeitores Me cercou, traspassaram-Me as mãos e os pés. ... Repartem entre si os Meus vestidos, e lançam sortes sobre a Minha túnica." Sal. 22:16 e 18.

Uma Lição de Amor Filial Os olhos de Jesus vaguearam sobre a multidão que se reunira para testemunhar Sua morte e Ele viu, junto à cruz, João amparando Maria, a mãe de Cristo. Tinha ela retornado à terrível cena, não suportando permanecer longe de Seu filho. A última lição de Jesus foi de amor filial. Olhando o rosto abatido de Sua mãe, e então a João, disse, dirigindo-Se a ela: "Mulher, eis aí o teu filho." João 19:26. Depois, ao discípulo: "Eis aí tua mãe." João 19:27. João bem compreendeu as palavras de Jesus, e o sagrado dever que lhe foi confiado. Imediatamente removeu a mãe de Cristo da terrível cena do Calvário. Daquela hora em diante dela cuidou como filho obediente, tomando-a em seu próprio lar. O perfeito exemplo do amor filial de Cristo resplandece com não esmaecido brilho por entre a neblina dos séculos. Conquanto suportasse a mais aguda tortura, Ele não Se esqueceu de Sua mãe, e fez toda a provisão necessária para seu futuro.

A missão da vida terrena de Cristo estava agora quase cumprida. Sua língua estava ressecada e Ele disse: "Tenho sede." João 19:28. Saturaram uma esponja com vinagre e fel e ofereceram-na para beber; mas quando a provou, recusou-a. E agora, o Senhor da vida e da glória estava morrendo, como resgate pela raça. Foi o senso do pecado, trazendo a ira do Pai sobre Si como substituto dos homens, que fez tão amargo o cálice que bebeu, e quebrantou o coração do Filho de Deus.

Como substituto e penhor do homem, a iniquidade dos homens foi posta sobre Cristo. Foi contado como transgressor, a fim de redimi-los da maldição da lei. A culpa de cada descendente de Adão em todos os séculos pesava-Lhe sobre o coração; e a ira de Deus e a terrível manifestação de Seu desagrado por causa da iniqüidade, encheram de consternação a alma de Seu Filho. O afastamento do semblante divino, do Salvador, nessa hora de suprema angústia, penetrou-Lhe o coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo homem. Toda dor suportada pelo Filho de Deus sobre a cruz, as gotas de sangue que corriam de Sua fronte, Suas mãos e pés, as convulsões de agonia que sacudiam Seu corpo, e a indescritível angústia que enchia Sua alma quando o Pai ocultou dEle a face, falam ao homem, dizendo: Foi por amor de ti que o Filho de Deus consentiu em levar sobre esses odiosos crimes; por ti Ele rompeu o domínio da morte, e abriu os portões do Paraíso e da vida imortal. Aquele que acalmou as encapeladas ondas pela Sua Palavra e andou sobre as espumejantes vagas, que fez demônios tremerem e a doença fugir a Seu toque, que chamou os mortos à vida e abriu os olhos dos cegos, ofereceu-Se a Si mesmo sobre a cruz como o último sacrifício pelo homem. Ele, o portador de pecados, suportou uma punição judicial pela iniquidade e tornou-Se Ele mesmo pecado, pelo homem.

Satanás, com suas cruéis tentações, torturava o coração de Jesus. O pecado, tão odioso a Sua vista, foi amontoado sobre Ele até que sucumbiu sob o seu peso. Não admira que Sua humanidade tenha vacilado nessa hora tremenda. Com espanto, os anjos presenciaram a desesperada agonia do Filho de Deus, tão maior do que a dor física, que esta mal era sentida por Ele. Os anjos do Céu cobriram o rosto do terrível espetáculo.

