Mostrando postagens com marcador Evangelho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Evangelho. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A mulher grávida que pisou a cabeça da cobra – uma leitura crítica!

Jesus criou as mulheres em igualdade
com os homens. Uma igreja cristã,
em vez de se preocupar com o feminismo
(e incorporá-lo), deveria ensinar o Gênesis.
A gravura deste artigo circulou nas redes sociais e foi fartamente distribuída por pastores, missionários, seminaristas e tantos outros evangélicos neste Natal.
Contudo, o que me chamou a atenção foram as palavras da minha filha de 10 anos ao olhar para esse desenho: “Nada a ver! Não foi Maria quem pisou na cabeça da cobra”! E não foi só minha filha de 10 anos de idade quem se pronunciou sobre o desenho em questão.
“Nós nem vimos a cobra”, disse-me um casal de evangélicos diante da gravura. O que poderia justificar e ser usado como desculpa numa “curtida desatenta” por parte de tantos evangélicos maravilhados com a mulher grávida que pisa a cobra.
“Ah! Que lindo! Tem uma imagem de Maria que também pisa na cobra igualzinha a essa aí. Tão bonito isso”, disse-me uma católica. E devo confessar que, sendo ex-romano, a primeira coisa que me veio à mente foi a pinacoteca das diversas imagens católicas de Maria pisando a cabeça da serpente, que sempre estiveram presentes por toda minha infância e adolescência.
Tirando os evangélicos que “curtiram” sem se dar conta de que a mulher grávida do desenho pisava uma cobra, o que dizem os evangélicos “conscientes”, os que postaram a gravura? “É a Igreja”, responderam.
A mulher é o símbolo da Igreja e a Igreja é quem pisa a cabeça da cobra, que é Satanás. “Pisa” por extensão, é bom frisar. Quem pisou a cabeça da cobra foi Jesus, portanto, sendo Jesus o Cabeça da Igreja, esta o pisa vitoriosamente.
A figura da mulher como imagem da Igreja é depreendida a partir do texto de Apocalipse 12. Porém, o que João faz é o contrário do que seus interpretantes fizeram posteriormente. João toma Maria como símbolo da Igreja (e do Povo de Deus no Antigo Testamento), e não o contrário: a Igreja não é símbolo de Maria.
Mas é exatamente isso o que os católicos romanos fazem. Tanto que eles, ao se depararem com o símbolo da Igreja na figura de Maria, concluem inversamente: “Os homens é que devem escolher em qual lado lutar. Do lado da serpente ou se do lado da semente da Mulher – Maria – Mãe de Jesus Cristo, mas também de cada um” (Padre Paulo Ricardo).
“A semente da Mulher – Maria – Mãe de Jesus Cristo…”. Ora, o romanismo compreende que Maria é mãe da Igreja, a igreja é “semente de Maria”. Por quê? Por extensão também. Se Maria gerou Jesus, que é o Cabeça da Igreja, sendo a igreja o corpo de Jesus, logo Maria é mãe da Igreja.
Por isto, tão imediatamente, numa cultura católica como a brasileira, a maioria das pessoas irá identificar aquela mulher grávida que pisa a cabeça da serpente no desenho em questão não com a Igreja vitoriosa, mas com a mãe da Igreja – a mulher Maria; ainda que o catolicismo oficial saiba muito bem que quem pisou a cabeça da cobra foi Jesus (veja aqui).
A mulher da gravura está grávida. E é na condição de grávida que ela pisa a cabeça da serpente – e não é nada isto o que encontramos em Apocalipse 12. A vitória sobre o diabo, por intermédio de Maria e sem a Cruz, pois Jesus está no ventre dela – protegido de todo mal, de toda dor, de todo sofrimento, enquanto é o pé dela que pisa a cabeça da cobra – esta é a mensagem posta pela gravura.
O parágrafo acima revela o espírito do nosso século representado na gravura: o advento do feminino, da deusa mulher, da superioridade da mulher sobre o homem, da assunção da maternidade sobre a paternidade.
Ainda que a mulher da gravura fosse a Igreja, o equívoco foi coloca-la grávida – mais do que um ruído, mais do que uma mera interferência, é um excesso de informação que desloca o interpretante do verdadeiro sentido do Natal para uma interpretação transbordada de sincretismo pagão da Nova Era.
Sem a encarnação completa, sem a vida de total obediência, sem a paixão e sem a morte substitutiva e a ressurreição vitoriosa que compõem o evangelho da nossa salvação, um Messias protegido no ventre de sua mãe enquanto esta resolve o problema criado pelo ser humano é a interpretação que sobra.
Em outras palavras, é um outro evangelho o da gravura: “Porque, como, pela desobediência de uma só mulher, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de uma só mulher, muitos se tornarão justos”.
Este artigo não comporta tudo o que poderíamos desenvolver sobre a importância de sabermos evangelizar nossa geração, compreendendo todas as nuances e complexidades do nosso multiculturalismo pós-moderno, ainda assim há duas regras simples que eu deixaria aqui.
A famosa regra de ouro diz que, em termos de comunicação, o importante é o que o outro entende e não o que você quis dizer. E evangelizar é comunicar as boas novas da salvação e o mais importante é sabermos o que o outro compreende e não o que eu penso sobre o que ele deveria entender.
A segunda regra é que, como missionários, não basta trabalhar com pressupostos, mas antes com aquilo que está propriamente posto. Em outras palavras, é muito mais importante você compreender o que está posto diante do interpretante por essa imagem da mulher grávida do que esperar que esse interpretante consiga entender os pressupostos da própria imagem da mesma maneira que o seu gueto teológico os entende (“entendimento” este que pode também estar equivocado, conforme demonstrei aqui neste artigo).
Acredito que é preciso comunicar melhor a mensagem do Evangelho, ainda mais quando a veiculamos nas redes sociais, ambiente que alcançará crentes e descrentes das mais diferentes formações, e essa é uma responsabilidade que cabe, indubitavelmente, aos líderes cristãos que se utilizam da internet.
Fonte: Fábio Ribas.
Compartilhe via WhatsApp (ou outros meios):




