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Senhor Jesus disse: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus”
(Mc 10:18). Porém, em Lc 6:45 Ele afirmou: “o homem bom do bom tesouro do
coração tira o bem”! E Davi também afirmou: “JAVÉ firma os passos do homem bom”
(Sl 37:23). Como entender essa contradição? E mais, Jesus não é Deus?! Só há
uma Pessoa divina, Deus Pai?
Mateus,
João Marcos (At 15:37) e Lucas registraram o diálogo entre o “bom Mestre” e o “homem
de posição” (mais conhecido como o jovem rico!). Confira Mt 19:16-23, Mc
10:17-22 e Lc 18:18-23. É curioso notar como Mateus não apresenta a saudação
que os outros dois escritores bíblicos afirmam ter ouvido daquele homem (Almeida Atualizada): “Bom Mestre,
que farei par herdar a vida eterna?” (Marcos e Lucas) “Mestre, que farei eu de bom para alcançar a vida eterna?” (Mateus) E
Marcos é o único em afirmar que o homem se ajoelhou ao saudar Jesus e fazer-Lhe
a grande pergunta!
Desejo
fazê-lo(a) ver que tais informações não são necessariamente contradições! Você
certamente já ouviu da história dos
seis indianos cegos que apalparam o mesmo elefante e mencionaram animais
diferentes, ao serem perguntados sobre o que eles achavam que estavam tocando.
Ao tocar em partes distintas do grande animal, os seis homens pensaram e imaginaram
coisas diferentes! Embora os escritores bíblicos em questão não tenham sido
deficientes visuais, certamente, por serem humanos, pecadores e únicos, mesmo
sob a poderosa influência do Senhor Espírito (II Pe 1:20,21), notaram e
registraram aquilo que o conteúdo, a personalidade de cada um ponderou!
Lembre-se, Deus não oblitera a identidade de Seus instrumentos, ainda que isso
prejudique a qualidade da obra, da missão designada para eles. O Criador é muito
educado e respeitador, diferentemente de Seu opositor que, ao possuir um
organismo vivo (humano, animal ou vegetal), impõe sua própria identidade e
altera as características singulares da vítima. Dê uma olhada na Natureza (crueldade,
deformações), na própria Bíblia (a serpente, os espinhos e as culturas que
ofereciam sacrifícios humanos e promiscuidade como adoração aos deuses!) e
compare o estilo de vida dos anjos não caídos com o dos anjos caídos e veja
quão intruso e inconveniente é Satanás em contraste com a beleza do caráter
fidedigno dos Governadores do universo, JAVÉ trino.
Segundo o Léxico do Novo Testamento (Grego-Português)
de F. Wilbur Gingrich, o bom em
questão possui os seguintes significados: [αγαθός, ή, όν] bom, benéfico — 1.
Aplicado a pessoas: Deus, perfeito,
completo Mc 10.18. Moralmente
bom, reto, justo, de Cristo Jo 7.12, de pessoas Mt 12.35; At 11.24. Bom,
benevolente, benjeitor At 9.36; 1 Pe 2.18. — 2. aplicado a coisas: fértil
Lc 8.8; são Mt 7.17s.; benéfico, íntegro 7.11; útil Ef
4.29; próspero, feliz 1 Pe 3.10; limpo 1 Tm l.5\firmeTt 2.10;
confiável 2 Ts 2.16. Melhor Lc 10.42. — 3. neut., usado como subst. em
sentido moral, o que é bom, o bem Rm 2.10. Bons atos, boas obras, Jo
5.29. Bem, lucro Rm 8.28. Bens, propriedades Lc 2.18; 16.25.
Assim sendo, temos o “bom
Mestre” (Mc 10:17 e Lc 18:18) significando “Mestre justo, moralmente bom”; o “homem
bom” (Lc 6:45 e Sl 37:23) significando “o Senhor firma os passos de um homem, quando a conduta
deste o agrada” (Sl 37:23, NVI), que melhor traduz as expressões
presentes na LXX. Portanto, não há contradição também no quesito doutrina bíblica
entre os textos citados.