A Natureza inanimada exprimiu sua simpatia para com seu insultado e moribundo Autor. O Sol recusou contemplar a espantosa cena. Seus raios plenos, brilhantes, iluminavam a Terra ao meio-dia, quando, de súbito, pareceu apagar-se. Completa escuridão, qual um sudário, envolveu a cruz e seus arredores. As trevas se estenderam por três horas inteiras. À hora nona ergueu-se a terrível treva de sobre o povo, mas como um manto continuou a envolver o Salvador. Os furiosos relâmpagos pareciam dirigidos contra Aquele que pendia da cruz. Então "Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloi, Eloi, lama sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que Me desamparaste?" Mar. 15:34.

"Está Consumado" Em silêncio o povo aguardava o fim da terrível cena. Outra vez o Sol brilhara, mas a cruz continuava circundada de trevas. De repente, ergue-se de sobre a cruz a sombra, e em tons claros, como de trombeta, que pareciam ressoar por toda a criação, bradou Jesus: "Está consumado." João 19:30. "Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito." Luc. 23:46. Uma luz envolveu a cruz, e a face do Salvador brilhou com uma glória semelhante à do Sol. Pendendo então a cabeça sobre o peito, expirou.

No momento em que Cristo morreu, havia sacerdotes ministrando no templo diante do véu que separava o lugar santo do santíssimo. Subitamente eles sentiram a terra tremer sob seus pés, e o véu do templo, uma forte e rica tapeçaria renovada anualmente, foi rasgado em dois de cima a baixo pela mesma mão lívida que escreveu as palavras de condenação nas paredes do palácio de Belsazar. Jesus não entregou Sua vida até que tivesse cumprido a obra que viera fazer; e exclamou em Seu derradeiro alento: "Está consumado." João 19:30. Os anjos se alegraram quando estas palavras foram proferidas, pois o grande plano da redenção estava sendo triunfalmente executado. Houve alegria no Céu de que os filhos de Adão pudessem agora, mediante uma vida de obediência, ser elevados finalmente à presença de Deus. Satanás foi derrotado, e sabia que seu reino estava perdido.

Fonte: História da Redenção, 220-227.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Natal: Jesus veio na plenitude dos tempos!


 "Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho ... para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos." Gál. 4:4 e 5. A vinda do Salvador foi predita no Éden. Quando Adão e Eva ouviram pela primeira vez a promessa, aguardavam-lhe o pronto cumprimento. Saudaram alegremente seu primogênito, na esperança de que fosse o Libertador. Mas o cumprimento da promessa demorava. Aqueles que primeiro a receberam, morreram sem o ver. Desde os dias de Enoque, a promessa foi repetida por meio de patriarcas e profetas, mantendo viva a esperança de Seu aparecimento, e todavia Ele não vinha. A profecia de Daniel revelou o tempo de Seu advento, mas nem todos interpretavam corretamente a mensagem. Século após século se passou; cessaram as vozes dos profetas. A mão do opressor era pesada sobre Israel, e muitos estavam dispostos a exclamar: "Prolongar-se-ão os dias, e perecerá toda a visão." Ezeq. 12:22.

Mas, como as estrelas no vasto circuito de sua indicada órbita, os desígnios de Deus não conhecem adiantamento nem tardança. Mediante os símbolos da grande escuridão e do forno fumegante, Deus revelara a Abraão a servidão de Israel no Egito, e declarara que o tempo de sua peregrinação seria de quatrocentos anos. "Sairão depois com grandes riquezas." Gên. 15:14. Contra essa palavra, todo o poder do orgulhoso império de Faraó batalhou em vão. "Naquele mesmo dia", indicado na promessa divina, "todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito." Êxo. 12:41. Assim, nos divinos conselhos fora determinada a hora da vinda de Cristo. Quando o grande relógio do tempo indicou aquela hora, Jesus nasceu em Belém.

"Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho." A Providência havia dirigido os movimentos das nações, e a onda do impulso e influência humanos, até que o mundo se achasse maduro para a vinda do Libertador. As nações estavam unidas sob o mesmo governo. Falava-se vastamente uma língua, a qual era por toda parte reconhecida como a língua da literatura. De todas as terras os judeus da dispersão reuniam-se em Jerusalém para as festas anuais. Ao voltarem para os lugares de sua peregrinação, podiam espalhar por todo o mundo as novas da vinda do Messias. Por essa época, os sistemas pagãos iam perdendo o domínio sobre o povo. Os homens estavam cansados de aparências e fábulas. Ansiavam uma religião capaz de satisfazer a alma. Conquanto a luz da verdade parecesse afastada dos homens, havia almas ansiosas de luz, cheias de perplexidade e dor. Tinham sede do conhecimento do Deus vivo, da certeza de uma vida para além da morte.

À medida que Israel se havia separado de Deus, sua fé se enfraquecera, e a esperança deixara, por assim dizer, de iluminar o futuro. As palavras dos profetas eram incompreendidas. Para a massa do povo, a morte era um terrível mistério; para além, a incerteza e as sombras. Não era só o pranto das mães de Belém, mas o clamor do grande coração da humanidade, que chegou ao profeta através dos séculos - a voz ouvida em Ramá, "lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque já não existem". Mat. 2:18. Na "região da sombra da morte", sentavam-se os homens sem consolação. Com olhares ansiosos, aguardavam a vinda do Libertador, quando as trevas seriam dispersas, e claro se tornaria o mistério do futuro.

Fora da nação judaica houve homens que predisseram o aparecimento de um instrutor. Esses homens andavam em busca da verdade, e foi-lhes comunicado o Espírito de inspiração. Um após outro, quais estrelas num céu enegrecido, haviam-se erguido esses mestres. Suas palavras de profecia despertaram a esperança no coração de milhares, no mundo gentio. Fazia séculos que as Escrituras haviam sido traduzidas para o grego, então vastamente falado no império romano. Os judeus estavam espalhados por toda parte, e sua expectação da vinda do Messias era, até certo ponto, partilhada pelos gentios. Entre aqueles a quem os judeus classificavam de pagãos, encontravam-se homens que possuíam melhor compreensão das profecias da Escritura relativas ao Messias, do que os mestres de Israel. Alguns O esperavam como Libertador do pecado. Filósofos esforçavam-se por estudar a fundo o mistério da organização dos hebreus. A hipocrisia destes, porém, impedia a disseminação da luz. Com o fito de manter a separação entre eles e as outras nações, não se dispunham a comunicar o conhecimento que ainda possuíam quanto ao serviço simbólico. Era preciso que viesse o verdadeiro Intérprete. Aquele a quem todos esses tipos prefiguravam, devia explicar o sentido dos mesmos.

Por meio da Natureza, de figuras e símbolos, de patriarcas e profetas, Deus falara ao mundo. As lições deviam ser dadas à humanidade na linguagem da própria humanidade. O Mensageiro do concerto devia falar. Sua voz devia ser ouvida em Seu próprio templo. Cristo tinha de vir para proferir palavras que fossem clara e positivamente compreendidas. Ele, o autor da verdade, devia separá-la da palha das expressões humanas, que a haviam tornado de nenhum efeito. Os princípios do governo de Deus e o plano da redenção, deviam ficar claramente definidos. As lições do Antigo Testamento precisavam ser plenamente apresentadas aos homens.

Havia entre os judeus ainda algumas almas firmes, descendentes daquela santa linhagem através da qual fora conservado o conhecimento de Deus. Estes acalentavam a esperança da promessa feita aos pais. Fortaleciam a fé repousando na certeza dada por intermédio de Moisés: "O Senhor vosso Deus vos suscitará um profeta dentre vossos irmãos, semelhante a mim: a Este ouvireis em tudo que vos disser." Atos 3:22. E novamente liam como o Senhor havia de ungir Alguém "para pregar boas novas aos mansos", "restaurar os contritos de coração", "proclamar liberdade aos cativos", e apregoar "o ano aceitável do Senhor". Isa. 61:1 e 2. Liam como Ele havia de estabelecer "a justiça sobre a Terra", como as ilhas aguardariam a "Sua doutrina", (Isa. 42:4) como os gentios andariam à Sua luz, e os reis ao resplendor que Lhe nascera. Isa. 60:3.

