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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O novo nascimento e a predestinação


(A versão bíblica usada é a Almeida Revista e Atualizada. Outras versões serão indicadas).

“Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1:12,13).

Como criacionista bíblico posso perceber que o maior sonho de Deus, desde sempre, é ter filhos! E João, o discípulo evangelista, descreve essa ideologia divina comparando-a a um nascimento – um ser humano que se torna filho de Deus não nasceu “do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Sim, Deus deseja que nós seres humanos sejamos deuses juniores, filhos legítimos dEle, nascidos literalmente dEle, pelo Seu poder!

O ser humano, pecador como todos somos, não nasce como filho de Deus, embora todos venhamos à existência pela Sua criação e não espontaneamente ou casualmente. Tornar-se filho de Deus é uma escolha de Deus para todos, mas não aceita por todos! “Muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” (Mt 22:14). “Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos” (I Tm 2:3-6). “Assim como nos escolheu, Nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo” (Ef 1:4,5).

Deus predestinou a humanidade desde Seu primeiro filho, Adão (cf. Lc 3:38), “para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo”! Em outras palavras, é vontade declarada e assumida da Divindade que todos os descendentes de Adão e Eva fossem adotados por Deus através de Jesus Cristo, o “Filho único de Deus” (cf. Jo 3:16). O Criador deu à luz o primeiro casal, mas os dois escolheram outro pai e rejeitaram a paternidade de Deus sobre si, tirando filosoficamente sua filiação divina. Uso o termo filosoficamente, pois a criatura pode negar o Criador, mas não pode mudar, apagar, nem mesmo alterar o que o Criador fez, de modo que é impossível para o ser humano impedir que Deus seja seu Criador, seu Pai!

Entretanto, educado e misericordioso como só Ele, Deus Se submete às filosofias humanas e disse – “Ok! Vocês podem se convencer de que não são Meus filhos. Então, vou tentar adotá-los como Meus filhos! Vou me tornar Criatura, vou ser humano, porém como isso não afeta nem um pouquinho minha divindade, vou também filiá-los a Mim ‘novamente’. Quero dizer, pra Mim vocês ainda são Meus filhos, mas como vocês negam, Me tornarei um filho de Mim mesmo e com o Meu poder dissuadirei alguns de vocês! E aqueles que escolherem esse Meu filho (que Sou Eu mesmo) como seu único Mestre, seu único Guia, seu único Deus, seu único Salvador, seu único Pai serão ‘adotados’ por Ele para Mim, ou simplesmente por Mim!”

Assim, tornar-se filho de Deus, por causa do pecado e todas as suas várias implicações, por causa de nossas escolhas e preferências carnais, passou a ser uma resposta positiva nossa à vontade de Deus, ao Seu plano de redenção da humanidade caída. Mais que isso, “por meio da fé em Cristo Jesus, todos vocês são filhos de Deus. Porque vocês foram batizados para ficarem unidos com Cristo e assim se revestiram com as qualidades do próprio Cristo. Desse modo não existe diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus. E, já que vocês pertencem a Cristo, então são descendentes de Abraão e receberão aquilo que Deus prometeu.” (Gl 3:26-29, NTLH). Já que nossa própria natureza pecaminosa rejeita Deus como nosso Criador e Pai, já que nos tornamos quase completamente diferentes de nosso Pai legítimo, Ele nos oferece uma solução – um novo nascimento pela fé em Jesus!

O batismo deve marcar essa transição. O batismo deve ser nossa resposta positiva à solução divina para o problema das filosofias humanas ateístas. O próprio Deus diz isso: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3:5,6).

Observe, porém, que, o batismo não é a bênção maior, não é um fim em si mesmo, mas um meio para a bênção maior. Não é o submergir na água por alguns segundos que gera o novo nascimento. Também não é a crença que após o mergulho nos tornamos filhos de Deus que faz com que sejamos filhos de Deus! Um bebê não está vivo só por que sai do útero da mamãe. Após o parto, o recém-nascido estará vivo tão somente se o fôlego estiver dentro dele! O parto não possui garantias inerentes. Só Deus pode garantir alguma coisa quando o assunto é nascimento!


“Porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes” (Gl 3:27). Esse é o sinal de que o parto espiritual foi bem sucedido! O batismo em si mesmo não necessariamente é sinal de novo nascimento. Ser revestido de Cristo é o mesmo que nascer do Espírito: “revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm 13:14). (“Revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne”, NVI). Hendrickson Rogers

Segunda parte desta pesquisa AQUI.

domingo, 30 de setembro de 2012

Análise histórico-teológica de Mateus 28:19


INTRODUÇÃO Atualmente têm surgido no meio cristão alguns críticos da Bíblia com ideias as mais incomuns. Entre estas se encontra a de que Mateus 28:19 não é autêntico, mas uma adulteração feita pela Igreja Católica. O presente artigo visa combater esta ideia fazendo uma análise dentro da história, da teologia, dos pais da igreja e de códices antigos para se chegar a uma conclusão confiável e séria acerca do assunto.

            Algumas perguntas surgem naturalmente quando este tema é apresentado:


1.    Mateus 28:19 é autêntico?



2.    Existe referências às três pessoas da Trindade antes do concílio de Nicéia em 325 d.C.?



3.    A palavra Trindade somente foi criada pelo papa no concílio de Nicéia?

1.0   Análise de manuscritos 

O texto de Mateus 28:19 consta nos melhores e mais antigos manuscritos do NT, tanto nos chamados “maiúsculos” (unciais) como nos “minúsculos”.[1] Se houvesse ao menos um texto antigo confiável em que a fórmula de Mateus 28:19 não aparecesse poderia se levantar a hipótese de que sua origem era duvidável. Este, porém, não é o caso.

A fórmula trinitária também encontra-se no manuscrito mais importante produzido no Egito, o álef (a) ou 01 (Códice Sinaítico) o que desqualifica qualquer suposição de que tenha sido fruto de adulteração do texto, visto que hoje é considerado um dos mais fidedignos aos originais: “O Códice sinaítico (álefe) é o manuscrito grego do século IV considerado em geral a testemunha mais importante do texto, por causa de sua antiguidade, exatidão e inexistência de omissões.”[2]



A fórmula trinitária já era conhecida na Síria, ambiente onde se teria originado o evangelho de Mateus, antes do ano 100 d.C.[3] Aliás, embora a Peshita não seja a mais importante fonte para a pesquisa do texto original da Bíblia, a frase “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” encontra-se também no texto da Peshita, editada pela Sociedade de Pesquisa das Escrituras Aramaicas em Israel e publicada pela Sociedade Bíblica em Jerusalém.[4]



A seguir, apresentar-se-á fotos de manuscritos Unciais onde a fórmula de Mateus 28:19 está presente:



   

CÓDICE SINAÍTICUS
            





CÓDICE WHASHINGTONIANO



CÓDICE ALEXANDRINUS DO V SÉCULO E SEGUE O BIZANTINO DO SÉC. III.

 



CÓDICE VATICANUS DO IV SÉCULO E SEGUE O TEXTO ALEXANDRINO DO SÉC. II



 



1.1  Mateus 28:19 –  versões antigas



1.    Texto Ocidental: II Séc.



2.    Texto Alexandrino: II Séc.



3.    Texto Cesareense: III Séc.



4.    Siríaco Peshita: II Séc.



5.    Diatessaron: 160 d.C., autor: Taciano



6.    Siríaco Antigo: Mais antiga que Peshita e existe nos manuscritos sinaítico e curetoniano.



1.2 Mateus 28:19 –  textos latinos



1.    LATIM ANTIGO: Esta denominação é para distinguir dos manuscritos posteriores, como os da Vulgata. Estes manuscritos já existiam ao final do II séc. d.C. Suas traduções são da LXX e chegaram até nós muito fragmentadas; tem duas tradições: Africana, Européia; foi produzida no II Séc. e é anterior ao Textus Receptus.