domingo, 2 de agosto de 2015

Mártires (#Vídeo)

Participe:

Dissipando as trevas (#Vídeo)

Participe:

Alcançando os perdidos (#Vídeo)


Lealdade e perseverança (#Vídeo)

Participe:

Pedro (#Vídeo)

Participe:

domingo, 26 de abril de 2015

#Convite: participe do Grupo "Blog do prof. H" no WhatsApp!


Oi, como vai? Espero que você esteja bem!

Quero convidar você a participar de nosso grupo no WhatsApp chamado  “Blog do Prof. H”.

Para aceitar o convite basta enviar uma mensagem do tipo “quero participar do grupo” para (82) 9690-6390 e você será adicionado! Outra opção é clicar AQUI e ser direcionado a uma página que solicitará seu número. Daí eu faço o resto!

Objetivos do grupo:  

1°) Nossa preparação para a volta de Jesus. 
2°) Ajudar outros a raciocinarem: se Deus criou a vida, o universo e a Bíblia, então Ele é capaz de cuidar de mim também! 
3°) Progresso acadêmico. 
4°) Progresso na Matemática. 
5°) Produção e disseminação de materiais que facilitem o alcance dos outros quatro objetivos!

É isso! Só pra lhe motivar, já são mais de 30.000 pessoas participando no Twitter do Prof. H (twitter.com/professor_h, confere lá!!). Acredito que você poderá se beneficiar e beneficiar outros usando este grupo.


Abraço!

(Hendrickson Rogers) 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A caixa pequena (#HistóriasPraMudarSuaHistória)

Muka vive em um assentamento
rural,  no norte da Namíbia,
com sua família.
Muka (pronuncia-se moo-KAH) é a terceira esposa de um chefe de Himba, vivendo no norte da Namíbia. Enquanto algumas crianças Himba vão à escola, poucos dos que permanecem nos assentamentos sabem ler e escrever. Eles passam sua história e cultura para seus filhos durante os momentos de contar histórias ao redor de uma fogueira a cada noite.

Por mais de 15 anos missionários cristãos têm trabalhado com os Himba, fazendo amizade com eles, ensinando-lhes a respeito de Deus, mostrando que Ele se importa! Eles oraram por Muka quando ela estava gravemente doente e Deus a curou! O marido de Muka respeita os missionários pelo que eles fazem para ajudar a sua família e seu povo.