As derradeiras palavras de Jacó os enchiam de esperança: "O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló." Gên. 49:10. O enfraquecido poder de Israel testemunhava que a vinda do Messias estava às portas. A profecia de Daniel pintava a glória do Seu reino sobre um domínio que sucederia a todos os impérios terrestres; e disse o profeta: "subsistirá para sempre". Dan. 2:44. Ao passo que poucos entendiam a natureza da missão de Cristo, era geral a expectativa de um poderoso príncipe que havia de estabelecer seu reino em Israel, e que viria como um libertador para as nações.

Chegara a plenitude dos tempos. A humanidade, tornando-se mais degradada através dos séculos de transgressão, pedia a vinda do Redentor. Satanás estivera em operação para tornar intransponível o abismo entre a Terra e o Céu. Por suas falsidades tornara os homens atrevidos no pecado. Era seu desígnio esgotar a paciência de Deus, e extinguir-Lhe o amor para com os homens, de maneira que Ele abandonasse o mundo à satânica jurisdição. Satanás estava procurando vedar ao homem o conhecimento de Deus, desviar-lhe a atenção do templo divino, e estabelecer seu próprio reino. Dir-se-ia coroada de êxito sua luta pela supremacia. É verdade, que, em toda geração, Deus tem Seus instrumentos. Mesmo entre os gentios, havia homens por meio dos quais Cristo estava operando para elevar o povo de seu pecado e degradação. Mas esses homens eram desprezados e aborrecidos. Muitos deles haviam sofrido morte violenta. A escura sombra que Satanás lançara sobre o mundo, tornara-se cada vez mais densa. Por meio do paganismo, Satanás desviara por séculos os homens de Deus; mas conseguira seu grande triunfo ao perverter a fé de Israel. Contemplando e adorando suas próprias concepções, os gentios haviam perdido o conhecimento de Deus, tornando-se mais e mais corruptos. O mesmo se deu com Israel. O princípio de que o homem se pode salvar por suas próprias obras, e que jaz à base de toda religião pagã, tornara-se também o princípio da religião judaica. Implantara-o Satanás. Onde quer que seja mantido, os homens não têm barreira contra o pecado.

A mensagem de salvação é comunicada aos homens por intermédio de instrumentos humanos. Mas os judeus haviam procurado monopolizar a verdade, que é a vida eterna. Entesouraram o vivo maná, que se corrompera. A religião que tinham buscado guardar só para si, tornara-se um tropeço. Roubavam a Deus de Sua glória, e prejudicavam o mundo por uma falsificação do evangelho. Haviam recusado entregar-se a Deus para a salvação do mundo, e tornaram-se instrumento de Satanás para sua destruição.

O povo a quem Deus chamara para ser a coluna e fundamento da verdade, transformara-se em representante de Satanás. Faziam a obra que este queria que fizessem, seguindo uma conduta em que apresentavam mal o caráter de Deus, fazendo com que o mundo O considerasse um tirano. Os próprios sacerdotes que ministravam no templo haviam perdido de vista a significação do serviço que realizavam. Deixaram de olhar, para além do símbolo, àquilo que ele significava. Apresentando as ofertas sacrificais, eram como atores num palco. As ordenanças que o próprio Deus indicara, tinham-se tornado o meio de cegar o espírito e endurecer o coração. Deus não poderia fazer nada mais pelo homem por meio desses veículos. Todo o sistema devia ser banido.