A próxima questão a ser
respondida tem que ver com a divindade do Senhor Jesus. Eu não vou começar a
respondê-la ignorando o fato evidente da humildade de Cristo (e até aparente autonegação de Sua divindade!)
ao responder à saudação do “homem de
posição”: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus” (Mc 10:18
e Lc 18:19). Primeiro quero contextualizar a resposta do grande Emanuel. Depois
confirmar Sua forma humana que não somente O diminuiu em relação ao Pai (Jo 14:28)
e ao Senhor Espírito (14:12) como também O tornou, até hoje, único (1:18), diferente
dos Outros Dois (Zc 13:6 e Ap 1:18), mas
não menos divino que Eles (Rm 9:5 e Ap 5)!
Jesus nunca concordou com a
salvação pelas obras “[A pergunta do “homem
de posição”] refletia o típico concito farisaico da justificação pelas obras
como passaporte para a vida eterna (cf. Mt 19:17). O jovem rico havia cumprido conscienciosamente
a todos os requisitos da Lei, pelo menos segundo as aparências! Sem dúvida também
havia feito tudo o que ordenavam os rabinos, mas sentia que algo lhe faltava” (Comentário
Bíblico Adventista em espanhol, 446). “O jovem que fez essa
pergunta era príncipe. Tinha grandes haveres e ocupava posição de
responsabilidade. Vira o amor que Cristo manifestara para com as crianças que
Lhe foram levadas; viu quão ternamente as recebera e tomara nos braços, e o
coração encheu-se-lhes de amor para com o Salvador. Sentiu o desejo de ser Seu
discípulo. Tão profundamente movido foi, que, ao seguir Cristo Seu caminho,
correu após Ele e, ajoelhando-se-Lhe aos pés, dirigiu com sinceridade e fervor
a pergunta tão importante para sua alma e a de toda criatura humana: ‘Bom
Mestre, que farei para herdar a vida eterna?’. ‘Por
que Me chamas bom?’ disse Jesus, ‘ninguém há bom senão um, que é Deus.’ Mar.
10:18. Jesus desejava provar a sinceridade do príncipe, e verificar em que
sentido O considerava bom. Compreenderia ele que Aquele a quem falava era o
Filho de Deus? Qual o verdadeiro sentimento de seu coração? Esse príncipe tinha
em alta conta sua própria justiça. Não pensava, na verdade, que faltasse em
qualquer coisa; contudo, não estava de todo satisfeito. Sentia a falta de algo
que não possuía. Não poderia Jesus abençoá-lo assim como fizera às criancinhas,
e satisfazer-lhe a necessidade da alma?” (DTN, 518) É como se o “bom
Mestre” daquele homem fosse uma homenagem a Jesus, mas vinda de um igual a Ele.
Sua saudação refletia seu autoconceito. É como se ele pensasse: “Sou tão justo
como aquele rabi, mas não consigo ser tão feliz, satisfeito e operante pela
salvação dos outros como ele”!
Jesus
é a salvação dos pecadores O Deus-Homem levou a atenção
daquele pecador para o fato de não existir ser humano algum que alcance o Céu
sem a misericórdia de Deus. Não é possível por processos humanos (invenções)
melhorar o caráter, vencer a natureza pecaminosa e as tentações sobrenaturais
dos anjos caídos sem a intervenção divina. E essa misericórdia e intervenção
têm um Nome – Jesus Cristo! Aquele pobre pecador contaminado com a filosofia
satânica de vida a parte de Deus (Gn 3:4), disseminada na época pelos próprios
líderes da religião judaica através da salvação pelas obras, pela descendência abraâmica,
precisava entender que “ninguém [humano]
é bom senão um, que é Deus”! Propositalmente Jesus mencionou os mandamentos da
Lei menos obedecidos pelos fariseus: o 6°, 7°, 8°, 9° e 5° – nesta ordem – e sintetizou-os
com Lv 19:18: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Guardar o sábado, não orar a imagens de escultura de nada
valem se maltratamos o próximo! (Tg 2:10) Ou seja, o “bom Mestre” estava demonstrando
que o obedecer a Deus não era um costume do povo
escolhido e ainda assim criam em méritos pessoais perante Deus! No entanto
o judeuzinho argumentou que fazia
tudo certo ao que Jesus contra-argumentou: “prove que você ama ao próximo
vendendo tudo e dando o respectivo valor aos pobres. Prove que você ama a Deus
Me seguindo!” (Compare com Mt 19:21) Observe que:
a) Se Jesus não fosse Deus certamente estaria cometendo
o pecado da exaltação própria ao ordenar àquele pecador que O seguisse como se
segue a Deus – por inteiro!