Muka se sente feliz com as visitas dos missionários e voluntariamente participa de seus momentos de oração. Ela gostaria de participar dos cultos de adoração, mas o culto mais próximo fica muito longe para ir a pé, e a família é muito grande para ir em uma carroça. Assim sendo Muka se contenta em orar a Deus em seus momentos livres.

Recentemente os missionários realizaram uma reunião no acampamento especialmente para o povo Himba. Todo mundo foi convidado e quase todos compareceram. Nas reuniões, os missionários deram aos chefes um presente especial  um leitor de MP3 alimentado por energia solar! Eles instruíram como eles deveriam colocar o MP3 ao sol para carregar as baterias e como ligá-lo para ouvir histórias bíblicas em sua própria língua!

Voltando para casa, o marido de Muka deu um leitor de MP3 para sua primeira esposa para ouvir. Quando ela terminou de ouvir as histórias, ela passou para Muka para que ela e seus filhos pudessem ouvir as histórias de Deus. Depois ela passou para a próxima esposa e, assim, durante o círculo noturno das famílias as histórias de Jesus estão sendo entrelaçadas no tecido da vida do povo Himba!

"Eu entendo melhor a Deus agora, depois de ouvir as histórias que os missionários nos deram na caixa pequena", diz Muka. "Quero aprender mais sobre Deus e como a segui-Lo!"

Os MP3 players realizaram um forte avanço entre os Himba, e uma recente oferta está fornecendo mais centenas de leitores de MP3 e os fundos necessários para gravar mais histórias bíblicas na língua dos Himba! Obrigado por sua contribuição, a qual ajuda pessoas como Muka e sua família a encontrar o Salvador e aprender a segui-Lo!



Tradução e alterações a partir do original por Hendrickson Rogers.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Trabalhando com amor! (#HistóriasPraMudarSuaHistória)

Muthu Kutti é um professor
missionário que vive em
Madurai que fica
em Tamil Nadu, Índia.
Muthu é um professor de Bíblia numa Escola cristã de ensino médio no sudeste da Índia. Mas o seu ministério se estende para além da sala de aula. Ele leva seus alunos para as aldeias para realizar a Escola Sabática! A maioria dos moradores sabe pouco sobre Jesus, de modo que o objetivo da Escola Sabática é tornar Jesus conhecido. 

As crianças vêm em primeiro lugar, se reunindo sob uma árvore para ouvir histórias e cantar músicas. Em seguida, os membros da equipe visitam as casas dos moradores para orar pelos enfermos ou desanimados. Eventualmente adultos participam dessas reuniões.

Um dia Muthu visitou uma aldeia e descobriu que a chuva pesada havia danificado uma casa de barro bastante antiga, fazendo-a entrar em colapso e deixando a mulher que vivia ali desabrigada! Ela tinha lepra e ninguém queria chegar perto dela.

Em vez de ir à Escola Sabática, Muthu e sua equipe limparam o entulho do local daquela casa. Logo aldeões se prontificaram a ajudar também. Eles cortaram algumas madeiras e estenderam uma lona sobre eles para um abrigo temporário.

Durante a semana Muthu e sua equipe começaram a construir uma casa pequena e resistente para a mulher. Os aldeões viram que nenhum mal veio para Muthu ou seus companheiros de equipe, e eles começaram a tratar a mulher como um deles novamente! Alguns deram suas roupas e utensílios domésticos para substituir o que ela tinha perdido.

No sábado seguinte, a mulher encontrou Muthu e pediu-lhe para vir à casa dela. Lá, ela apontou para dois sacos grandes cheios de cocos. "Esses são a minha oferta", disse ela. Muthu foi tocado quando ele percebeu que esta mulher tinha reunido cerca de 100 cocos e trazido, um a um, a sua pequena casa! Seu trabalho de amor tinha levado toda a semana!

Hoje, um grande grupo se reúne na aldeia para a adoração. A vila não possui igreja, mas é bastante receptiva aos cristãos porque sabem como essas pessoas se importam! A igreja mais próxima fica a cinco ou seis quilômetros de distância, e não há transporte seguro. Os novos conversos estão aprendendo a orar e pedir a Deus por uma igreja em sua aldeia.

