Algumas Bíblias da SBB (nem todas), como a versão RA 2ª Edição, trazem a seguinte explicação: “Essas passagens [entre colchetes] não se encontraram no texto grego adotado pela Comissão Revisora, mas haviam sido incluídas por Almeida com base no texto grego disponível na época”. Quanto à questão de essas passagens serem ou não inspiradas... vejamos: Se não são inspiradas são apócrifas, certo? Mas, se são apócrifas por que estão presentes no Cânone Sagrado? E quais os critérios usados para a formação desse Cânone, já que existem vários outros textos e livros que não fazem parte dele? A questão de quais livros pertencem à Bíblia é chamada de questão canônica. A palavra cânon significa régua, vara de medir, regra, e, em relação à Bíblia, refere-se à coleção de livros que passaram pelo teste de autenticidade e autoridade. Significa ainda que esses livros são nossa regra de fé e vida. Os Testes de Canonicidade: Em primeiro lugar é importante lembrarmos que certos livros já eram canônicos antes de qualquer teste lhes ser aplicado. Isto é como dizer que alguns alunos são inteligentes antes mesmo de se aplicar neles qualquer prova. Os testes apenas provam aquilo que já existe. Os diversos concílios eclesiásticos reconheceram certos livros como sendo a Palavra de Deus e, com o passar do tempo, aqueles assim reconhecidos e profundamente analisados quanto á sua coerência e autenticidade, foram colecionados para formar o que hoje chamamos Bíblia. Alguns testes ocorreram ao longo dos séculos: (1) Havia o teste da autoridade do escritor. Em relação ao Antigo Testamento, isto significava a autoridade do legislador, ou do profeta, ou do líder em Israel. No caso do Novo Testamento, o livro deveria ter sido escrito ou influenciado por um apóstolo para ser reconhecido. Em outras palavras, deveria ter a assinatura ou a aprovação de um apóstolo. Pedro, por exemplo, apoiou a Marcos, e Paulo a Lucas. (2) Os próprios livros deveriam dar alguma prova intrínseca de seu caráter peculiar, inspirado e autorizado por Deus. Seu conteúdo deveria se demonstrar ao leitor como algo diferente de qualquer outro livro, por comunicar a revelação de Deus. (3) O veredito das igrejas quanto à natureza canônica dos livros era importante. Na verdade, houve uma surpreendente unanimidade entre as primeiras igrejas quanto aos livros que mereciam lugar entre os inspirados. Embora seja fato que alguns livros bíblicos tenham sido recusados ou questionados por uma minoria, nenhum livro da Bíblia, cuja autenticidade tenha sido questionada por um grande número de igrejas, veio a ser aceito posteriormente como parte do cânon. O cânon da Escritura estava-se formando, é claro, à medida que cada livro era escrito, e completou-se quando o último livro foi terminado. Quando falamos da "formação" do cânon estamos realmente falando do reconhecimento dos livros canônicos. Esse processo levou algum tempo. Alguns estudiosos afirmam que todos os livros do Antigo Testamento já haviam sido colecionados e reconhecidos por Esdras, no quinto século a.C. As referências nos escritos do historiador Flávio Josefo (95 A.D.) indicam a extensão do cânon do Antigo Testamento como sendo os 39 livros que conhecemos e aceitamos hoje. Quando Jesus acusou os escribas de serem culpados da morte de todos os profetas que Deus enviara a Israel, desde Abel até Zacarias (Lc11:51), Ele, desta forma, delimitou o que considerava ser a extensão dos livros canônicos. O relato da morte de Abel está no primeiro livro, Gênesis; o da morte de Zacarias se acha em II Crônicas, que é o último livro da disposição da Bíblia hebraica (em lugar do nosso Malaquias). Assim sendo, é como se Jesus tivesse dito: "A culpa de vocês está registrada em toda a Bíblia, de Gênesis a Malaquias". (É interessante que Jesus nunca fez referência a nenhum dos textos ou livros chamados apócrifos, que já existiam em seu tempo, uma vez que os fatos neles relatados ocorreram no período intertestamentário, quase 200 anos antes de Seu nascimento). O primeiro concílio eclesiástico a reconhecer todos os 27 livros do Novo Testamento foi o Concílio de Cartago, em 397 A.D. Alguns livros do Novo Testamento, individualmente, já haviam sido reconhecidos como canônicos muito antes disso (II Ped. 3:16 e I Tim. 5:18), e a maioria deles foi aceita como canônicos no século posterior ao dos apóstolos, embora alguns como Hebreus, Tiago, II Pedro, II e III João e Judas tivessem sido debatidos durante algum tempo. A seleção do cânon sagrado foi um processo que continuou até que cada livro provasse o seu valor, passando pelos testes de canonicidade. Os 12 livros chamados apócrifos do Antigo Testamento jamais foram aceitos pelos judeus ou por Jesus. Eles eram respeitados, mas não foram considerados como Escritura. Eles chegaram a ser incluídos na tradução grega chamada Septuaginta, produzida quase 300 anos antes de Cristo. Jerônimo (420-340 a.C) fez uma distinção entre esses livros e os canônicos, chamando-os de eclesiásticos, e essa distinção acabou por conceder-lhes uma canonicidade secundária. Os Reformadores também os rejeitaram. Em algumas versões protestantes dos séculos XVI e XVII, os apócrifos foram colocados à parte. Os manuscritos originais do Antigo Testamento e suas primeiras cópias foram escritos em pergaminho ou papiro, desde o tempo de Moisés (1450 a.C.) e até o tempo de Malaquias (400 a.C.). Até a sensacional descoberta dos Rolos do Mar Morto, em 1947, não possuíamos cópias do Antigo Testamento anteriores a 895 A.D. A razão disto acontecer era a veneração quase supersticiosa que os judeus tinham pelo texto, e que os levava a enterrar as cópias, à medida que ficavam gastas demais para uso regular. Na verdade os tradicionalistas, ou massoretas, que acrescentaram os acentos e transcreveram a vocalização das palavras entre 600 e 950 A.D., padronizando em geral o texto do Antigo Testamento, engendraram maneiras sutis de preservar a exatidão das cópias que faziam. Verificavam cada página cuidadosamente, contando a letra média de cada página, livro e divisão. Devemos muito a estes religiosos detalhistas, em relação à veracidade do que hoje conhecemos. Quando os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos, trouxeram à luz um texto hebraico datado do segundo século a.C., com todos os livros do Antigo Testamento, menos o de Ester. Essa descoberta foi extremamente importante, pois forneceu um instrumento muito mais antigo para verificarmos a exatidão do Texto Massorético, que se mostrou extremamente exato. Outros instrumentos antigos de verificação do texto hebraico incluem a Septuaginta, os targuns aramaicos (paráfrases e citações do Antigo Testamento), citações em autores cristãos da antiguidade, a tradução latina de Jerônimo (a Vulgata, 400 A.D.), feita diretamente do texto hebraico corrente em sua época. Todas essas fontes nos oferecem dados que asseguram um texto extremamente exato do Antigo Testamento. (Perguntas & Respostas volume I, pp. 16 e 17)
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