1.3  Mateus 28:19 –  versões coptas




COPTA (egípcio). São quatro as versões do Antigo Testamento nesta língua:



1.    A saídica ou tebaica foi preparada no século II d.C., no sul do Egito, com base na LXX.



2.    A Boárica ou Menfítica, no século IV d.C., no norte do Egito.



3.    A Fayúmica .



4.    Akhmímica: Com poucos fragmentos, conhece-se também as versões.



2.0   Fontes históricas e Pais da Igreja



A seguir ver-se-á algumas fontes históricas, entre outras, que demonstram a existência e uso da fórmula trinitária muito antes do século IV:



2.1 Fonte Histórica



2.1.1   A Didaquê (70-150 d.C.). A fórmula batismal, conforme prescrita em Mateus 28:19, aparece nesta obra, conhecida também como O ensino dos doze apóstolos. Ela foi escrita na forma de uma carta circular às igrejas cristãs na província romana da Síria perto da virada do primeiro século de nossa era. Alguns estudiosos sugerem uma data mais antiga que faria da obra o primeiro escrito cristão até hoje existente além do Novo Testamento”.[5]



“Quanto ao batismo, batizareis na forma seguinte: tendo antecipadamente disposto todas as coisas, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, em água viva, se não houver água viva batizai em outra água; se não puderdes em água fria, batizai em água quente. Se não tiverdes nem uma nem outra, derramai água na cabeça três vezes em o nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (70-150 d.C.)[6]



Mateus e a Didaquê são idênticos. Evidenciam que o batismo trinitário acontecia no primeiro século d.C.:



Mateus: βαπτίζοντες αὐτοὺς εἰς τὸ ὄνομα



Tradução: em nome.



Didaquê: βαπτίσατε εἰς τὸ ὄνομα



Tradução: em nome.



Mateus: τοῦ πατρὸς καὶ τοῦ υἱοῦ καὶ τοῦ ἁγίουπνεύματος.



Tradução: do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.



Didaquê: τοῦ πατρὸς καὶ τοῦ υἱοῦ καὶ τοῦ ἁγίουπνεύματος.



Tradução: do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.



Pai, Filho e Espírito Santo estão no batismo do próprio Jesus. Isto favorece a associação e paralelo com Mateus 28:19. A tríplice presença não é um elemento novo no evangelho e nem nas epístolas Paulinas e em Pedro (2Co 13:13; 1Co 12:4–6; cf. 1Co 6:11; Gl 4:6; 1Pe 1:2).



2.2 Pais da Igreja



2.2.1   Clemente de Alexandria (Egito, 150-215 d.C.) também utilizava a fórmula trinitária. A Didaquê desfrutava de tal prestígio na igreja cristã primitiva que Clemente a considerava uma autoridade apostólica e a citava como “Escritura”.[7]






2.2.2   Justino, o mártir (100-162 d.C.) foi morto por defender o monoteísmo triúno cristão : "um só Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo"[8] em oposição ao politeísmo pagão, e por isso foi martirizado exatamente em Roma que ainda era pagã. Justino foi contemporâneo de Policarpo, discípulo do apóstolo João, também escreveu vários livros, dos quais somente três obras apologéticas subsistiram. Ele escreveu:



“Então eles são trazidos por nós onde há água, e são regenerados da mesma maneira na qual nós fomos regenerados. No nome de Deus, o Pai eSenhor do universo, e de nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo, eles o recebem lavando com água então.”[9] (ano 100-162 d.C. grifo suprido).



No capítulo LXV da mesma obra, é dito:



“Depois de termos lavado desta maneira (batizado) aquele que se converteu e deu o consentimento seu, o conduzimos aos irmãos reunidos para em comum oferecer orações por nós mesmos [...] Ao terminar as orações, mutuamente nos saudamos com o ósculo de paz e, logo, traz-se ao presidente o pão e um cálice de vinho com água. Ele os recebe, oferecendo-osao Pai de todas as coisas num tributo de louvores e glorificações, em nome do Filho e do Espírito Santo, dando graças por sermos considerados dignos de tamanhos favores de sua clemência”[10] (Ano 100 a 163 d.C, grifo suprido) 
           