Milhares de aldeias como esta possuem apenas deuses de pedra para adorar. As pessoas ainda esperar ouvir como Jesus as ama e quer viver com elas para sempre. Ofertas missionárias podem tornar possível que essas pessoas tenham uma igreja simples, para adorar a Deus e convidar outras pessoas também.


Tradução e alterações a partir do original por Hendrickson Rogers.

sábado, 18 de outubro de 2014

Caminhos... (#HistóriasPraMudarSuaHistória)

Tradução livre: O Caminho de Jesus -- Organização de Estudantes Cristãos.
Sou* um cristão da quarta geração aqui na República Checa, o segundo país mais ateu da Europa. Ir à igreja fazia parte da minha vida como fazer compras no supermercado e comer. Eu gostava de ir à igreja, porque eu tinha amigos lá, mas eu não tinha um relacionamento com Deus. Eu tinha desenvolvido um quadro bastante distorcido de Deus. Muitos outros jovens viviam assim também e muitos deles deixaram de ir à igreja quando ingressavam na universidade.
Os líderes cristãos oraram por uma forma de alcançar as pessoas em idade universitária. Deus respondeu suas orações com o "INRI Road", que significa o caminho de Jesus. É um programa voltado principalmente para estudantes universitários.
Quando comecei meus estudos universitários, um jovem pastor me convidou para participar de INRI RoadÉ diferente de tudo o que já vi! As reuniões ocorrem geralmente à noite e com muitas oportunidades de se relacionar com os outros estudantes. O programa inclui estudos bíblicos, é claro, mas também há a possibilidade de se participar de grupos de conversação, equipes esportivas, e outras atividades. Eu continuei indo porque eu gostei dos relacionamentos.
Mark, fundador do INRI Road e líder do grupo na cidade onde eu estou estudando, me perguntou se eu gostaria de participar da equipe de planejamento do INRI RoadEu concordei. Fomos encorajados a experimentar nossas idéias sobre divulgação para ver se elas vão funcionar! 
Temos um monte de pequenos grupos que compõem o INRI Road.
Por exemplo, uma moça cristã que estuda medicina convidou outra garota cristã para orarem juntas ao lado das estantes da biblioteca. Outros se juntaram a elas, e o grupo cresceu! Eles queriam um lugar para conhecer, então o INRI Road convidou-os a participar. Isso é típico da forma como o INRI Road está crescendo. Muitos membros não são cristão, mas são amigos!
Eu participo de dois grupos de estudos da Bíblia e o estudo aprofundado que fazemos abriu a Palavra de Deus de maneiras novas e surpreendentes para mim! Eu vejo o quanto Deus tem me conduzido em minha caminhada com Ele! Estou aprendendo a confiar em Deus em tudo. Ele está me dando oportunidades para agir quanto as lições que me ensinou, para eu compartilhar o que aprendi com os outros.
Quero passar o que estou aprendendo sobre Deus e sobre a vida para outros. Eu quero ajudar os outros a enxergarem que suas vidas são um dom de Deus, um presente que é nossa responsabilidade dar aos outros. Essa percepção mudou a minha vida!
*Jan Justra está estudando farmacologia e teologia em Brno, República Checa.

Tradução (e alterações a partir do original) por Hendrickson Rogers.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Cada um fazendo a sua parte! (#HistóriasPraMudarSuaHistória)

Membros celebram sua nova igreja em
Temryuk, na Rússia.
Cristãos na Rússia ocidental trabalham juntos para conquistar o coração de seus vizinhos e, por vezes, o de ladrões, para Jesus! Eles escrevem os nomes das pessoas por quem eles estão orando em um livro. Em seguida, eles entregam folhetos ou boletins informativos para essas pessoas durante a semana.


Certa vez, uma mulher que possui uma fazenda de bodes pediu a Deus para lhe mostrar por quem ela deveria orar e Deus mostrou a ela de uma maneira incomum! A mulher percebeu que seus bodes estavam desaparecendo. Dias depois, ela encontrou um homem que tirava uma de suas cabras de seu curral! Ela o surpreendeu e ele lhe disse:
- "Minha família está com fome!! Se eu vender a cabra, eles poderão ter o que comer!"