O engano do pecado atingira sua culminância. Todos os meios para depravar a alma dos homens haviam sido postos em operação. Contemplando o mundo, o Filho de Deus viu sofrimento e miséria. Viu, com piedade, como os homens se tinham tornado vítimas da crueldade satânica. Olhou compassivamente para os que estavam sendo corrompidos, mortos, perdidos. Estes tinham escolhido um dominador que os jungia a seu carro como cativos. Confundidos e enganados, avançavam, em sombria procissão rumo à ruína eterna - para a morte em que não há nenhuma esperança de vida, para a noite que não tem alvorecer. Agentes satânicos estavam incorporados com os homens. O corpo de criaturas humanas, feito para habitação de Deus, tornara-se morada de demônios. Os sentidos, os nervos, as paixões, os órgãos dos homens eram por agentes sobrenaturais levados a condescender com a concupiscência mais vil. O próprio selo dos demônios se achava impresso na fisionomia dos homens. Esta refletia a expressão das legiões do mal de que se achavam possessos. Eis a perspectiva contemplada pelo Redentor do mundo. Que espetáculo para a Infinita Pureza!

O pecado se tornara uma ciência, e era o vício consagrado como parte da religião. A rebelião deitara fundas raízes na alma, e violenta era a hostilidade do homem contra o Céu. Ficara demonstrado perante o Universo que, separada de Deus, a humanidade não se poderia erguer. Novo elemento de vida e poder tinha de ser comunicado por Aquele que fizera o mundo.

Com intenso interesse, os mundos não caídos observavam para ver Jeová levantar-Se e assolar os habitantes da Terra. E, fizesse Deus assim, Satanás estaria pronto a levar a cabo seu plano de conquistar a aliança dos seres celestiais. Declarara ele que os princípios de Deus tornavam impossível o perdão. Houvesse o mundo sido destruído, e teria pretendido serem justas as suas acusações. Estava disposto a lançar a culpa sobre o Senhor, e estender sua rebelião pelos mundos em cima. Em lugar de destruir o mundo, porém, Deus enviou Seu Filho para o salvar. Embora se pudessem, por toda parte do desgarrado domínio, ver corrupção e desafio, foi provido um meio para resgatá-lo. Justo no momento da crise, quando Satanás parecia prestes a triunfar, veio o Filho de Deus com a embaixada da graça divina. Através de todos os séculos, de todas as horas, o amor de Deus se havia exercido para com a raça caída. Não obstante a perversidade dos homens, os sinais da misericórdia tinham sido constantemente manifestados. E, ao chegar à plenitude dos tempos, a Divindade era glorificada derramando sobre o mundo um dilúvio de graça vivificadora, o qual nunca seria impedido nem retido enquanto o plano da salvação não se houvesse consumado.

Satanás rejubilava por haver conseguido rebaixar a imagem de Deus na humanidade. Então veio Cristo, a fim de restaurar no homem a imagem de seu Criador. Ninguém, senão Cristo, pode remodelar o caráter arruinado pelo pecado. Veio para expelir os demônios que haviam dominado a vontade. Veio para nos erguer do pó, reformar o caráter manchado, segundo o modelo de Seu divino caráter, embelezando-o com Sua própria glória.

Fonte: O Desejado de Todas as Nações, capítulo 4.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Mais supermentiras da SuperInteressante para este Natal