b) Ao ordenar ao “homem de posição” que O seguisse
estava respondendo a pergunta introdutória do diálogo com a resposta: “Eu sou a
vida eterna” ou pelo menos “Siga-Me e terás a vida eterna”!
c) Ao ordenar ao pecador que O seguisse, o “bom Mestre”
estava assumindo a posição de não humano, pois, há poucos instantes declarara: “ninguém
é bom senão um, que é Deus”; logo, Ele afirmou ser divino, pois era “bom” o
suficiente para fazer o pecador “alcançar” ou “herdar a vida eterna”, mas ao
mesmo tempo também era humano, pois havia Se incluído na sentença “ninguém é
bom senão um, que é Deus”! Cristo afirmou naturalmente que precisava tanto de
Deus como qualquer outro ser humano
para ser “bom” e simultaneamente assegurou que podia salvar um pecador,
guiando-lhe os passos! (Veja também Jo 14:6 e 11,12)
Conclusão Cristo era (e é) Deus-Homem. Qualquer outra inferência
nos leva a contradizer o raciocínio do próprio Cristo! Quando Ele afirmou que
Deus somente era “perfeito e completo”, Ele Se incluiu. Veja você mesmo em sua
Bíblia. Ele não disse: “só o Pai é bom” ou “só o Espírito Santo é bom”. Ele
asseverou: “só Deus é bom”! E o Deus bíblico, o Criador, Mantenedor e Redentor
é uma unidade indivisível composta por Três pessoas divinas. Por outro lado,
não é errado chamar Deus Pai, Deus Jesus e Deus Espírito, uma vez que os
próprios autores das Escrituras o fazem:
I)
Deus Pai: “Subo
para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus
e vosso Deu” (Jo 20:17).
II)
Deus Jesus: “deles
descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!” (Rm 9:5). E olha que quem
escreveu isso já havia sido um dos piores arianos, antitrinitarianos que já
pisaram na terra!
III)
“Então disse
Pedro: ... mentisses ao Espírito Santo... . Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5:3,4).
Afinal,
como Deus morreria se não Se tornasse criatura?
Contudo, como Deus poderia salvar se deixasse de ser Deus? O “descendente” da
mulher (Gn 3:15) humildemente assumiu uma existência inferior a do Deus (trino)
para morrer por Seus próprios filhos. Viveu como homem salvo pela graça divina e
morreu como homem perdido (Mt 27:46) para que pudéssemos escolher nosso próprio
destino! Ele não se envergonhou de nos chamar irmãos (Hb 2:11), nem de chamar
Deus de Pai! Certamente Ele não Se sente mau, até hoje, de ser o “Deus singular”
(Jo 1:18). Porém, como poderá salvar um pecador que se recuse a segui-Lo? O “Autor
da vida” (Nm 27:16 e At 3:15), o Todo-poderoso JAVÉ “EU SOU” (Jo 8:58 e Êx 3:14)
– Jesus, o Cristo – lhe convida a invocar o único Nome que pode salvar um
pecador, o Seu próprio Nome: JAVÉ, Jesus! (At 4:12, 5:41, Rm 10:13 e Jl 2:32) Hendrickson Rogers.