A mulher cristã pediu ao homem para colocar o animal de volta no cercado, enquanto ela preparava comida para sua família. Ela lhe deu a comida e alguns folhetos missionários também. A família do homem leu os folhetos. O homem agora trabalha como pastor de cabras para a mulher cristã, e sua família congrega na mesma igrejinha da mulher cristã!
Aconteceu ainda que, três mulheres cristãs, irmãs, estavam orando por um apartamento para alugar. Uma senhora ofereceu um para alugar, e as irmãs se mudaram.
Logo elas descobriram que a proprietária falava com os espíritos. As irmãs oraram pela senhora, mas elas estavam receosas de falar com ela sobre sua aliança com os anjos maus disfarçados em espíritos! Em vez disso, elas deixaram alguns panfletos da Bíblia sobre a mesa onde a senhora poderia encontrá-los. A mulher pegou os folhetos e começou a ler um por um. Um dos folhetos tratava exatamente sobre as mentiras hábeis de Satanás! Ao ler, a dona do apartamento percebeu que tinha uma aliança com o diabo. Ela, então, pediu às irmãs mais panfletos e livros sobre Deus!
Através da fidelidade em compartilhar sua fé, a congregação de cristãos tem crescido! Mas os membros não tinham um local adequado para se encontrar. A igreja mais próxima ficava a vários quilômetros de distância, em outra cidade. Eles lutaram para arrecadar dinheiro para a construção de uma igreja até que um projeto de ofertas ajudou a tornar o sonho deles uma realidade! Hoje existe uma igreja simples e aconchegante naquela cidade, no oeste da Rússia. Um farol e um testemunho do poder de muitos que trabalham juntos com um só propósito -- preparar as pessoas para a volta de Jesus!
Tradução (e alterações a partir do original) por Hendrickson Rogers.

sábado, 15 de junho de 2013

Raciocínio grego versus raciocínio hebraico!

Adotar uma perspectiva hebraica das Escrituras ajuda a entender o pensamento dos autores bíblicos?

Na Antiguidade, dentre as várias cosmovisões existentes, duas, em especial, se destacavam. Grécia e Israel tinham modos bem distintos de pensar. É preciso admitir que os gregos deixaram uma herança muito rica para o Ocidente, nas artes, na ciência e na cultura. Sem eles, não seríamos o que somos hoje. No entanto, do ponto de vista religioso, a influência grega trouxe mais problemas do que vantagens. Se hoje temos tanta dificuldade para entender a Bíblia, em grande parte, isso se deve à nossa mente “helenizada” (é preciso lembrar que os autores bíblicos eram, em sua maioria, hebreus e que até o Novo Testamento, escrito em grego, reflete o modo hebraico de pensar). Daí a importância de entender mais a fundo a mentalidade hebraica antiga.

O objetivo deste artigo é relacionar, de modo sucinto, algumas das principais nuances do pensamento hebraico, comparando-as ao pensamento grego, que, via de regra, é também o pensamento ocidental.

Vale lembrar que nem todos os gregos e hebreus pensavam de maneira idêntica. Havia, dentro de cada cultura, diferentes ramificações quanto à religião e à filosofia. As características abaixo representam cada modo pensar de forma geral, sem levar em consideração as diferentes subdivisões.

Concreto x abstrato

No idioma hebraico antigo (língua predominante do Antigo Testamento), ao contrário do grego, as ideias eram muito mais concretas do que abstratas. Até conceitos abstratos, como os sentimentos, costumavam ser associados a algo concreto.

Em hebraico, a palavra “ira” ou “raiva”, por exemplo, é ’af (Êx 4:14), a mesma que é usada para “nariz” ou “narinas” (Jó 40:24). Mas o que tem que ver nariz com raiva? Geralmente, quem fica com muita raiva respira de modo acelerado, e as narinas se dilatam. Talvez esse seja o motivo concreto por trás da relação entre as duas palavras.

Outro exemplo desse concretismo hebraico é a palavra “fé”, ’emunah (Hc 2:4), que em vez de significar apenas crença ou aceitação mental – como no grego –, expressa também qualidades como firmeza, fidelidade e estabilidade. Ter fé, na visão hebraica, é se firmar em Deus, como uma estaca fincada no chão (ver Is 22:23, onde “firme” vem do verbo ’aman, a mesma raiz de ’emunah). Portanto, crer, do ponto de vista bíblico-hebraico, inclui também a ideia de se apegar a Deus e ser fiel.