A revista Superinteressante, ao longo dos anos e cada vez mais distante de sua proposta original, se tornou extremamente previsível e redundante. Tanto é assim que, quase sempre nos meses de dezembro, os editores dela dão um jeito de publicar alguma coisa sobre Jesus, desde que seja algo sensacionalista e contrário ao que dizem os Evangelhos. O título da matéria de capa deste mês é autoexplicativo e típico: “Jesus, a verdade por trás do mito”. É a mesma ideia de sempre: o relato evangélico sobre Jesus é mitológico, mas a Superinteressante, com base em duas ou três fontes (sempre liberais ou simplesmente descrentes), tem a verdade. É a Superdona da verdade.
Segundo a reportagem, “é consenso entre os historiadores de que Jesus nasceu mesmo em Nazaré”. Então citam John Dominic Crossan (sempre ele), para quem “tanto Mateus quanto Lucas dizem que Jesus nasceu em Belém com o objetivo de dizer metaforicamente, simbolicamente, que ele é o ‘novo rei Davi’”. E a revista prossegue em sua tentativa de desconstrução da história: “O motivo que Lucas dá para José e Maria terem ido a Belém não existiu. O governo de Augusto é extremamente bem documentado. E não há registro de censo nenhum. Menos ainda um em que as pessoas teriam que ‘voltar à cidade de seus ancestrais’.”
Mas o fato é que, quando o assunto é a pessoa de Jesus Cristo, mesmo entre os incrédulos a resposta não é clara. “Existem aqueles que defendem a ideia do Jesus mito, dizendo que ele não foi nada além do que um plágio de divindades egípcias, gregas, romanas e do hinduísmo”, explica o pastor e teólogo Luiz Gustavo Assis, de Porto Alegre, RS. Alguns ateus militantes são taxativos em dizer que Jesus jamais existiu, e quase num malabarismo lógico (ou ilógico) tentam descartar as mais de dez referências extrabíblicas que O mencionam. Mais recentemente, o agnóstico Bart Ehrman lançou o livro Did Jesus Exist? The Historical Argument for Jesus of Nazareth (HarperOne, 2012), no qual ele curiosamente defende a historicidade do carpinteiro de Nazaré! “Afinal, quem está com a razão?”, pergunta Luiz.
Lunático ou impostor
Entre uma e outra crítica, existem uns poucos fatos bem conhecidos na matéria da Super. Por exemplo: “Outro consenso é o de que Jesus nasceu ‘antes de Cristo’. A fonte aí é a própria Bíblia [note como, de repente, numa crise de “bipolaridade jornalística”, a Bíblia passa a ser aceita como fonte histórica]. Mateus e Lucas dizem que Ele veio ao mundo durante o reinado de Herodes, o Grande (não confundir com Herodes Antipas, seu filho, o soberano da Galileia durante a fase adulta de Jesus). Bom, como esse reinado terminou em 4 a.C., Ele não pode ter nascido depois disso. E sobre o dia do nascimento a Bíblia é clara: não diz nada.” Curiosamente, Superinteressante escolhe os textos bíblicos que devem ser claros e confiáveis e descarta os que não quer que sejam confiáveis. Tanto é que, quando trata dos “reis magos”, sentencia: “Essa é uma história típica da mitologia em torno de Jesus.”
No quarto tópico tratado pela matéria sob o intertítulo “Jesus era só um entre vários profetas”, há a sugestão de que Jesus Cristo teria sido apenas um profeta. O especialista consultado é Chevitarese (sempre ele, também), para quem João Batista seria um “concorrente” de Cristo: “Ele não se ajoelharia na frente de Jesus e diria que não é digno de amarrar a sandália dele, como está nos evangelhos”, diz Chevitarese. E mais uma vez ficamos confusos: Superinteressante aceita ou não o relato dos Evangelhos?
Mais: não é possível aceitar que Jesus fosse apenas um profeta. Nenhum profeta bíblico jamais assumiu prerrogativas divinas como a de perdoar pecados e se dizer Deus. Conforme lembra Luiz Gustavo, no Antigo Testamento, o verbo hebraico salah (perdoar) só ocorre tendo Deus como sujeito. “Quando Jesus utilizou esse verbo, estava deixando bem explícito como Ele via a Si mesmo”, diz o teólogo. Jesus fez isso mais de uma vez, tanto é que quase foi apedrejado por blasfêmia. Fosse apenas humano e teria sido mesmo uma blasfêmia. Fosse apenas humano e não teria aceitado a declaração de Tomé: “Meu Senhor e meu Deus.” Se Jesus fosse apenas humano, jamais teria sido aceito como profeta, apenas. Ou seria um lunático ou um impostor. Não profeta.
