Preocupa-me
muito o costume de tornar o culto na Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) o
único serviço prestado a Deus. Se pelo menos a vida, o caráter, as famílias
fossem transformadas por meio disto (o que seria um contrassenso conforme João
15:5), eu poderia me aquietar! Mas a realidade das igrejas (aquelas que visito
e tenho pessoas conhecidas) apresenta o oposto disso daí. Parece que a adoração a Deus
se transformou em momentos ou em cultos, somente. Nada que ver com estilo de
vida santo e esforço para influenciar pessoas com o Evangelho. Reuniões,
eventos e escalas consomem a vida de muitos, mas o fruto do Espírito, Seu
poder... onde estão?! Onde está o conhecimento prático da Bíblia em nosso dia a
dia, em nossas famílias? A salvação é isso – freqüentar a igreja, marcar
presença nas reuniões, sem evidenciar caráter santo e amor pelas almas??
O
Senhor Espírito tem uma opinião sobre tudo isto: “Tornar-se um batalhador,
prosseguir pacientemente na prática do bem que requer esforço abnegado, é uma
tarefa gloriosa, sobre a qual o Céu dispensa seu sorriso. O trabalho fiel é
mais aceitável a Deus do que o zeloso culto revestido da mais pretensa santidade.
O verdadeiro culto é o trabalho junto com Cristo. Orações, exortação e
palestras são frutos baratos, frequentemente entrelaçados; mas os frutos que se
manifestam em obras, no cuidado dos necessitados, dos órfãos e das viúvas são
frutos genuínos, e produzem-se naturalmente na boa árvore” (Testemunhos para a
Igreja v.2, p. 24).
E
para quem aponta as boas obras dos irmãos espíritas para justificar sua apatia,
seu secularismo e a sua ausência de boas obras, Tiago refuta: “De que adianta,
meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode
salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de
cada dia e um de vocês lhe disser: ‘Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até
satisfazer-se’, sem porém lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé,
por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá:
"Você tem fé; eu tenho obras". Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe
mostrarei a minha fé pelas obras” (2:14-18, NVI). Concluí-se, portanto, que “a religião
que Deus, o nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e
das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (1:27,
NVI).
Quando
Jesus voltar, me parece que Ele não vai perguntar sobre nossa frequencia aos
cultos, mas sobre o que fizemos com nosso tempo e recursos dados por Ele, ou
seja, sobre o que fazíamos fora da igreja! “Quando o Filho do homem vier em sua
glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas
as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o
pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os
bodes à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita:
‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi
preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de
comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me
acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês
cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. Então os justos lhe
responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede
e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou
necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos
te visitar?’ O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a
algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’” (Mt 25:31-40).
A
IASD nasceu da profecia bíblica de Ap 14:6 e 7 “tendo um evangelho eterno para
pregar aos que se assentam sobre a terra”. Contudo, muitos estão “assentados”
sobre os bancos e as cadeiras (inclusive as da plataforma!) e poucos revelam
ter o evangelho para “pregar”. Como alçar a voz bem alto e pedir “temei a Deus
e dai-Lhe glória”? Como ordenar “adorai Aquele que fez o céu e a terra”? Dentro
das igrejas apenas?
Estamos
tão acostumados aos departamentos (ou a ter uma visão equivocada deles) que
colocamos nossas responsabilidades sobre seus representantes: o pastor cuida do
distrito, o ancião da igreja local, o Ministério Pessoal dos amigos visitantes,
o JA dos jovens, o tesoureiro da manutenção e por aí vai. E parece que minha
parte é ir ao culto e só! O resultado é sombrio: desconhecimento prático do Evangelho,
atraso no (e até ausência de) crescimento espiritual, mundanismo dentro dos
templos, ausência de amor e unidade, e conformidade com tudo isto!
Já
passou da hora de sermos adoradores “em espírito e em verdade” (Jo 4:23).
Estamos atrasados demais para declararmos “pois é chegada a hora de Seu juízo”
(Ap 14:7), caso façamos parte da classe que está “assentada” e não da que está “voando
pelo meio do céu”! (verso 6)
Solução: adorar a Deus em casa, na privacidade do lar!