Dinamismo x ócio

Na Grécia antiga, dava-se mais valor à falta de ocupação do que ao trabalho, principalmente entre os atenienses. Não ter que trabalhar e se dedicar apenas à contemplação e ao mundo das ideias era considerada a mais nobre das “atividades”. Já os hebreus eram um povo extremamente dinâmico e seu idioma refletia isso.

No português, como em outras línguas, o sujeito vem em primeiro lugar na frase, e o verbo, geralmente, é colocado logo em seguida. Exemplo: “Antônio obedeceu a seu pai.” Em hebraico, a ordem das palavras ficaria assim: “Obedeceu Antônio a seu pai.” Isso mostra o valor das ações para os hebreus.

Até substantivos que, para nós, não implicam necessariamente uma ação, para eles envolviam algum movimento. A palavra “presente” (ou “bênção”), berakah em hebraico (Gn 33:11), por exemplo, vem da raiz brk (“ajoelhar”), e significa “aquilo que se dá com o joelho dobrado”, fazendo referência ao costume de inclinar o corpo ao presentear alguém. A palavra “joelho”, berek (Is 45:23), por sua vez, significa, literalmente, “a parte do corpo que se dobra”.

O conceito hebraico de comunhão – “andar com Deus” (Gn 6:9; Mq 6:8) – também envolve movimento e significa manter um relacionamento constante com Ele. E a palavra “júbilo”, rwa‘ ou ranan (Sl 100:1; 149:5), significa “dar um grito retumbante de alegria”.

Para os hebreus, havia uma íntima relação entre aquilo que se fala e o que se faz. Entendia-se que a palavra de um homem deve corresponder às suas ações. Aliás, “palavra”, em hebraico, significa também “coisa” ou “ação”, dabar. Logo, dizer algo e não agir de acordo implicava mentira, falsidade.

Essência x aparência

Os gregos descreviam os objetos em relação à sua aparência. Os hebreus, ao contrário, consideravam mais a essência e função das coisas. Exemplo: Se nos mostrassem um lápis e nos pedissem para descrevê-lo, como seria nossa descrição? Provavelmente, diríamos: “O lápis é azul”, ou “é amarelo”; “tem ponta fina”, ou não; “é cilíndrico”, ou “é retangular”; “é curto”, ou “é comprido”; etc. Note que em todas essas características a ênfase está na aparência.

Um hebreu descreveria o mesmo lápis de forma bem mais simples e objetiva: “É feito de madeira, e eu escrevo palavras com isto.” Na cosmovisão hebraica, a essência das coisas e sua função eram mais importantes que a forma ou a aparência.

Por isso, os elogios de Salomão à sua amada no livro de Cantares parecem tão estranhos para nós, ocidentais. Dizer a uma mulher: “O teu ventre é [um] monte de trigo” (Ct 7:2) pode não soar bem hoje em dia. Mas, na cultura da época, a imagem do trigo trazia a ideia de fertilidade e fartura (função e essência), e ter muitos filhos era o sonho de toda mulher.

Outro exemplo é a descrição feita sobre a arca de Noé e o tabernáculo do Antigo Testamento (Gn 6:14-16; Êx 25-28). Qualquer um que lê o que a Bíblia diz a respeito dessas construções nota que há muito mais detalhes sobre a estrutura e os materiais empregados na confecção do que em relação à sua aparência.

Além de funcional e essencial, o estilo de descrição dos hebreus era também pessoal – o objeto era descrito de acordo com a relação dele com a pessoa. Ao descrever um dia ensolarado, em vez de dizer: “O dia está lindo”, um hebreu diria: “O sol aquece meu rosto!” Daí a descrição de Davi: “O Senhor é o meu pastor” (Sl 23:1).

Teoria x prática

Na cosmovisão grega, “saber” era mais importante do que “ser”. Para os gregos, sabedoria era o resultado sobretudo do estudo, da contemplação e do raciocínio. O conhecimento era essencialmente teórico, limitado ao mundo das ideias, e o mais importante era conhecer a si mesmo.