“Entregar” e “receber”
O tópico 5 vai mais longe ao afirmar que Mateus, Marcos, Lucas e João não são os autores dos evangelhos. “Ninguém sabe quem escreveu os livros”, afirma a revista. Falso. Os chamados pais da igreja, ou seja, a geração seguinte de líderes que sucedeu os apóstolos, citaram vários textos dos Evangelhos, tanto é assim que, conforme acreditam alguns estudiosos, mesmo que se perdessem os manuscritos dos apóstolos seria possível recuperar toda a história de Jesus com base nos textos patrísticos que citam os Evangelhos.
Outra “verdade” da Super: “O mais provável é que comunidades cristãs tenham encomendado esses trabalhos [os Evangelhos] – e ditado aos escribas as histórias que conhecemos hoje.” Por quê? Porque, segundo a revista, os discípulos seriam analfabetos. Contraditoriamente, a mesma matéria informa que Mateus era cobrador de impostos e que Lucas era médico. Seriam mesmo analfabetos? De acordo com o especialista em Novo Testamento Ben Whiterington III, do Asbury Theological Seminary, nos EUA, a palavra grega agrammatos, utilizada em Atos 4:13 referindo-se aos discípulos de Cristo, tem o significado de não ser treinado nas leis rabínicas e não significa ausência de instrução. (Certa ocasião, a revistaGalileu também afirmou que Jesus seria iletrado, esquecendo-se completamente da cena em que Ele escreve no piso do templo.)
“Dos evangelhos, o primeiro a ser escrito foi aquele que hoje [não apenas hoje, mas desde sempre] é atribuído a Marcos, quase 40 anos após a morte de Jesus”, afirma a matéria, se esquecendo de que uma fonte tão recente assim em relação aos fatos ocorridos seria facilmente refutada pelas testemunhas oculares ainda vivas na época. Segundo Luiz Gustavo, atualmente existe acalorada discussão envolvendo um fragmento descoberto entre os Manuscritos do Mar Morto, na Jordânia, e o Evangelho de Marcos. Trata-se do documento 7Q5, que muito provavelmente seja o manuscrito mais antigo desse evangelho, de acordo com o falecido papirologista espanhol e teólogo Josep O’Callaghan. “É bom lembrar que a comunidade de Qumran foi destruída antes do ano 70 d.C., e na biblioteca deles já havia um exemplar do Evangelho de Marcos. Sem dúvida, ele deve ter sido escrito antes dessa data”, conclui Luiz. Os textos de Paulo são ainda mais próximos do tempo de Jesus. Um exemplo disso é 1 Coríntios 15:3-7. Trata-se de um antigo credo cristão que Paulo estava citando para os fiéis de Corinto. Existem várias palavras e expressões nesses versos que jamais foram utilizadas por ele em outras passagens, demonstrando que ele estava citando algo. Não só isso, mas os verbos “entregar” e “receber” eram termos técnicos utilizados no meio rabínico para transmitir tradições orais.
A “esposa do Cordeiro”
As fortes tendências semíticas nesses textos demonstram que esse credo surgiu na região de Jerusalém e Paulo deve ter tido contato com ele em algum momento depois de sua conversão, em 34 d.C., poucos anos após os ministério de Jesus, que se encerrou em 31 d.C. “Em outras palavras”, explica Luiz, “o que temos em 1 Coríntios 15:3-7 é um credo cristão falando da morte, sepultamento, ressurreição e das aparições de Jesus, elaborado pouco tempo depois desses eventos, e que facilmente poderia ser desmentido.”
Na contramão da Super, a jornalista Isabela Boscov, na revista Veja do dia 15 de dezembro de 2004, escreveu: “As fontes mais aceitas sobre a trajetória de Jesus – os evangelhos sinópticos, de Mateus, Lucas e Marcos – são consistentes com o que se sabe sobre a Palestina do século I, de forma que a chance de serem fruto da imaginação de seus autores é desprezível.”
