quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Cronologia da historicidade da doutrina bíblica da Trindade - 9ª parte

Século 12
Esse foco sobre a compreensão e a contemplação de Deus prossegue até o século 12, quando o mundo de fala latina redescobriu os escritos de Aristóteles, e a Europa se volveu para um estudo mais cognitivo e empírico da teologia e do mundo. Dois dentre os teólogos escolásticos que seguiram a filosofia teológica platônica de Agostinho, mas também incorporaram a nova teologia empírica sob a influência de Aristóteles, foram Boaventura e Tomás de Aquino.
Século 13
Boaventura nasceu em 1217 e gastou a maior parte de sua vida em conexão com a Universidade de Paris, a mais importante instituição da teologia escolástica daquele tempo. Recebeu o grau de Doutor em Teologia, uniu-se aos franciscanos e em 1257 tornou-se o sétimo ministro da ordem de São Francisco de Assis. Agostinho e Francisco influenciaram profundamente a teologia de Boaventura, a qual, dessa forma, era profundamente espiritual! Enquanto em Paris, Boaventura escreveu um livro intitulado “Questões Controversas Sobre o Mistério da Trindade” e mais tarde outro com o título Itinerarium (ou “A Jornada da Mente até Deus”). Para ele, o nível mais elevado da mente humana pode ser alcançado quando nos absorvemos na comunicação entre as Três Pessoas de um só Deus. Em dois dos seis passos apresentados neste último livro para se conhecer a Deus e entrar em união com Ele, Boaventura toma emprestado de Agostinho a visão de que, uma das formas pelas quais o ser humano pode conhecer a Deus é examinando a imagem Dele em nós mesmos. Boaventura, assim como Agostinho, vê essa imagem como triúna, argumentando que a alma humana possui três componentes – memória, intelecto e vontade – dentro de uma só alma. Os três aspectos correspondem ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo em um único Deus. Daí ele usa algo não explorado por Agostinho – o modo como o intelecto e a vontade surgem da memória como ilustração da progressão do Filho e do Espírito Santo a partir do Pai. Através de paralelos um tanto complexos, como este, Boaventura, tal como ocorrera com Agostinho, vê a progressão do Filho e do Espírito Santo como parte integral da doutrina da Trindade, o que vai de encontro às Escrituras. Quanto à sua semelhança com Francisco de Assis, no prólogo do mesmo livro, ele relata que encontrou inspiração para o livro e para a estrutura de seis passo na visão de Francisco, na qual este vira o serafim de seis asas, de Isaías, na forma do Crucificado. Cada asa do serafim representava um dos passos da contemplação de Deus, e cada par de asas simbolizava uma das pessoas da Trindade. Boaventura estruturou toda a sua obra em torno do número três, utilizando tríades e tríades de tríades. O autor apresenta praticamente cada peça de informação em três partes, e praticamente toda descrição vem com três adjetivos. Dessa forma, as próprias palavras do livro ilustram o três em um da Trindade.

Tomás de Aquino, embora talvez tenha sido o mais empírico dos teólogos escolásticos do século 13, também compreendeu algo da impossibilidade de verdadeiramente “conhecer” a Deus, que Agostinho expressara ao final de sua própria busca espiritual. Aquino baseou em Agostinho tanto a sua abordagem teológica quanto sua compreensão da Trindade! Em sua “Suma Teológica”, tentou demonstrar, por meios inteiramente empíricos, como a razão humana pode desenvolver uma teologia natural, paralela à que encontramos nas Escrituras reveladas. Durante sua tentativa de entender racionalmente a Deus, Aquino investigou questões a respeito das características de Deus a partir de muitos diferentes ângulos. Com respeito à eternidade de Deus, por exemplo, suas inquirições o levaram a conclui que somente Deus é verdadeiramente eterno. Concernente à onisciência de Deus, Aquino decidiu que unicamente Deus conhece todas as coisas, poies Ele é eterno, e somente alguém eterno pode conhecer todas as coisas. Por outro lado, mesmo um correto encadeamento lógico não escapa de uma contradição dentro deste tema – “se Deus é eterno e onisciente, pode Ele conhecer a Si mesmo completamente?” Aquino chegou, uma vez mais, à realidade de que, quando discutimos o que podemos conhecer a respeito de Deus, sempre restarão questões que não poderemos responder! Seu verdadeiro ser continua um mistério para nós.
Pesquisa baseada no livro "A Trindade" de Woodrow Whidden, Jerry Moon e John W. Reeve. Ela está em construção. Aguardem sua conclusão! (Hendrickson Rogers)

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