Para os hebreus, no entanto, o conhecimento era essencialmente prático. Conhecer era, principalmente, experimentar, se envolver com o objeto de estudo. O conhecimento de Deus era o mais importante, e a verdadeira sabedoria estava em saber ouvir, especialmente a Ele – “Ouve, ó Israel [...]” (Dt 6:4). Na mentalidade hebraica, “temer a Deus” é o primeiro passo para ser sábio (Sl 111:10; Pv 1:7).

Tempo x espaço

Quando queremos incentivar alguém a prosseguir, dizemos: “Bola pra frente!”, e quando queremos dizer que algo ficou no passado, falamos: “Ficou para trás.” Mas quem nos ensinou que o futuro está à nossa frente e o passado atrás? Possivelmente, os gregos. Eles tinham uma visão espacial do tempo, e nós herdamos isso.

Os hebreus (que valorizavam mais o tempo do que o espaço) enxergavam passado e futuro de modo diferente. Para eles, mais importante do que localizar o tempo de forma espacial era defini-lo em ações completas e incompletas (aliás, “completo” e “incompleto” são os nomes que se dá aos tempos verbais do hebraico).

Na mentalidade hebraica antiga, o passado (tempo completo) estava à frente (as palavrastemol e qedem, “ontem” ou “antigamente”, significam também “em frente”), e o futuro (tempo incompleto) estava atrás – mahar, “amanhã” ou “no futuro”, vem da raiz ’ahar, que significa, entre outras coisas, “ficar atrás”, ou “para trás”. (Veja Êx 5:14; Jó 29:2; Êx 13:14 e Dt 6:20.)

E por que eles entendiam o tempo assim? O pensamento hebraico era simples e direto. O passado já foi completado, por isso podemos olhar para ele como se estivesse diante dos nossos olhos. O futuro, porém, ainda está indefinido, incompleto, por isso, ainda é desconhecido e é como se estivéssemos de costas para ele.

História cíclica x linear

Os gregos viam o curso da história como uma espécie de roda gigante. Para eles, a história se repetia eternamente, num eterno vai e vem sem destino.

Para os hebreus, no entanto, a história era linear e climática. Deus foi quem a iniciou (Gn 1:1), e é Ele quem faz com que ela prossiga para um fim, um clímax, o chamado “Dia do Senhor” (yom Yahweh; Sf 1:7, 14; Jl 2:1; 2Pe 3:10). Mas essa descontinuidade da história será apenas o começo da eternidade (‘olam; Dn 12:2).

Deus x “eu”

Na cosmovisão grega, o “eu” (ego) era o centro de tudo. Diz a lenda que à entrada do Oráculo de Delfos, na Grécia Antiga, havia a frase “Conhece-te a ti mesmo”. Na cultura hebraica, por outro lado, Deus era o centro de todas as coisas. Os hebreus não dividiam a vida, como nós fazemos, em sagrada e secular. Para eles, essas duas áreas eram uma coisa só, sob o domínio de Deus.

Até mesmo as tarefas do dia a dia eram consideradas, de certa forma, sagradas. A palavra hebraica ‘abad – “servir” ou “adorar” (Sl 100:2) – pode ser também traduzida como “trabalhar”. Na lavoura, na escola ou no templo, a vida era vista como um constante ato de adoração (1Co 10:31; Cl 3:2; 1Ts 5:17). Para eles, a adoração era mais do que um evento, era um estilo de vida.

Pensamento corporativo x individualismo
           
Os gregos consideravam a individualidade um valor supremo e praticamente inegociável. Os hebreus, por sua vez, tinham uma “personalidade corporativa” e enfatizavam a vida em comunidade. Na cosmovisão hebraica, havia uma ligação inseparável entre o indivíduo e o grupo. A vitória de um era a vitória de todos, e o fracasso de um representava o de todos. Por isso, para os cristãos, se, por um lado, a falha de Adão lá no Éden representou nossa queda, por outro lado, a morte de Cristo na cruz dá a todos a oportunidade de salvação (1Co 15:22; Jo 3:16). 

Amor: decisão x emoção

No mundo grego, o amor, em suas várias formas, se resumia muitas vezes a um mero sentimento. Na visão hebraica, porém, amor é mais que isso: é uma escolha (em Ml 1:2, 3 e Rm 9:13, “amar” e “odiar” são sinônimos de “escolher” e “rejeitar”). É algo prático, traduzido em ações – a Deus e ao próximo (Mt 22:35-40).