2.2.3   Irineu, bispo de Lião (França, 125-202 d.C.), foi instruído em sua juventude por Policarpo de Esmirna, discípulo do apóstolo João. Escreveu um pequeno manual de doutrinas cristãs denominado Demonstração da Pregação Apostólica, conhecido também como Epideixis. Irineu morreu em Lião durante um massacre de cristãos em 202 d.C.[11] Em seu pequeno manual, no artigo 3, ele escreveu:




“Agora a fé ocasiona isto para nós; como os Anciãos, os discípulos dos Apóstolos, nos passaram. Em primeiro lugar é licito ter em mente que nós recebemos o batismopara a remissão de pecados, no nome de Deus o Pai, e no nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus que foi encarnado e morreu e subiu novamente, e no Espírito Santo de Deus.”[12] (grifo suprido)




2.2.4   Tertuliano (África, c.150-212 d.C.) também indica a tríplice fórmula batismal como utilizada para o exame dos candidatos ao batismo em seus dias.[13]




Outros líderes cristãos mantinham o pensamento sobre a Trindade bem antes do IV século. A palavra Trindade também foi usada por Tertuliano em seus dias, sem nem mesmo tratar do tema da Divindade, portanto, tanto a noção como a palavra já existiam antes do concílio de Nicéia. Estes fatos e documentos mostram o uso da fórmula batismal, com as três pessoas da Trindade, bem próxima à época dos apóstolos, conforme a ordem dada por Cristo em Mateus 28:19, o que dificulta a afirmação de que seria uma tradição posterior, originada no III ou IV século.


CONCLUSÃO


Dizer que Mateus 28:19 é fruto de adulterações da ICAR, é no mínimo falta de conhecimento histórico, teológico e de manuscritos antigos. Portanto:


1. A Bíblia registra de forma confiável o batismo trinitário. 


2. A fórmula trinitária encontra-se nos mais antigos documentos cristãos, antes do quarto século.



3. A fórmula encontra-se inclusive na tradução aramaica da Peshita.



            Pode-se até concluir com um dito popular: “o pior cego é aquele que não quer enxergar”.


Fonte: Demóstenes. Adaptado por Eleazar Domini.




[1] ALAND, K. et all., The text of the New Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1994. p. xi-liii.
[2] GEISLER, M.; NIX, W. Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós. SP: Vida, 2003, p. 142.
[3] Idem.
[4] The New Covenant Commonly Called The New Testament – Peshita Aramaic Text with a Hebrew Translation. Edited by The Aramaic Scriptures Research Society in Israel. Jerusalém: The Bible Society, 1986, p. 42, 43.
[5] OLSON, R. E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Editora Vida, 2001, p. 43.
[6] Didaquê, 7. In: BETTENSON, H. Documentos da igreja cristã. São Paulo: ASTE, s/d. p. 101 (Grifo nosso).
[7] Pelikan and Hotchkiss, Creeds and Confession of Faith in the Christian Tradition, Yale University Press, New Haven and London, vol. 1, 2003, p. 43.
[8] Idem.
[9] JUSTINO MÁRTIR, Apologia I LXI (grifo nosso). Cf.  ‍Justino Apol.1,61.3: Também em 61.10 e 13. Citado em: NIEDERWIMMER, K.; ATTRIDGE, H. W. The Didache: A commentary. Facsim. on lining papers. Hermeneia: a critical and historical commentary on the Bible. Minneapolis: Fortress Press, 1998, p. 126.
[10] JUSTINO MÁRTIR, Apologia I, LXV. In: BETTENSON, H. Documentos da igreja cristã. São Paulo: ASTE, s/d. p. 103 (Grifo nosso).
[11] OLSON, R. E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Editora Vida, 2001, p. 67-69.
[12] IRINEU, Proof of the Apostolic Preaching, p. 3.
[13] DAVIES, W. D.; ALLISON, D. C. A critical and Exegetical commentary on the gospel according to saint Mathew. VOL 3. Edinburgh: T & T Clark, 1961, p. 685 (nota 46).

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