Sir William Ramsey, célebre historiador e arqueólogo do século 19, esforçou-se por demonstrar que a história de Lucas estava cheia de erros. Entretanto, após toda uma vida de trabalho e estudos, ele escreveu: “A história de Lucas é insuperável quanto a sua fidedignidade” (The Bearing of Recent Discoveries on the Trustworthiness of the New Testament [Grand Rapids: Baker], p. 81). Mas a Superdona da verdade consulta esse tipo de fonte? Não, nunca.
A revista não ia perder a chance de colocar o dedo na polêmica em torno da suposta esposa de Jesus: ao falar a respeito dos “evangelhos apócrifos”, informa que “um deles é aquele descoberto recentemente e que ficou famoso por dizer que Jesus era casado“. Trata-se de um fragmento de papiro em que se lê: “Minha esposa [...].” O resto está cortado. “O manuscrito é dos anos 300 d.C. Bem mais recente que os evangelhos do Novo Testamento”, portanto bem menos confiável que os manuscritos bíblicos. Mas o pior vem a seguir: “O que ele [o fragmento egípcio com texto incompleto e cortado] significa? Que alguma comunidade cristã daquela época acreditava que Jesus era casado.” Isso é interpretação mirabolante de quem não estuda a Bíblia. Ainda que acreditássemos na autenticidade do papiro, o fragmento de frase “Minha esposa [...]” poderia significar muitas coisas, inclusive uma menção à igreja, representada no Apocalipse (e em outros livros bíblicos) como a “esposa do Cordeiro”.
Bom “vendedor”
Além de também tentar redimir o traidor Judas (tópico 6) (leia sobre isso aquiaqui e aqui), no tópico 7, a revista vai mais longe: procura reinterpretar as palavras de Jesus (registradas nos evangelhos que ela não aceita, relembre-se). “O reino de Deus ou Reino dos Céus) que Jesus pregava iria acontecer aqui na Terra mesmo [...] Jesus chega a afirmar que o Reino de Deus já chegou”, diz o texto, numa clara tentativa de sugerir que Jesus não Se refere ao fim do mundo. Que falta faz a boa teologia! Superinteressantedeveria fazer o dever de casa e perguntar a alguns bons teólogos por que Jesus Se referia ao reino de Deus no futuro e no presente. Algum desses estudiosos poderia explicar que Jesus faz menção ao reino da graça (presente) e ao reino da glória (futuro). Como Rei dos reis, onde Jesus está, ali está o reino dos Céus. Portanto, o reino já estava de fato entre as pessoas do século 1, e também pode estar com qualquer um que convide Jesus para morar em seu coração, em sua vida. Mas o aspecto glorioso desse reino de fato está no futuro, quando Jesus voltar à Terra para resgatar aqueles que aceitaram o reino da graça. Simples assim. Não tem nada de oportunismo, como Superinteressante sugere, como se Jesus, ao ver que Sua pregação apocalíptica não se cumpria, teria se saído com esta: “Meu reino não é deste mundo.”
O viés da matéria da Superdona da verdade fica ainda mais claro no fim do texto, no “Para saber mais”. São indicados apenas dois livros, de autores que defendem a mesma linha de pensamento: André Chevitarese e o ex-cristão Bart Ehrman. Existem vários acadêmicos de respeito que poderiam ser citados como contraponto. O teólogo e filósofo Gary Habermas, da Liberty University, nos EUA (leia entrevista exclusiva com ele na revista Conexão 2.0 de janeiro), e Craig Evans, da Acadia Divinity College, no Canadá. Ambos possuem vários livros publicados sobre Jesus e o surgimento do cristianismo, mas são sempre ignorados em matérias como essa da Super.
Se não consegue sequer fazer bom jornalismo “ouvindo os dois lados”, como Superinteressante vai nos fazer crer que é capaz de falar de Jesus com isenção? Bem, o importante é vender revistas e Jesus é um bom “vendedor”. Isso é fato e a Super sabe muito bem.

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