Paz: presença x ausência

No pensamento ocidental, paz depende das circunstâncias. É a ausência de guerras, problemas e perturbações. Mas para os hebreus, paz não implicava, necessariamente, ausência, e sim presença. Só a presença de Deus pode trazer bem-estar, segurança e felicidade – que são ideias contidas na palavra shalom (Jz 6:24).

Integral x dualista

Os gregos tinham uma visão dualista da realidade. Com base nos ensinamentos de Platão, acreditavam que havia dois mundos: o das ideias (ou do espírito) e o mundo real. De acordo com essa visão, o ser humano era formado por duas partes: espírito (ou alma) e corpo. Para eles, o corpo e as coisas materiais eram ruins, e apenas o “espírito” e as coisas do “além” podiam ser considerados bons. Assim, a morte, na verdade, seria a libertação da alma, que, enquanto estivesse no corpo, estaria presa ao mundo material.

Já os hebreus tinham uma visão integral da vida. Para eles, o ser humano era completo, indivisível. Na mentalidade hebraica, alma se refere ao indivíduo como um todo (corpo, mente e emoções). De acordo com Gênesis 2:7, nós não temos uma alma, nós somos uma alma, ou seja, seres vivos (nefesh hayyah, em hebraico). Ao contrário dos gregos, que criam na imortalidade do espírito, os hebreus acreditavam na mortalidade da alma e na ressurreição (Ez 18:4; Dn 12:1, 2).

Espiritualidade x misticismo

Para os gregos, espiritualidade era algo místico. Ser espiritual significava desprezar totalmente a matéria e se conectar ao “outro mundo”. Esse desprezo das coisas materiais variava entre dois extremos. Alguns, por exemplo, renunciavam completamente os prazeres físicos, tais como a alimentação e o sexo, a ponto de mutilar seus órgãos genitais. Outros, por outro lado, se entregavam a todo tipo de sensualidade e orgia. Ambos os comportamentos tinham como base a ideia de que o corpo é mau, e que, no fim das contas, o que importa mesmo é a “alma”.

Mas para a cosmovisão hebraica, o corpo foi criado por Deus, e por isso é sagrado. A Bíblia diz que “do Senhor é a Terra” (Sl 24:1). E enquanto criava o mundo, Deus viu que este “era bom” (Gn 1:10, 12, 18, 21) – e não mau, como acreditavam os gregos. Deus fez o mundo (as coisas materiais), e deu ao ser humano a responsabilidade de cuidar dele.

Para os hebreus, portanto, espiritualidade tinha que ver, sim, com esta vida. Na cosmovisão bíblica, não é preciso se isolar em um monastério, recorrer à meditação transcendental ou entrar num estado de transe para atingir “o mundo superior”. É possível ser “santo” e desenvolver a espiritualidade no dia a dia, nas situações comuns da vida e no trato diário com as pessoas (Lv 20:7; 1Pe 1:16).

Conclusão

Embora devamos muito aos gregos como herdeiros de sua cultura, é fundamental que adotemos uma perspectiva hebraica ao estudar as Escrituras, a fim de que nossa hermenêutica se aproxime ao máximo do modo de pensar dos autores bíblicos, bem como do sentido original do texto.  

(Eduardo Rueda é bacharel em Teologia e editor associado na Casa Publicadora Brasileira)

Fontes: Thorleif Boman, Hebrew thought compared with greek (Norton, 1970); Marvin R. Wilson, Our Father Abraham (Eerdmans, 1989); _________, “Hebrew thought in the life of the church”, The living and active word of God (Eisenbrauns, 1983); Jacques Doukhan, Hebrew for Theologians (University Press, 1993); Ferdinand O. Regalado, Hebrew thought: its implications for adventist education (Universidade Adventista das Filipinas, 2000); Daniel Lopez, doutorando em linguística pela UFF-RJ e professor de Filosofia da Educação na UFRJ; Rodrigo P. Silva, graduado em filosofia, arqueólogo e doutor em Teologia; site.

Fonte: Criacionismo.

Compartilhe com os seus o que lhe interessa!

PDF e/ou impressão:

Print Friendly and PDF
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Envie este artigo para seus seguidores!

Locais dos Estudantes de hoje:

podcasting