Tornar isto a primeira e inadiável tarefa de cada dia. O Senhor Espírito nos
mudará e influenciaremos a outros, primeiro os de casa (I Tm 5:8). Não
deixaremos de congregar (Hb 10:25), mas esta não será nossa única contribuição
para a salvação de outros. Nossa vida de oração, nossa agenda de oração
existirão em nossa família por meio dos horários marcados para conversar com
Jesus e interceder por aqueles que planejadamente estamos influenciando! Andaremos
orando e oraremos andando! Por onde passarmos elevaremos preces por aqueles que
vemos, criaremos oportunidades raciocinadas (não casuais, não coincidência,
isto não existe para quem adora com seu “espírito”, seu raciocínio comprometido
com o Espírito!). E a oração nos levará a ação – folhetos, cestas básicas e
amizades! A verdade estará em nossos lábios como nossa saliva! A verdade estará
em nossas refeições, nosso vestuário, nossas conversações, nosso silêncio,
nossos negócios, nas relações marido e esposa, pai e filho, patrão e empregado,
líder e liderado!
Seremos
o remanescente da mulher de Apocalipse 12:17 quando continuarmos o que a “mulher”,
a igreja dos apóstolos, do livro de Atos (leia por favor At 2:42-47) começou!
Aí os cultos se misturarão com a adoração bíblica. Os pastores conhecerão suas
ovelhas e estas amarão seus pastores. Haverá milagres onde hoje vemos maus
testemunhos. Aí o Senhor Jesus terá um povo para levar ao Céu!
Eu
creio piamente que tal povo exista, mas em número tão pequeno e ao lado de tão
grande multidão de membros batizados (nada
mais que isto) que “a glória de Deus” não chega a “encher a Terra” como os
profetas predisseram que acontecerá um dia! (Ap 18:1; Is 11:9 e 40:5; e Hc 2:14)
“Alegremo-nos,
exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja
esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho
finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de
justiça dos santos” (Ap 19: 7 e 8). “Pois somos feitura dele, criados em Cristo
Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos
nelas” (Ef 2:10). Quando cada membro da IASD apresentar essas obras, não apenas
alguns membros, então esta igreja se tornará o remanescente fiel. Até lá, o
destino dos judeus, dos “descendentes de Abraão” nos encarará!
O
Pai procura Seu adoradores legítimos (Jo 4:23) e Ele os achará quer eu esteja
entre eles ou não. Mas como Ele, que tanto me ama, ficará satisfeito em me
encontrar entre eles!
Precisamos
como um povo dos “atos de justiça dos santos”. Pretendemos ter a verdade, mencionamos
a graça e a justiça de Deus, mas e nossa resposta a tudo isto? Cultos e mais
cultos? Certamente essa adoração é algo que agrada mais a quem a faz do que
Aquele a quem pretendem adorar...
“Grite
alto, não se contenha! Levante a voz como trombeta. Anuncie ao meu povo a
rebelião dele, e à comunidade de Jacó, os seus pecados. Pois dia a dia me procuram; parecem desejosos de
conhecer os meus caminhos, como se fossem uma nação que faz o que é direito e
que não abandonou os mandamentos do seu Deus. Pedem-me decisões justas e
parecem desejosos de que Deus se aproxime deles. ‘Por que jejuamos’, dizem, ‘e
não o viste? Por que nos humilhamos, e não reparaste?’ Contudo, no dia do seu
jejum vocês fazem o que é do agrado de
vocês, e exploram os seus empregados. O jejum que desejo não é este: soltar
as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os
oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar
o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao
próximo? Se com renúncia própria você
beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz
despontará nas trevas, e a sua noite será como o meio-dia.” (Is 58:1-3, 6, 7 e 10, NVI)
Minha
escolha é renunciar o que me agrada, beneficiar os necessitados e assim, com o incenso
de Jesus Cristo, oferecer a Deus a adoração bíblica. E a sua? (Hendrickson
Rogers)
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